Potenciais advers�rios do presidente Jair Bolsonaro em 2022, os governadores de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), e do Rio, Wilson Witzel (PSC), terminaram 2019 descolados da bandeira bolsonarista que os levou � vit�ria na elei��o e dispostos a trilhar estrat�gias que os tornem competitivos nacionalmente. Mas ambos enfrentam arranh�es, justamente na �rea que os aproxima do presidente: a seguran�a p�blica. Ex-juiz, Witzel viu seu governo bater o recorde de mortes provocadas pela pol�cia e Doria fechou o ano obrigado a afastar policiais ap�s o registro de nove mortes em um baile funk.
Ancorados na onda conservadora que marcou a disputa de 2018, ambos fizeram campanha endurecendo o discurso contra a criminalidade, mas, neste ano, apesar de reafirmarem suas pol�ticas na �rea, tentaram moderar suas posturas na tentativa de se contrapor ao governo federal.
Se t�m estrat�gias em comum, os comandantes dos principais governos estaduais diferem nas prioridades de gest�o e nas posi��es que ocupam dentro de seus partidos. Em seu segundo cargo executivo, Doria, que foi prefeito da capital paulista, governa com mais folga financeira e, por isso, pode projetar obras e a��es de f�lego. Al�m disso, exerce influ�ncia dentro do PSDB, sigla que tem maior alcance nacionalmente, se comparada ao PSC. Nesse contexto, a situa��o melhoraria para Witzel se o projeto que ele tem encampado, de fus�o entre PSL e PSC, sa�sse do papel, j� que o antigo partido de Bolsonaro tem a maior fatia do fundo partid�rio e de tempo de TV.
"Doria tem n�o s� S�o Paulo, mas bases em outros Estados. Ele est� � frente nessa luta", aponta o cientista pol�tico Paulo Ba�a, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Outro fator favorece o tucano, segundo o tamb�m analista Rodrigo Prando, do Mackenzie. "Ele montou um secretariado ministerial."
Entre os projetos que o tucano planeja desenvolver neste ano est�o obras prometidas por seu partido h� anos, como a Linha 6-Laranja do Metr� e o trecho Norte do Rodoanel. Ambas est�o paralisadas. Doria tamb�m deve iniciar um processo de privatiza��o da Sabesp, a companhia de �gua e saneamento do Estado, e de revis�o de contratos de concess�o de rodovias estaduais, que devem render bilh�es extras ao governo.
Situa��o diferente vive o Rio, que tenta sair de uma s�ria crise fiscal. Em 2020, com d�ficit or�ament�rio de R$ 10,7 bilh�es, Witzel buscar� a prorroga��o do Regime de Recupera��o Fiscal (RRF), que termina em setembro. O plano � prorrog�-lo por mais tr�s anos. J� na �rea da seguran�a, a meta �, sem abandonar a pol�tica de enfrentamento, apostar em a��es sociais nas favelas, com a retomada do projeto de Unidades de Pol�cia Pacificadora (UPPs).
Antagonismo
No discurso pol�tico, al�m de tentar se contrapor a ideais que regem o governo Bolsonaro, Witzel alicer�a seu antagonismo no m�todo de governar. Chamou o presidente de "despreparado" e tem declarado que o Planalto n�o sabe dialogar com os governadores. "A pauta dele � muito mais ideol�gica do que concreta", disse em um caf� com a imprensa.
"Witzel tem uma estrat�gia dupla. Ele mant�m o discurso que lhe deu a vit�ria para determinados grupos, uma base que o elegeu e que ele disputa com o Bolsonaro: a da seguran�a", diz Ba�a.
Enquanto Bolsonaro n�o tem um modelo de articula��o definido com o Congresso, tanto o governador fluminense como o paulista souberam jogar com a pol�tica tradicional nas respectivas Assembleias, e alcan�aram maioria. O balan�o do ano, no entanto, d� a Witzel uma marca indigesta at� mesmo para quem disse, na campanha, que a pol�cia tinha que "mirar na cabecinha": em sua gest�o, as mortes por interven��o policial bateram recorde no Estado. Foram 1.686 at� 30 de novembro, �ltimo n�mero dispon�vel no Instituto de Seguran�a P�blica (ISP). �quela altura, o n�mero j� havia sido o maior desde 1998, o in�cio da s�rie hist�rica.
J� Doria, que comemora queda nos �ndices de homic�dio e latroc�nio (mas n�o de estupro) em 2019, teve de lidar, no �ltimo m�s do ano, com uma crise que o projetou nacionalmente, mas de forma negativa. Durante a��o policial em Parais�polis, a segunda maior favela da capital, nove jovens que participavam de um baile funk morreram asfixiados em vielas fugindo da pol�cia. A divulga��o de imagens mostrando viol�ncia por parte dos agentes complicou mais a situa��o do tucano, que se viu obrigado a recuar de uma postura inicial de aprova��o � conduta policial para ordenar o afastamento de 38 Pms.
Mas, no geral, segundo Prando, Doria teve mais pontos positivos que negativos. Entre eles, o analista destaca as movimenta��es no campo da economia e das rela��es internacionais. "� mais um recado que ele manda a Bolsonaro e ao governo federal."
Leite e Dino correm por fora
Dois governadores que atuam fora do eixo Rio-S�o Paulo, e em campos pol�ticos opostos, tamb�m v�m surgindo como poss�veis atores nas pr�ximas elei��es presidenciais. No fim do ano passado, o ga�cho Eduardo Leite (PSDB) se juntou � lista de governadores com pretens�es de disputar o Planalto em 2022. J� o maranhense Fl�vio Dino (PCdoB) tem chamado a aten��o de seu partido e, na semana passada, ainda recebeu uma sinaliza��o de que pode compor a chapa presidencial petista, como eventual candidato a vice.
Principal nome da juventude tucana, Leite, de 34 anos, tem se dedicado a pautas reformistas para recuperar o caixa do Estado, e conseguiu aprovar a reforma da previd�ncia estadual, o que, nos c�lculos do governo, pode ajudar a al�ar o governador a um posto de maior destaque na pol�tica. Leite, no entanto, tem um desafio extra para chegar ao posto de candidato � Presid�ncia: ter� de desbancar Jo�o Doria, hoje mais bem posicionado para ter o aval do PSDB para a disputa.
Principal nome da esquerda entre os governadores, Fl�vio Dino pode estrear na corrida presidencial como candidato ou vice. Na semana passada, o vice-presidente do PT, deputado Paulo Teixeira (SP), disse que ele ser� vice na chapa petista - Dino n�o respondeu.
No PT, no entanto, o nome de Rui Costa, governador da Bahia, n�o � descartado. Em discursos ap�s deixar a pris�o, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva j� citou mais de uma vez o nome de Costa como op��o petista para a disputa de 2022. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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