Rio – A Justi�a do estado do Rio determinou ontem que a Netflix tire do ar o especial de Natal feito pelo grupo humor�stico Porta dos Fundos. O grupo tamb�m est� proibido de autorizar a exibi��o do filme por qualquer meio. O descumprimento dessas ordens pode gerar multa de R$ 150 mil por dia de exibi��o do filme. A decis�o foi emitida “para acalmar �nimos”, justificou o desembargador Benedicto Abicair, da 6ª C�mara C�vel do Rio de Janeiro. Ele tamb�m destacou que a sociedade no Brasil � “majoritariamente crist�”.
O v�deo, chamado A primeira tenta��o de Cristo, retrata Jesus Cristo como um homossexual que se envolve com L�cifer; na vers�o, Maria trai Jos� com Deus. O especial de Natal gerou pol�mica e virou pretexto para um atentado contra a sede da produtora do Porta dos Fundos, no Humait� (zona sul do Rio de Janeiro), na madrugada de 24 de dezembro. Dois coquet�is molotov foram lan�ados, por um grupo que se apresentou na internet como integralista, dentro do pr�dio, causando um inc�ndio que foi controlado antes de causar danos significativos.
A decis�o de tirar o especial do ar foi tomada em agravo de instrumento proposto pela Associa��o Centro Dom Bosco de F� e Cultura, um grupo religioso carioca.
Em dezembro a entidade prop�s uma a��o civil p�blica pedindo que o v�deo fosse retirado do ar, mas em primeira inst�ncia o pedido foi negado. “N�o constatei a ocorr�ncia de qualquer il�cito (...). Tamb�m n�o verifiquei viola��o aos direitos humanos, incita��o ao �dio, � discrimina��o e ao racismo, sendo que o filme tamb�m n�o viola o direito de liberdade de cren�a, de forma a justificar a censura pretendida”, escreveu, em 19 de dezembro, a ju�za Adriana Jara Moura, da 16ª Vara C�vel.
A Associa��o Dom Bosco recorreu, mas a decis�o tamb�m foi mantida pelo plant�o judici�rio. O grupo ent�o ajuizou agravo de instrumento ao Tribunal de Justi�a, distribu�do � 6ª C�mara C�vel. Na decis�o emitida nesta quarta-feira, em documento de 40 p�ginas, o relator Abicair afirma que “nessa fase preliminar n�o cabem maiores erudi��es para embasar qualquer decis�o, diante da exiguidade do tempo para se decidir com quem est� a raz�o, mas sim, qual dano de maior potencialidade precisa ser evitado”.
Segundo ele, o grupo Porta dos Fundos “n�o foi centrado e comedido ao se manifestar nas redes sociais, pois poderia justificar sua ‘obra’ atrav�s de dados t�cnicos e n�o agindo com agressividade e deboche”. E conclui afirmando que “me aparenta mais adequado e ben�fico n�o s� para a comunidade crist�, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente crist�, at� que se julgue o m�rito do agravo, recorrer-se � cautela, para acalmar �nimos, (motivo) pelo que concedo a liminar”.
O grupo Porta dos Fundos e a Netflix n�o haviam se manifestado sobre a decis�o judicial at� o fechamento desta edi��o.
Autor de ataque na lista da Interpol
O economista est� foragido desde o �ltimo dia 30, quando a Pol�cia Civil tentou cumprir mandado de pris�o contra ele em quatro endere�os ligados a ele no Rio de Janeiro, mas n�o o encontrou. Depois, descobriu-se que Fauzi havia embarcado para a R�ssia um dia antes de sua pris�o ser decretada.
J� no pa�s, Eduardo Fauzi divulgou um v�deo de pouco mais de sete minutos em que ataca o Porta dos Fundos e utiliza argumentos crist�os para chamar os humoristas de “intolerantes, marginais e bandidos”. O suspeito pelo ataque diz que "quando o Porta dos Fundos escarnece do nome de nosso senhor Jesus Cristo ele pisa na esperan�a de milh�es de pessoas que s� t�m Jesus Cristo como riqueza" – refor�ando a tese de que o atentado contra a produtora pode ter sido motivado por um recente programa em que o grupo humor�stico satiriza Jesus Cristo, sugerindo que este pode ter tido experi�ncia homossexual.
“Quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro. Esse � um crime de lesa-p�tria. Eles s�o criminosos, s�o marginais, s�o bandidos”, acusou Fauzi no v�deo divulgado.
EXTRADI��O Uma autoridade brasileira em Moscou j� iniciou as tratativas com as autoridades russas para pedir a extradi��o de Fauzi. A informa��o foi passada � GloboNews por uma fonte graduada do Minist�rio das Rela��es Exteriores que n�o quis se identificar.
Oficialmente, o Itamaraty afirmou que n�o entrou em contato com autoridades russas e que cabe ao Poder Judici�rio a decis�o de pedir a extradi��o. O Brasil mant�m acordo de extradi��o com a R�ssia desde 2007. Segundo o Minist�rio da Justi�a, a Justi�a do Rio de Janeiro j� pediu formalmente � pasta e ao Itamaraty a extradi��o do suspeito.