Aliados usaram fundo criticado por Bolsonaro

Incomodado com cr�ticas sobre a destina��o de R$ 2 bilh�es do Or�amento para bancar campanhas, o presidente Jair Bolsonaro tem pedido a apoiadores que n�o votem em candidatos que utilizam recursos p�blicos nas elei��es. O problema � que o "boicote" pode prejudicar seus pr�prios aliados. Levantamento do jornal O Estado de S. Paulo mostra que pelo menos 15 parlamentares bolsonaristas tiveram parte dos gastos eleitorais em 2018 custeada com dinheiro do fundo eleitoral. Ao todo, foram R$ 335,2 mil recebidos, o que representa 17% do total arrecadado pelos ent�o candidatos.

Na lista est�o os deputados federais e estaduais que pretendem migrar para o Alian�a pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta colocar de p� at� abril, a tempo de disputar as elei��es municipais de outubro. Inclui ainda o senador Fl�vio Bolsonaro (sem partido-RJ), vice-presidente do Alian�a pelo Brasil.

Fl�vio n�o recebeu repasses diretos do fundo eleitoral, mas, na presta��o de contas enviada � Justi�a Eleitoral, consta que seu ex-partido, o PSL, usou R$ 70 mil do dinheiro p�blico para produzir adesivos e santinhos do ent�o candidato ao Senado. O valor representa 10% dos R$ 712,2 mil arrecadados pelo filho "01" na campanha de 2018.

O fundo eleitoral � o principal mecanismo de financiamento p�blico de campanhas e, em 2018, distribuiu R$ 1,7 bilh�o. Ele foi criado em 2017 para compensar decis�o do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu doa��o empresarial.

Neste ano, na primeira elei��o municipal abastecida majoritariamente com recursos p�blicos, o Congresso aprovou R$ 2 bilh�es para financiar candidatos. Bolsonaro chegou a indicar que poderia vetar o valor. Depois, por�m, mudou o discurso, sinalizando que deve sancionar a proposta. Ele tem at� segunda-feira para decidir.

"Eu tenho um momento dif�cil pela frente que s�o os R$ 2 bilh�es do fund�o. Eu lan�o a campanha: n�o vote em parlamentar que usa o fund�o", disse o presidente na sexta-feira passada. Nesta quarta-feira, 15, em frente ao Alvorada, voltou a dizer que o Alian�a n�o usar� recursos p�blicos. "A gente espera, brevemente, criar um partido, que n�o vai ter fund�o neste ano nem em 2022. A gente n�o vai usar, porque � um dinheiro que sai, realmente, do povo, que podia ser aplicado melhor em outro local", afirmou.

Assim que formalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Alian�a deve ganhar a ades�o de pelo menos 27 deputados federais que hoje est�o no PSL. Destes, 10 se elegeram com ajuda do fundo eleitoral. A que mais recebeu foi a deputada Major Fabiana (PSL-RJ). Foram R$ 85,5 mil, 90% dos R$ 95 mil que ela arrecadou em 2018.

A colega de bancada Chris Tonietto (PSL-RJ) tamb�m teve quase todas a campanha custeada com o fundo. Foram R$ 73,3 mil dos R$ 78,4 mil que ela arrecadou - o equivalente a 93,5%.

Entre os deputados estaduais h� quem tenha bancado 100% da campanha com dinheiro p�blico. Todos os R$ 33 mil arrecadados por Capit�o Assum��o (PSL-ES) tiveram como origem o "fund�o". Parte foi depositada diretamente na conta do ent�o candidato e a outra, via repasses de Carlos Mannato (PSL), que disputou o governo capixaba em 2018.

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Chris Tonietto disse que o dinheiro do fundo foi utilizado "exclusivamente" para bancar "publicidade em jornais", mas que ela n�o vai mais utiliz�-lo em campanhas.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF), que arrecadou R$ 320 mil - apenas R$ 566 via fundo - afirmou que "deixou para tr�s" mais de R$ 1 milh�o a que teria direito ao deixar o Patriota, seu partido na elei��o. "Foi a campanha mais barata de deputado federal no Distrito Federal. Cada voto saiu a menos de R$ 4."

O deputado estadual Torino Marques (PSL-ES) disse, primeiro, que n�o usou dinheiro do fundo. Confrontado com sua presta��o de contas, alegou que o dinheiro foi apenas para "alguns santinhos e adesivos". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.