
A atriz Regina Duarte est� pr�xima de selar o casamento com o governo, mas nem toda a classe art�stica acredita que ela ter� espa�o e poder para desenvolver a pol�tica cultural aos seus moldes. O cantor, compositor, m�sico e escritor Lob�o � um dos que pensa assim. Em entrevista, ele critica o dramaturgo Roberto Alvim e acredita que Duarte � uma ‘cortina de fuma�a cor de rosa’ de um governo autorit�rio que vai utiliz�-la para controlar a agenda de costumes pela Secretaria Especial de Cultura.
Apoiador de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro e o primeiro artista a ‘abandonar o barco’, Lob�o fez duras cr�ticas em pouco mais de 1h de entrevista por telefone. Com palavras fortes e, por vezes, �cidas, ele critica o governo — a quem classifica como ‘fascist�ide’ — apesar dos sinais incipientes de avan�o da economia. Para ele, por conta da agenda econ�mica, o governo � louvado e todas as ‘atrocidades’ na agenda de costumes s�o ignoradas. “Os liberais ser�o historicamente culpabilizados e responsabilizados por ter dado uma extens�o de vida ao governo, e n�o sabemos at� quando”, critica.
Sem se classificar como de direita ou conservador, mesmo ap�s os 12 anos de oposi��o ao PT e o apoio a Bolsonaro, Lob�o diz que n�o apoiar� ningu�m para as elei��es de 2022 e em pleitos futuros, e faz cr�ticas � classe pol�tica como um todo. Defensor do impeachment do presidente da Rep�blica, enxerga um governo comandado pelo vice-presidente Hamilton Mour�o uma op��o melhor, mesmo tendo sido preso durante o regime militar. Confira esses e outros destaques na entrevista a seguir:
Regina Duarte levar� lucidez � pol�tica cultural?
De forma alguma, infelizmente. Adoro a Regina, mas ela � uma cortina de fuma�a cor de rosa. Aconteceu algo muito flagrante. O governo est� funcionando na sua agenda de costumes, daquela da corda no pesco�o. V�o declarando coisas absurdas e, mediante a um segmento de liberais, principalmente, os liberais na economia ficam aplaudindo as medidas da economia e louvam essas medidas econ�micas e suportando todo tipo de atrocidades na agenda de costumes. E o governo, cada vez mais autorit�rio, vem apertando atrav�s de declara��es cada vez mais infames, e est� colando. Eles v�o apertando a corda, apertam a corda, e a galera da economia est� aplaudindo, passando pano, tudo em fun��o do crescimento econ�mico. A gente tem que lembrar que o Hitler, quando assumiu na Alemanha, ele teve um ‘boom’ econ�mico. Ele criou estradas, fez ferrovias, as pessoas t�m que se lembrar disso. O que acontece com a Regina � que essa corda que vem apertando deu uma enterrada no Roberto Alvim, que, de uma forma ou de outra, carregou na m�o. E, por talvez surpresa da rapaziada do governo, houve uma rea��o iracunda da sociedade geral ficou absolutamente pasma, a rea��o foi negativa demais, no Brasil e no mundo, tiveram que retroagir.
Alvim foi elogiado pelo presidente na v�spera.
O Bolsonaro fez uma live no dia anterior com Weintraub e ele. �bvio que aquela agenda do minist�rio da Cultura � dele, do Olavo de Carvalho e do Bolsonaro. N�o tem nada a ver com Roberto Alvim. O Alvim � um executante, entusiasmado, foi escolhido pelo Eduardo Bolsonaro para galgar cargos na cultura at� chegar ao posto de secret�rio. Estava muito empolgado. Ele como um bom diretor de teatro que �, fez toda uma cenografia semiol�gica para, de maneira indubit�vel, emular uma vibe nazista. E isso � indiscut�vel. O que aconteceu � um catranco da sociedade. A sociedade n�o admitiu isso, e eles v�o ter que retroceder, pois, nessa, ficaram com a pecha de nazista. A pecha caiu e encardiu no governo, e o que eles v�o fazer? V�o botar um pior que o Alvim? N�o, pois, agora, v�o querer desfazer a pecha edulcorando com a Regina. Ela faz o papel da inocente �til. Eles mant�m a ‘namoradinha’ sob controle para manter a agenda. Querem colocar uma fachada do bem para continuar com o mesmo tipo de agenda. J� h� controv�rsias e rea��es da bancada olavista, que quer partir logo de cara. Ela vai entrar ali, voc� v� o pessoal da Funarte, Biblioteca Nacional, Ancine, � todo do Roberto Alvim, n�o houve nenhuma demiss�o. Ela vai ser posta na cova dos le�es, vai ter que lidar com o pior tipo de pessoas poss�vel, e com toda uma m�quina ajeitada pelo Roberto Alvim. O que ela vai fazer? N�o sei, mas que vai ter uma rota de colis�o, n�o tenho a menor d�vida.
Roberto Alvim emulou a narrativa de um governo nazista?
Nazista, n�o. Mas � um governo absolutamente autorit�rio e que, em via de regra, pode vir a ressonar e reverberar como o corol�rio nazista. N�o estou dizendo que o governo � nazista, mas tem nostalgia de ditadura, torturadores, � um governo e voc� v� todo o ressurgimento do integralismo, dos bolsolavestes, o retrocesso de terraplanistas. tudo isso s�o sintomas de retrocesso cultural. O mito do nacionalismo, patriota, isso se n�o � nazista, � fascist�ide. Podemos dizer, sem sombra de d�vidas, que � um governo com caracter�sticas absolutamente fascistas. Deu uma colora��o nazista, sim, mas o governo tem uma inclina��o fascist�ide.
Regina Duarte pode pacificar a rela��o entre governo e a classe art�stica?
Acho completamente imposs�vel. As pessoas odeiam o Bolsonaro. A toler�ncia do Bolsonaro, mesmo eu, que n�o odeio ningu�m, absolutamente, a �nica maneira de resolver o caso Bolsonaro � interditando-o. Ele tem que ser impedido, n�o tem capacidade nenhuma de estar no posto que est�. � o desastre nacional. Exponencialmente no segundo ano vai ser pior, e terceiro e quarto, se n�o for demitido. N�o entender isso � muito perigoso e muito tolo.
A atriz Patr�cia Pillar est� organizando uma reuni�o de artistas para levar uma agenda � Regina Duarte. O senhor vai integrar o grupo ou fazer um movimento pr�prio?
Ouvir o que a Regina tem a dizer eu ou�o na televis�o. N�o quero saber da minha presen�a neste tipo de manifesta��o. Mesmo porque voc� v� que a coisa � muito mais complexa. Ele (Bolsonaro) sanciona coisas que v�o contra a cultura. Direcionar a Lei Rouanet para evang�licos, isentar impostos para importa��o e exporta��o para evang�licos. Tirar a arrecada��o de direitos autorais de hot�is para n�s, que foi um baque na nossa arrecada��o. Corre um boato de que o Bolsonaro quer tirar os direitos autorais de tudo que � jeito, reduzir tempo de recolhimento de direitos autorais por cinco anos. Isso � agenda do Bolsonaro e o ministro do Turismo. E tem o cara da Ancine, da Funarte, que � um terraplanista. Como esperar que a Regina, como Secret�ria de Cultura, vai ter poder, nessa pol�tica, para virar esse jogo? � muito dif�cil. Acho que a atitude mais clara � dizer a ela: ‘Regina, saia da�, que a gente vai come�ar a atirar’. Chegar a ir � Regina, tacitamente, estar�amos dizendo que aceitamos o governo. N�o, n�o tem negocia��o com esse governo. Esse governo tem que cair e ponto. N�o tem negocia��o com um governo desses. Esse governo n�o tem honra e moral para fazer negocia��o. Ele tem que cair e temos que fazer campanha nacional junto � sociedade civil para retir�-lo democraticamente do governo. O mais r�pido poss�vel, de prefer�ncia, neste semestre ainda.
Sugere um processo de impeachment?
Tem que derrubar o Bolsonaro e ele chancelar� isso com todas as rebarbas do mundo pelos meios institucionais. Pelo rito do impeachment ou do impedimento por qualquer outro tipo de raz�o que dar� e j� est� dando. Ele quebra juramentos da Constitui��o quase todos os dias. Basta vontade pol�tica para agendar o processo de impeachment neste caso em rela��o ao sujeito. Ele tem que ser impedido, vai jogar o Brasil na sarjeta. A agenda econ�mica, as pessoas falam de impeachment, mas todos os outros dois impeachments recentes que tivemos, salvaram o Brasil. Primeiro, saiu o Collor, depois entrou Itamar, que criou o Real. Resolveu um problema econ�mico de d�cadas de infla��o. O Temer a mesma coisa, mesmo recebendo pedradas de tudo que � tipo, retirou o Brasil da maior recess�o. Riscos? Muito pelo contr�rio. Ao retirar o Bolsonaro, tenho quase certeza que o Mour�o vai preservar a agenda econ�mica do governo e retirar essa agenda horrorosa que � a agenda de costumes.
Existem movimentos pedindo a sa�da do presidente? E um novo impeachment, n�o seria traum�tico demais?
� s� ver as hashtags no Twitter. #ForaBolsonaro, #ImpeachmentBolsonaro. A sociedade est� madura para isso. Todos os outros impeachments que tivemos foram salut�rrimos. Ainda mais um cara que � muito pior que o Collor e do que a Dilma. Qualquer coisa vai ser menos pior do que ele.
Passado um ano de gest�o de Bolsonaro, que avalia��o voc� faz do governo?
� um governo cretino, basicamente. Tacanha, com solu��es tacanhas, como tudo que eu, durante todos esses anos, principalmente nos meus hangouts que foram ao ar de 2013 a 2015, n�s falamos aquilo e naquele momento o que eu chamava de oposi��o ao PT.
O senhor apoiou Bolsonaro nas urnas. Como come�ou esse processo?
Ent�o, durante esse per�odo de hangouts, chamamos as pessoas para conversar. Abrir o di�logo com a esquerda e com os advers�rios. Quebrar n�o s� esse gelo, mas essa beliger�ncia que a cada dia se acirra mais entre as fac��es em um n�vel que, de repente, vai ficar at� incur�vel e pode nos levar a situa��es mais complicadas e mais violentas. Isso tudo eu preconizei e, a partir de 2015, acabaram-se os hangouts. Eu continuei na minha e percebi que o Olavo de Carvalho (escritor e ‘guru’ de Bolsonaro), que era uma pessoa que, durante os hangouts, se mostrou bastante cordato em rela��o a tudo isso, do tipo de parar de pensar em interven��o militar, com aquela carolice descomedida religiosa, tudo aquilo ficou completamente para �ltimo plano. N�o adianta querer tirar um governo que a gente reclama estar associado ao Maduro, e estar com agenda de doutrina cultural, se a gente fizer a mesma coisa. Para mim, combater esse tipo de coisa voc� tem que ser zen. Voc� tem que, simplesmente, pensar em criar coisas legais e bacanas, e n�o adianta querer enfiar isso goela abaixo.
Foi uma surpresa?
Quando acabaram os hangouts, vejo Olavo reaparecer em per�odo muito curto de intervalo no Ter�a-Livre, mas completamente transformado e virado em uma caricatura, aquela coisa martelo do mundo, religiosa, aquele fundamentalismo e totalitarismo religioso, aquele antiintelectualismo, e come�aram a fazer, lembro que o pr�prio Ter�a-Livre deu a primeira chancela ao Bolsonaro, justamente por coincid�ncia, em 31 de mar�o e 1º de abril para comemorar o Golpe Militar. E, a partir dali, eu me lembro que teve um hangout do Alan do Santos com o Ben� Barbosa, o Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro. E eu me lembro que, em 2009, se n�o me engano, eu entrevistei o Bolsonaro no MTV Debate, e ele era do PP, da bancada de apoio ao PT. E quando vi Bolsonaro em um flashback militar e como uma oposi��o ao PT, fiquei at� assustado, mas jamais imaginei e s� vim a concluir que, na verdade, foi este grupo olavista que pin�ou l� do obl�vio do baixo clero o Jair Bolsonaro. Ent�o, isso ningu�m percebeu, nem eu, na �poca, que, na verdade, quem transformou o Bolsonaro no mito, no “t� okay?”, foi esse grupo seleto de bolsonaristas.
A que fatores atribui a vit�ria de Bolsonaro nas urnas?
Acredito e atribuo piamente o Bolsonaro ser al�ado ao poder �nica e exclusivamente ao PT. A popula��o n�o votou pr�-Bolsonaro, a popula��o, assim como eu, votou contra o PT e as pessoas t�m que entender que, mesmo com esta porcaria que o Bolsonaro est� empreendendo no governo, seria uma desonra para a na��o brasileira ter o PT, depois de 15 anos, sem a menor altern�ncia. Dilma, impeachment, e imagina votar no PT e o PT ganhar. Seria inadmiss�vel, n�. Como o final da reta das elei��es ela se tornou plebiscit�ria, ou voc� votava no Haddad ou no Bolsonaro. N�o tinha uma terceira op��o. Ent�o, Bolsonaro ganhou. Foi nesse v�cuo que o Bolsonaro entrou. E eu mesmo fiz um v�deo de alerta quando eu decidi apoiar com tr�s p�s atr�s o Bolsonaro. E minha principal deixa para poder apoi�-lo � que eles s�o autodestrutivos e pouco sofisticados para uma manuten��o mais demorada no poder. Uma das caracter�sticas do bolsonarismo � como se estivesse em uma bacia de piranha, e eles se devoram. Foi o que aconteceu desde a primeira semana, com o epis�dio dos deputados indo para a China, depois (Gustavo) Bebianno (ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral), Santos Cruz (ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo), depois Jana�na Paschoal (deputada estadual pelo PSL em S�o Paulo), come�ou o linchamento aos militares, e o linchamento n�o foi o vetor e n�o foi a esquerda, o PT, foram justamente os aliados que n�o eram bolsonaristas. Isso foi de uma maneira t�o violenta, t�o deslavadamente corporativa quando a gente percebe que havia um n�cleo minorit�rio no governo, mas o que estava ditando toda a agenda de costumes que � o chamado bolsolavismo.
O senhor se op�s a esse movimento dentro do governo?
Eu tomei a primeira atitude. Comecei a promover conversas no YouTube di�rias, apelando, pedindo, ‘pelo amor de Deus, n�o vamos fazer isso. Estamos perdendo a m�o e virando aquela caricatura da direita que sempre mostrou quando veio ao poder’. N�o pod�amos nos dar ao luxo de voltar essa cartilha retr�grada, fundamentalista, paran�ica, conspirat�ria de jeito nenhum. Fui tentando apelar para o bom senso para as pessoas, at� que, no in�cio de maio, eu rompi com o governo. N�o dou mais apoio ao governo. O Olavo de Carvalho � uma farsa. Foi o que estourou, e fui expulso do Twitter, fui suspenso pelos bolsolavetes. Foi uma coisa violent�ssima. Perdi mais de 160 mil usu�rios do Twitter. Ali�s, n�o perdi, n�o, fiquei livre desse tipo de pessoa, porque n�o queria mais ficar. N�o vou deixar meu nome entrar na hist�ria como apoiador de um regime que est� se tornando esp�rio, um esc�rnio para qualquer pessoa. Ainda mais eu, pela minha hist�ria, que j� fui preso por pessoas pelo mesmo DNA dessas pessoas que est�o no governo. Dei a chance para voc�s, e, agora, vou partir para cima. E quando eu partir, quem deu a iniciativa de ruptura fui eu. E, a partir de ent�o, vieram para cima.
Qual avalia��o o senhor, que foi preso durante o regime militar, faz sobre os militares? Na sua concep��o de mudan�as para o pa�s, um general de Ex�rcito reassumiria a Presid�ncia em caso de impeachment...
Sem sombra de d�vidas s�o mais equilibrados. Inclusive, estou escrevendo um livro, 60 Anos a Mil, o adendo dos �ltimos 10 anos, 2010 a 2020, do 50 Anos a Mil. E eu falo que � uma chance essa gera��o dos militares de agora redimirem todas as For�as Armadas de todas as cagadas que foram perpetradas durante a ditadura militar. Vemos no Mour�o, por exemplo, no general Santos Cruz, pessoas extremamente bem formadas, bem instru�das e com car�ter corret�ssimas. Ent�o, � uma oportunidade hist�rica dessa gera��o a� de militares salvar o Brasil desse esquizofr�nico, e redimir-se dessa hist�ria terr�vel que foram os 21 anos.
O senhor se n�o considera de direita, nem conservador. Mas se considera um liberal?
Nem direita, nem conservador. Sou do rock. Recuso-me a ser chamado de direita e conservador com esses termos sequestrados por um dos piores segmentos pol�tico ideol�gicos que tivemos em toda a hist�ria do Brasil. Gra�as a Deus eu sou um artista, acho isso tudo uma grande merda. Porque se voc� pegar, quem est� suportando toda a base de subscrever os intelectuais deste governo s�o os liberais. O lucro acima de tudo. Se est� bem na economia, a agenda econ�mica, que se f* o resto. E a gente est� ref�m dessa base liberal. Tantos economistas e intelectuais passando pano para o governo, s�o todos oriundos do governo, s�o todos liberais, e isso vira uma complica��o muito grande. O liberal defendendo um Estado brutal para ter menos Estado. Os liberais ser�o historicamente culpabilizados e responsabilizados por ter dado uma extens�o de vida ao governo, e n�o sabemos at� quando, porque j� � uma coisa obscena, uma responsabilidade brutal dos que passam o pano. Toda vez que acontece, lembram que o Bolsonaro era uma merda. Era de se conscientizar do malef�cio gigantesco da toxicidade deste governo, de ficar a� tipo relativizando o per�odo de ouro da economia, isso � pornogr�fico. Nada justifica a perman�ncia de Bolsonaro na Presid�ncia da Rep�blica. Nada. Ent�o, qualquer um que esteja ainda estiver passando pano para esse fac�nora e canalha, � t�o fac�nora, canalha e c�mplice desse governo.
O que esperar do seu livro 60 Anos a Mil?
Os livros s�o as mem�rias recentes, porque os 50 Anos a Mil eu lancei em 2010, foi um best seller. De l� para c�, lancei mais cinco livros. E esse dec�nio de 2010 a 2020, seguramente, s�o os 10 anos que mais produzi coisas na minha vida. Escrevi seis livros, gravei cinco CDs, mais de 30 singles, ent�o, eu tive uma presen�a muito grande dentro da vida p�blica.. Tem muita coisa para falar. Tanto � que o livro tem 260 p�ginas, em contrapartida das 560 p�ginas dos outros 50 anos. Ent�o, s�o 10 anos realmente bem a mais de 1 mil. Foi um per�odo muito intenso e espero que, do meu livro, possa contribuir para a tomada de consci�ncia, um mergulho nos interst�cios do que virou o bolsolavismo, porque conhe�o na palma da minha m�o.
Quando sai o livro?
Sai agora, vai sair em fevereiro ou mar�o. Est� na boca. Vamos come�ar toda aquela ladainha, fazer uma tour pelo Brasil inteiro, fazer programas de televis�o, r�dios, jornais, vamos botar a boca no trombone.
Depois das decep��es com o PT e Bolsonaro, tem apre�o por alguma pr�-candidatura � Presid�ncia em 2022?
Eu n�o tenho apre�o por pol�tico nenhum. Eu tenho um desprezo enorme pela classe pol�tica. ‘Ah, Lob�o, voc� tem que ter cargo, se candidatar”. � um insulto achar que vou parar de ser m�sico para ser presidente. � um retrocesso, um retrocesso espiritual, intelectual. Acho pol�tica um ‘�’. Sempre serei oposi��o, sou do rock. Rock � oposi��o, seja quem for, vai sofrer escrut�nios das minhas observa��es �cidas. Sempre vou cobrar de quem for, n�o me disporei mais a apoiar seja quem for, e quem estiver na ribalta vai sofrer o escrut�nio honesto. Evidentemente n�o ser� gratuito, mas, sim, sempre com um olhar da pessoa que ocupar aquele cargo.