O "noivado" da atriz Regina Duarte com o governo e a consequente espera para dar a palavra final antes de assumir a Secretaria Especial de Cultura t�m nome e sobrenome: custo de vida. A rescis�o do contrato com a TV Globo, da qual recebe at� R$ 120 mil em carteira assinada — uma das poucas celetistas na emissora —, ainda n�o foi conclu�da, justamente porque ela avalia b�nus e �nus de assumir o cargo, aponta um interlocutor. Na pasta, receberia cerca de R$ 17 mil, ou seja, 14,2% da remunera��o paga pela empresa de comunica��o. De toda forma, o governo mant�m o otimismo de que a artista chefiar� a pol�tica nacional cultural e crava sua “contrata��o”. Mas os desafios ser�o relevantes, caso ela aceite a fun��o, a come�ar pela demiss�o anunciada do secret�rio adjunto, Jos� Paulo Martins.
O Correio antecipou, na ter�a-feira, que a atriz confirmou ao Pal�cio do Planalto que assinaria a rescis�o com a Globo, ap�s a reuni�o com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. At� esta quarta-feira (22), contudo, isso n�o ocorreu.
O “sim” de Duarte est�, dessa forma, mais dependente de quest�es financeiras do que de outros elementos. Interlocutores da TV Globo apontam que ela quer manter as portas abertas com a emissora, de modo a retomar o contrato caso n�o tenha vida longa no governo. Entretanto, o pedido � visto como dif�cil de ser atendido, dado o relacionamento entre o Executivo e a empresa. “Noivado � noivado. Vou continuar conversando, noivando”, declarou a atriz, nesta quarta-feira (22/1), no desembarque em Bras�lia.
� fato que Regina Duarte est� empolgada com a ideia de assumir a pasta. Assim que chegou � capital, seguiu para o Planalto, onde entrou pela garagem — acesso concedido, normalmente, a ministros de Estado e presidentes de poderes —, �s 13h, e permaneceu at� as 15h10. Nesse per�odo, conversou com Bolsonaro, Ramos, e com os ministros da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, e do Turismo, Marcelo �lvaro Ant�nio. Depois disso, seguiu para o Bloco B da Esplanada dos Minist�rios, das pastas do Meio Ambiente e da Cidadania. � onde fica a Secretaria Especial de Cultura, no quarto andar. L�, se reuniu com t�cnicos. Ela ter� direito a nomear 10 assessores. A disputa pelos cargos j� come�ou.
Al�m das reuni�es, o dia dela na cidade foi marcado por selfies.
Rev�s
A demiss�o de Jos� Paulo Martins � um rev�s para Regina Duarte. Desde junho de 2016 ocupando postos de import�ncia na secretaria, ele era o �nico que tinha o hist�rico de toda a pasta, dizem t�cnicos. Ou seja, eles acreditam que Martins poderia auxiliar a atriz na eventual gest�o. Na secretaria, a exonera��o foi vista como uma “limpeza” orquestrada pela ala ideol�gica, que sempre cobrou uma auditoria sobre a chamada “caixa-preta da Lei Rouanet”. Outros avaliam que ele foi escolhido como o bode expiat�rio na crise provocada pelo dramaturgo Roberto Alvim, exonerado na semana passada, ap�s a repercuss�o do v�deo que ele publicou, no qual parafraseava o ide�logo nazista Joseph Goebbels. “Quando o Henrique (Pires, ex-secret�rio) saiu, ele ia tamb�m, mas ficou. Agora, o escolheram para apontar o dedo e achar um culpado pelo discurso nazista do Alvim”, ponderou um assessor.
O corte do n�mero dois da secretaria ligou o alerta vermelho. Servidores de carreira est�o tranquilos, mas os comissionados, n�o. Sobretudo os secret�rios e os presidentes das entidades indicados por Alvim. Alguns deles iniciaram movimentos de apoio claro e declarado a Regina Duarte, a fim de pleitear a perman�ncia nos postos.
Parlamentares do PSL e do DEM est�o se articulando para nomear o ex-secret�rio de Diversidade Cultural Gustavo Amaral como adjunto da atriz. Ex-administrador do Plano Piloto e servidor de carreira do Tribunal de Justi�a do Distrito Federal e dos Territ�rios (TJDFT), ele � visto como algu�m t�cnico capaz de suceder Martins.