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Estado de Minas POL�TICA

Organiza��es ind�genas repudiam indica��o de pastor para cuidar de povos isolados


postado em 31/01/2020 20:38 / atualizado em 13/02/2020 14:58

A indica��o do pastor evang�lico e ex-mission�rio Ricardo Lopes Dias para chefiar a �rea de �ndios isolados da Funda��o Nacional do �ndio (Funai) levou a Coordena��o das Organiza��es Ind�genas da Amaz�nia Brasileira (Coiab), uma das principais ONGs do setor, a divulgar uma nota de rep�dio contra sua indica��o para o cargo.

Segundo a Coiab, o Pa�s estar� sujeito a "crimes de genoc�dio e etnoc�dio que ser�o cometidos contra os nossos parentes isolados e de recente contato caso se concretize a nomea��o de uma pessoa ligada �s atividades de proselitismo religioso para o setor da Funai que atua com esses nossos parentes".

� reportagem, Ricardo Lopes Dias confirmou que foi indicado para o posto, mas ainda aguarda a oficializa��o de seu nome pela diretoria da Funai e publica��o no Di�rio Oficial da Uni�o.

A Coiab afirma que os ind�genas "sofreram historicamente com a atua��o de mission�rios proselitistas - muitos deles da Miss�o Novas Tribos do Brasil (MNTB) - que fizeram contato for�ado com nossos av�s e av�s".



Ricardo Lopes Dias j� foi ligado ao MNTB e atuava como mission�rio, evangelizando �ndios na regi�o da terra ind�gena Vale do Javari, no Amazonas, uma das maiores terras ind�genas demarcadas do Pa�s, com mais de 8 milh�es de hectares e que concentra o maior n�mero de registros de povos ind�genas isolados em todo o mundo.

Segundo a Coiab, o contato for�ado foi feito atrav�s de mentiras, viol�ncia e amea�as de morte. "Em outras investidas de contato para nos evangelizar nos ofereceram presentes para atrair e nos enganar, muitas vezes esses presentes estavam contaminados com doen�as, o que levou muitos de nossos parentes � morte", declara a organiza��o.

"Temos o direito de pensar e viver diferente da sociedade n�o-ind�gena. Temos o direito a nossos territ�rios! N�o vamos deixar que tais igrejas e esses fundamentalistas religiosos fa�am com nossos parentes isolados o que fizeram com nossas fam�lias no passado!", conclui a Coiab. A Funai n�o se manifestou a respeito.

Protestos

Diversas organiza��es n�o governamentais emitiram notas de rep�dio contra a indica��o de Ricardo Lopes Dias para cuidar da �rea de �ndios isolados. "A atua��o mission�ria nas aldeias tem sido nociva tanto quanto as doen�as, pois causa a desorganiza��o �tnica, social e cultural dos povos ind�genas", declarou a Uni�o dos Povos Ind�genas do Vale do Javari (Univaja).

O Conselho Indigenista Mission�rio (Cimi) tamb�m protestou contra a escolha da Funai. "O governo Bolsonaro d� evidentes sinais de abandono � perspectiva t�cnico-cient�fica, do respeito ao direito de exist�ncia livre desses povos, com seus pr�prios usos, costumes, cren�as e tradi��es, em seus territ�rios devidamente reconhecidos e protegidos, para uma orienta��o neocolonialista e etnocida, de atra��o e contato for�ados, com o uso do fundamentalismo religioso como instrumento para liberar os territ�rios destes povos � explora��o por grandes fazendeiros e mineradores", afirmou.

O Instituto Socioambiental (ISA) declarou que a indica��o de Dias "alarma indigenistas, que veem no nome um risco � pol�tica consolidada de n�o contato com essas popula��es e o respeito ao isolamento volunt�rio desses povos". Historicamente, os mission�rios procuram promover o contato com povos ind�genas isolados e de recente contato para evangeliz�-los, o que contraria uma pol�tica consolidada no Brasil, refer�ncia para as pol�ticas p�blicas de pa�ses vizinhas, lembra o ISA.

A Defensoria P�blica-Geral da Uni�o (DPU) cobrou explica��es da Funai e tamb�m manifestou "preocupa��o com as movimenta��es que podem indicar mudan�as nas pol�ticas p�blicas de prote��o aos Povos Ind�genas Isolados e de Recente Contato".

"O risco de uma nomea��o que n�o atenda a crit�rios t�cnicos � a morte em massa de ind�genas, decorrente de doen�as a partir do contato irrespons�vel ou dos conflitos flagrantes com miss�es religiosas, madeireiros, garimpeiros, ca�adores e pescadores ilegais", declarou a DPU.


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