Considerado o "capit�o do time" na montagem da equipe, Onyx teve suas tarefas esvaziadas por Bolsonaro e vai ser transferido para o Minist�rio da Cidadania, pasta que cuida do Bolsa Fam�lia e hoje � comandada por Osmar Terra. Com a mudan�a, todos os ministros com assento no Pal�cio do Planalto ter�o origem militar, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.
Ao completar 13 meses de governo e dizendo estar "sobrecarregado", Bolsonaro tem se cercado cada vez mais de integrantes das For�as Armadas e at� se reaproximou do vice, general Hamilton Mour�o. Na dan�a das cadeiras, Terra poder� retornar � C�mara, j� que � deputado licenciado como Onyx, do DEM, ou at� assumir uma embaixada.
As trocas n�o foram oficializadas ainda porque, al�m de ter ficado irritado com o "vazamento" da informa��o, Bolsonaro procura acomodar Terra para n�o desagradar ao MDB. Terra � o �nico ministro do MDB e o presidente avalia a possibilidade de oferecer a ele uma representa��o diplom�tica na Argentina ou na Espanha.
O Estado revelou, nos �ltimos dias, que o Minist�rio da Cidadania contratou uma empresa suspeita de ter sido usada como laranja para desviar R$ 50 milh�es dos cofres p�blicos, apesar dos alertas de fraude. Ontem, Bolsonaro cobrou explica��es de Terra.
A transfer�ncia de Onyx para a Cidadania j� vinha sendo estudada pelo presidente, que mostrava descontentamento com o ministro, mas ele s� bateu o martelo nesta quarta-feira. A nova mexida no primeiro escal�o foi praticamente sacramentada seis dias depois de Bolsonaro entregar o Minist�rio do Desenvolvimento Regional, respons�vel pelo Minha Casa Minha Vida, para Rog�rio Marinho, at� ent�o secret�rio especial da Previd�ncia, e desalojar Gustavo Canuto.
O convite a Braga Netto para a Casa Civil foi feito h� dias e reiterado nesta quarta. A informa��o "vazou", por�m, antes mesmo das conversas reservadas que Bolsonaro teve com Onyx e com Terra, separadamente. O ministro da Cidadania chegou a almo�ar com Bolsonaro, atletas e artistas. Depois disso, cumpriu agenda com a primeira-dama, Michelle, na Embaixada de Israel, em Bras�lia.
No fim da tarde, Onyx apareceu sorridente ao lado de Bolsonaro, em cerim�nia no Planalto, mas manteve o sil�ncio. � noite, ao chegar ao Alvorada, Bolsonaro n�o parou para falar com os jornalistas, mas cumprimentou eleitores. Questionado sobre as mudan�as na Casa Civil, foi lac�nico: "est� tudo bem no governo".
Desgaste
Nos bastidores, interlocutores do presidente atribuem o agravamento do desgaste de Onyx ao embate entre ele e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que, desde meados do ano passado, assumiu a articula��o com o Congresso. Onyx nunca se conformou em ter perdido essa fun��o para um militar. Tudo piorou no m�s passado, quando o ministro estava de f�rias nos Estados Unidos e o ent�o secret�rio executivo da Casa Civil, Vicente Santini, usou um avi�o da For�a A�rea Brasileira (FAB) para viajar � Su��a e � �ndia. Santini foi demitido por Bolsonaro. Al�m disso, por ordem do presidente, Onyx teve de entregar o comando do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para o Minist�rio da Economia.
Bolsonaro j� dava sinais de que queria um "perfil militar" para conduzir a coordena��o do governo. Antes de Braga Netto ser oficializado na Casa Civil, no entanto, ele precisar� se licenciar das For�as Armadas.
No Congresso, a escolha foi vista com ceticismo. Deputados e senadores n�o escondem a desconfian�a com mais um militar no governo. Com fama de "dur�o", Braga Netto � visto como um general sem ambi��es pol�ticas e acostumado a assumir miss�es dif�ceis.
Nos dez meses em que atuou como interventor militar na seguran�a do Rio, em 2018, ainda no governo de Michel Temer, ele reorganizou as for�as policiais do Estado, quando estava no Comando Militar do Leste. Braga Netto � amigo de Ramos e do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional.
Perfil discreto
O general de Ex�rcito Walter Souza Braga Netto, de 62 anos, � avesso � exposi��o. Atual chefe do Estado-Maior do Ex�rcito, nasceu em Belo Horizonte e cumpre o "perfil mineiro": prefere o trabalho ao verbo. Ao assumir o comando da interven��o no Rio, que lhe concedeu poderes de governador do Estado na �rea da Seguran�a P�blica, determinou a subordinados familiares discri��o nas redes sociais.
Foi observador militar da ONU no Timor Leste e adido na Pol�nia e nos EUA, de onde trouxe a tradi��o de trocar e colecionar medalhas. Entrou no Ex�rcito em 1974. Em 1994, como major de Cavalaria, apresentou na Escola de Comando e Estado-Maior do Ex�rcito (Eceme) monografia com propostas sobre como aproveitar melhor o pessoal na carreira militar, com foco nos oficiais.