
Ao demitir na semana passada o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) do Minist�rio da Cidadania, o presidente Jair Bolsonaro refor�ou o seu estilo de, ao dispensar um auxiliar, oferecer-lhe nova posi��o na estrutura p�blica. Para Terra, foi sinalizada a chance de ocupar uma embaixada. Antes dele, cinco dos seis colaboradores que deixaram o primeiro escal�o tamb�m receberam propostas semelhantes como uma esp�cie de "pr�mio de consola��o".
A postura, segundo pessoas pr�ximas ao presidente, tem origem na cultura militar. Na caserna, n�o costuma haver demiss�o. Ao dispensar os servi�os de um auxiliar, o superior faz um elogio p�blico e o transfere para outra fun��o, longe de seu conv�vio. Politicamente, ao recorrer a este procedimento, Bolsonaro tenta evitar que ex-integrantes do governo se tornem inimigos.
No fim da tarde da quarta-feira, quando Terra entrou no gabinete no 3º andar do Planalto para ser comunicado de que seria dispensado, Bolsonaro prop�s que ele assumisse o posto de embaixador no Canad�, na Espanha ou na Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o e a Agricultura (FAO).
A oferta foi costurada pelo ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que substituiu o colega ap�s ser exonerado da Casa Civil. Bolsonaro n�o se op�s � ideia, mas Terra a rejeitou. Se aceitasse o convite, o parlamentar deveria abrir m�o do mandato de deputado federal.
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At� agora, apenas dois ex-ministros aceitaram um novo emprego em estatais. Demitido em 6 de fevereiro do Minist�rio do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto ganhou a presid�ncia da DataPrev (Empresa de Tecnologia e Informa��es da Previd�ncia). Ao deixar a Secretaria-Geral da Presid�ncia, em 2019, o general Floriano Peixoto assumiu os Correios e mant�m bom tr�nsito no Planalto.
O primeiro a deixar o governo, em 2019, Gustavo Bebianno tamb�m recebeu oferta de trabalho em outras �reas, apesar de estar envolvido em crise com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Na ocasi�o, Bolsonaro ofereceu a Bebianno, que coordenara sua campanha, a diretoria administrativa da Itaipu Binacional. A proposta foi feita diante de Onyx e do vice-presidente Hamilton Mour�o. Diante da negativa, sondaram para as embaixadas em Portugal ou na It�lia.
"Admitir e demitir � prerrogativa de qualquer governante. Fritar, atacar a imagem e a honra das pessoas, n�o. O presidente tem essa mania, que � muito desleal. O outro padr�o de comportamento �, depois de tudo, oferecer cargos �s v�timas, numa esp�cie de cala-boca", disse Bebianno. Exonerado ap�s entrar na mira do grupo ligado ao guru Olavo de Carvalho, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz tamb�m teve a possibilidade de ganhar novo posto. Bolsonaro disse que ofereceu ao militar "o cargo que quisesse". Santos Cruz rejeitou. Disse que n�o estava em busca de emprego.
O �nico que n�o recebeu proposta de emprego ap�s a demiss�o foi Ricardo V�lez Rodr�guez, antecessor de Abraham Weintraub na Educa��o. Bolsonaro admitiu que errou entregar o minist�rio ao professor.
