O ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno e o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) trocaram farpas ontem, ap�s o ministro aparecer em um v�deo afirmando que o Congresso “chantageia” o governo. A cr�tica se refere � insatisfa��o do militar com um acordo entre parlamentares e o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, sobre o controle da execu��o de emendas parlamentares ao Or�amento. “N�s n�o podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. F***-se”, disse Heleno a Ramos e ao ministro da Economia, Paulo Guedes. O �udio foi captado durante o hasteamento da bandeira, ocorrida na manh� de ter�a-feira, no Pal�cio da Alvorada. Ap�s a fala, Heleno foi advertido de que "estava em live". O v�deo foi postado nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro.
Maia rebateu a fala do general. Para o presidente da C�mara, embora tenha muitos t�tulos e seja experiente, Heleno falou de forma “infeliz”, como um “radical ideol�gico” contra a democracia. “Acho que � uma frase infeliz do ministro. Geralmente, na vida, quando vamos ficando mais velhos, vamos ganhando equil�brio e experi�ncia e paci�ncia. O ministro, pelo jeito, est� ficando mais velho e est� falando como um jovem, um estudante no auge da sua juventude. Uma pena que um ministro com tantos t�tulos tenha se transformado em um radical ideol�gico contra a democracia, contra o Parlamento, muito triste”, afirmou Maia.
Na sequ�ncia, o presidente da C�mara afirmou que Heleno j� atacou o parlamento outras vezes, mas n�o quando deputados e senadores votavam o aumento dos oficiais. “N�o ouvi, por parte dele, nenhum tipo de ataque ao parlamento quando est�vamos votando o aumento do sal�rio dele como militar da reserva. Quero saber dele se ele acha que o parlamento foi chantageado por ele ou por algu�m, para votar, ou chantageou algu�m para votar o PL das For�as Armadas” disse. “Talvez ele estivesse melhor em um gabinete de rede social tuitando, agredindo, como muitos fazem, como ele tem feito ao parlamento nos �ltimos meses. N�o � a primeira vez que ele ataca. S� que dessa vez veio a p�blico. � uma pena, pois todos n�s sabemos da compet�ncia dele na carreira militar”, destacou Maia.
Ainda segundo o presidente da C�mara, Heleno deveria cuidar para ter outra rela��o com os parlamentares. “� uma pena que ele considere a rela��o entre o Parlamento, o Parlamento que tanto tem produzido para o Brasil, muitas vezes em conjunto com o governo, principalmente com a equipe econ�mica do governo, como sendo a de um Parlamento que quer chantagear, pressionar. Muito pelo contr�rio.”
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tamb�m se manifestou, por meio de nota. O senador disse que nenhum ataque � democracia ser� tolerado pelo Parlamento. “O momento, mais do que nunca, � de defesa da democracia, independ�ncia e harmonia dos poderes para trabalhar pelo pa�s”, escreveu. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirmou que Heleno ser� convocado a dar explica��es ao Parlamento. “General Heleno, pode dar murro na mesa, falar palavr�o, espernear. Mas ter� de se explicar, conforme manda a Constitui��o, ao Congresso Nacional que tanto despreza. Ser� convocado!”, escreveu no Twitter.
Ao comentar a repercuss�o de uma declara��o na qual diz que o Congresso faz “chantagem” contra o governo, o general Augusto Heleno voltou a fazer cr�ticas � postura de alguns parlamentares, que, segundo ele, agem de forma “insaci�vel”. O ministro afirmou ainda considerar que a divulga��o de sua fala foi uma invas�o de privacidade – mesmo que o v�deo com a frase pol�mica tenha sido compartilhado nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro. “Em mais um lament�vel epis�dio de invas�o de privacidade, h�bito louvado no Brasil, vazou para a imprensa uma conversa que tive com o Dr. Paulo Guedes e o Gen. Ramos", escreveu Heleno no Twitter. “Ressalto que a opini�o � de minha inteira responsabilidade e n�o � fruto de qualquer conversa anterior, seja com o Sr. Presidente da Rep�blica, com o Min. Paulo Guedes, com o Min. Ramos, ou com qualquer outro ministro", prosseguiu.
Em seguida, o general chama a reivindica��o de alguns deputados e senadores de insaci�veis e, sem citar nomes, diz que a atua��o desse grupo contraria “os preceitos de um regime presidencialista”. “Externei minha vis�o sobre as insaci�veis reivindica��es de alguns parlamentares por fatias do or�amento impositivo, o que reduz, substancialmente, o or�amento do Poder Executivo e de seus respectivos minist�rios. Isso, a meu ver, prejudica a atua��o do Executivo e contraria os preceitos de um regime presidencialista. Se desejam o parlamentarismo, mudem a constitui��o. Sendo assim, n�o falarei mais sobre o assunto.”
Ap�s toda a repercuss�o e as postagens nas redes sociais, o general optou por ficar calado ao ser questionado por jornalistas sobre o tema, na tarde de ontem. “N�o tenho nada a declarar”, limitou-se a dizer no Pal�cio do Planalto, ap�s a cerim�nia de lan�amento do Centen�rio Ol�mpico do Brasil.
Na sua fala, o presidente da C�mara alertou para os impactos das falas do presidente Jair Bolsonaro e seus ministros. “Tudo que acontece que vai na linha contr�ria, vai sinalizando de forma negativa para a sociedade e para os investidores no Brasil. Por isso, quando come�a o ano, a economia est� em um patamar mais alto e, quando est� terminando o ano, caminha para um patamar mais baixo. Porque sempre vai gerando esse tipo de declara��o, perplexidade e inseguran�a na sociedade brasileira”, alertou.
“O parlamento, se quisesse apenas deixar as pautas correrem soltas, o governo n�o ganhava nada aqui dentro. Tudo � feito por responsabilidade, principalmente responsabilidade com o Brasil, que tem a C�mara e o Senado tamb�m. � uma pena que o ministro tenha dito isso. A gente espera que possa continuar com nosso di�logo com o governo, organizando as pautas e votando aquilo que a gente considera mais importante para o Brasil”, alertou Maia.