N�o � a primeira vez que a Pol�cia Militar do Cear� atira em uma autoridade durante conflito em uma greve da categoria. No dia 29 de julho de 1997, 376 policiais aderiram � paralisa��o durante uma passeata no centro de Fortaleza, gerando um grande conflito entre os Policiais Militares cearenses e a tropa do Grupo de A��es T�ticas Especiais (Gate) do Estado. Tiros foram disparados e um deles atingiu, pelas costas, o comandante-geral da Pol�cia Militar, coronel Mauro Benevides. Foi acertado no ombro. O tenente-coronel Antonio Oliveira Ferreira foi atingido na perna. Outras sete pessoas ficaram feridas.
O governo federal est� acompanhando o recrudescimento dos �nimos entre policiais militares, neste momento, restritos ao Cear� e Para�ba. H� preocupa��o com a possibilidade de contamina��o. Um dos ingredientes para esse caldo de fervura, na avalia��o de fontes consultadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi a postura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que, mesmo com graves problemas de caixa no Estado, concedeu um reajuste salarial para o pessoal da seguran�a, de 47,1% divididos entre este ano e 2022.
Esse gesto, em um ano eleitoral, avaliam fontes do Planalto, podem servir de indutor para mobiliza��o de PMs em outros Estados. O cen�rio, observam, � grave porque, em muitos Estados, se espalhou pelo Pa�s a politiza��o das pol�cias, com governadores nomeando comandantes por indica��es pol�ticas e promo��es nas corpora��es sendo concedidas tamb�m por estas mesmas indica��es.
Isso leva o policial a ter mais lealdade a quem o indicou do que ao seu superior hier�rquico, desvirtuando "a regra de ouro" da meritocracia que sempre prevaleceu no meio militar, que depende da hierarquia e disciplina para funcionar.
O outro problema grave que tem acontecido e repetido, em v�rios Estados, inclusive no Cear�, lembrado pelas fontes, � a concess�o de anistia aos grevistas, inicialmente pelas Assembleias Legislativas e, depois, estendida em Bras�lia, pelo Congresso.
A Pol�cia Militar, que � a representante armada do Estado, � proibida por lei de fazer greve. Quando pol�cia faz "greve", na verdade, est� fazendo motim, que � um crime. E crimes, em institui��es militares, costumam ser duramente punidos, para que n�o ocorram de novo.
No entanto, nos �ltimos anos, al�m das Assembleias Legislativas do Estados, o Congresso Nacional, em um gesto considerado irrespons�vel pelas For�as Armadas, � �poca, concedeu anistia a policiais militares de Esp�rito Santo, Cear� e Minas Gerais por movimentos grevistas entre 1� de janeiro de 2011 e 7 de maio de 2018.
A lei, que no caso de Minas tamb�m deu anistia a policiais civis e agentes penitenci�rios, foi sancionada pela ex-presidente petista Dilma Rousseff.
O temor � de que, em ano de elei��es, mesmo que apenas municipais, com pol�cias politizadas e governantes vendo a capilaridade da tropa estadual, considerando-os excelentes cabos eleitorais, ganhe for�a o que se viu no Cear� e isso se espalhe pelo Pa�s. Mesmo com o Supremo Tribunal Federal (STF) sempre lembrando que a Constitui��o pro�be greve de militares, o fen�meno de paralisa��es seguidas de anistias tem se repetido.
POL�TICA