A uma semana das manifesta��es contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), subiu o tom das cr�ticas ao presidente Jair Bolsonaro. Ao participar de um debate em S�o Paulo, ontem, Maia disse que o entorno do governo tem uma estrutura para "viralizar o �dio" por meio de fake news e que Bolsonaro afasta investidores ao gerar incertezas sobre seus compromissos com a democracia e o meio ambiente.
"N�o temos os recursos e a estrutura que o entorno do governo tem para viralizar tantas fake news como tem sido feito nas �ltimas semanas", afirmou o deputado do DEM, durante palestra sobre a agenda parlamentar em 2020 no Instituto Fernando Henrique Cardoso, no centro de S�o Paulo. Maia tem sido um dos principais alvos de mensagens contra o Congresso que circulam em redes sociais de apoiadores do governo. Ele buscou outras autoridades e empres�rios para tentar uma resposta conjunta ao que classifica como escalada autorit�ria (mais informa��es nesta p�gina).
Maia abriu seu discurso de ontem dizendo que vivemos uma "contesta��o das democracias liberais" e que a tecnologia virou um campo de ataque �s pessoas. "Nada disso custa pouco. Um rob� custa US$ 12 por m�s." Em dezembro, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), antiga apoiadora de Bolsonaro, afirmou � CPMI das Fake News, que um dos mais ativos grupos de propagadores de not�cias falsas e ataques pessoais � o chamado "gabinete do �dio", integrado por assessores especiais da Presid�ncia. Parlamentares que acompanham os trabalhos da CPMI estimam que uma estrutura deste tipo custaria R$ 1,5 milh�o por m�s.
Economia
Dois dias ap�s o an�ncio do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, que frustrou economistas, o presidente da C�mara afirmou que a omiss�o do governo pode levar ao "estancamento de reformas". "O governo prometeu muito, mas n�o entregou. Tinha uma previs�o de crescimento de 2,5% e cresceu 1.1%." O parlamentar criticou, ainda, a demora no envio das propostas do Executivo para as reformas tribut�ria e administrativa. Segundo ele, a reforma da Previd�ncia "foi abandonada pela equipe do governo". "Foi o Parlamento quem colocou a pauta e tocou a pauta", disse. Para Maia, "o Parlamento precisa n�o s� reformar o Estado, mas tamb�m reformar os setores" como forma de atrair capital estrangeiro.
Enquanto comentava a economia, Maia lembrou um encontro recente com empres�rios europeus. Afirmou que investidores de outros pa�ses lhe disseram que deixaram de colocar dinheiro no Brasil por causa do presidente Bolsonaro. "O governo gera uma inseguran�a grande para sociedade e para os investidores. As pessoas est�o deixando de investir pela quest�o do meio ambiente e pela quest�o democr�tica."
Sentado ao lado Maia na palestra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tamb�m criticou o governo. "Quando o presidente n�o exerce o poder, outras for�as exercem. Quando a lideran�a n�o exerce o papel de agrega��o, as coisas n�o andam", afirmou o tucano, para quem falta rumo � gest�o Bolsonaro. Ao final de seu coment�rio, FHC teceu elogios ao presidente da C�mara. "Gra�as a Deus temos lideran�as no Congresso. A principal delas est� aqui ao meu lado."
Apesar disso, Maia afirmou que o Congresso n�o quer ter "um mil�metro do que � responsabilidade do Executivo". "Cria-se conflitos onde n�o existe em um Pa�s com 11 milh�es de desempregados. N�o podemos discutir uma coisa criada para viralizar o �dio, que � essa quest�o de parlamentarismo branco", disse.
Desequil�brio
O termo parlamentarismo branco foi usado pelo ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno, flagrado em uma transmiss�o nas redes sociais em 18 de fevereiro dizendo que o governo "n�o pode aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo", ao se referir ao Congresso. A divulga��o das declara��es do ministro passou a ser utilizada por grupos bolsonaristas para convocar para o ato contra os parlamentares. Em sua fala ontem, Maia disse que Heleno tornou-se o "ministro do desequil�brio". "Transformam temas falsos em verdades nas redes sociais para gerar um inimigo contra o governo." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA