Em um momento de crescente tens�o entre o Executivo e os demais poderes e ap�s o presidente Jair Bolsonaro voltar a defender as manifesta��es do dia 15 de mar�o, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Antonio Dias Toffoli, declarou ao Estado que "as disputas pol�ticas que se aproximam n�o podem estar acima dos interesses nacionais". Para ele, "n�o adianta ficar pensando em disputas regionais" em um momento em que "o importante � o Brasil estar pacificado e voltar a crescer".
Toffoli n�o quis comentar especificamente a convoca��o feita por Bolsonaro ontem durante discurso em Roraima, quando estava a caminho da viagem de quatro dias aos Estados Unidos. "N�o � papel do presidente do Supremo ser comentarista de falas dos presidentes dos outros poderes", afirmou.
A fala de Bolsonaro foi publicada em suas redes sociais e na de seus filhos e apoiadores. O presidente do STF afastou a possibilidade de se juntar ao presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para que, caso desejem se posicionar em rela��o � fala de Bolsonaro, o fa�am de maneira conjunta. "O papel do STF nunca � de tomar atitude ativa. � de ser �rbitro e mediar e pacificar, quando chamado", afirmou Toffoli. Para ele, n�o cabe ao Supremo se unir a A, B ou C porque o papel da Corte "� de promover a harmonia entre os poderes".
A nova convoca��o de Bolsonaro desagradou a todos e subiu um tom na j� turbulenta disputa entre Congresso e Executivo, ap�s um breve per�odo de arrefecimento no in�cio da semana com a conversa entre Bolsonaro e Alcolumbre, quando uma pequena bandeira da paz foi acenada entre os dois. Um dos panos de fundo � a queda de bra�o em torno do controle sobre R$ 30 bilh�es do Or�amento. O dito acordo assinado em torno do Or�amento, que deixaria R$ 19 bilh�es desse total com o relator-geral do Or�amento e devolveria o controle sobre R$ 11 bilh�es para o Executivo, ainda conta com resist�ncia do Planalto.
No meio pol�tico, no entanto, h� quem acredite que Bolsonaro tem um �nico objetivo: retirar do foco o resultado magro do crescimento do Pa�s. A atividade econ�mica avan�ou 1,1% em 2019, em desacelera��o ante os dois anos anteriores. Ao convocar a popula��o para as ruas, Bolsonaro chamaria a aten��o para a disputa pol�tica, campo em que o presidente "sabe brigar", tentando colocar uma "cortina de fuma�a" frente �s cobran�as e as preocupa��es manifestadas por integrantes da equipe econ�mica com o baixo crescimento.
Outro ponto por tr�s dessa pol�mica, de acordo com a avalia��o de lideran�as pol�ticas, � o embate entre o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bolsonaro. A declara��o do presidente vem um dia ap�s Maia subir tom nas cr�ticas ao governo. Ambos t�m como base eleitoral o Rio, o que contribuiria para acirrar esse embate. Al�m disso, as articula��es de Alcolumbre para alterar a Constitui��o e permitir a reelei��o para as presid�ncias na C�mara e no Senado, o que tamb�m beneficiaria Maia, seria um ingrediente a mais na tens�o entre os poderes.
Embora o presidente tenha dito que a manifesta��o n�o � contra o Congresso ou o STF, a avalia��o nos bastidores � que chamar um ato em defesa do Poder Executivo transmite a mensagem de que ele precisa ser defendido. Neste caso, levanta suspeitas sobre quem estaria atacando a institui��o, fomentando o clima de tens�o e polariza��o.
Cr�ticas. O presidente foi criticado pelo l�der do PSL no Senado. Major Ol�mpio (SP). "Esse discurso foi como apagar o fogo com gasolina. O presidente virou protagonista das manifesta��es." O l�der dos Democratas na C�mara, Efraim Filho (PB), disse que Bolsonaro, em vez de "insuflar manifesta��es" deveria construir condi��es para a retomada do crescimento econ�mico." L�der da minoria na C�mara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que reunir� outros l�deres para discutir uma resposta conjunta. "A gente precisa dar um basta." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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POL�TICA
Toffoli diz que disputas n�o podem estar acima do Pa�s
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