'Cabe �s autoridades dar o exemplo'

O jornal O Estado de S. Paulo entrevistou Nancy Bellei, professora de infectologia da Unifesp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Quais s�o os riscos de uma pessoa que deveria estar em isolamento ter esse contato com os manifestantes?

N�o estou por dentro dos exames dele, mas se ele � um contato pr�ximo de um caso confirmado, neste momento que estamos em um esfor�o m�ximo de conten��o do v�rus para evitar uma situa��o pior, acho que, em primeiro lugar, como autoridade do Pa�s, seria importante ele dar esse exemplo de se resguardar. O ideal seria ele se manter em quarentena. Tivemos reuni�o em Bras�lia, mais de 50 especialistas, e chegamos num consenso de que nesse momento a gente deveria endurecer a vigil�ncia e que os contatos domiciliares de pessoas positivas e de viajantes internacionais deveriam fazer um isolamento volunt�rio. O segundo ponto � que eu acho que n�s temos que ser os primeiros que d�o exemplo para a popula��o. Se a gente n�o d� exemplo, fica muito dif�cil explicar uma determinada situa��o.

Fica dif�cil para a popula��o acreditar na seriedade da crise?

Sim, fica dif�cil para a popula��o aderir, achar que � s�rio, achar que tem import�ncia. E nesse momento, em v�rios Estados, n�s estamos pedindo um pre�o alt�ssimo para crian�as da rede p�blica que v�o ficar sem aula. Os pais v�o ter que se virar para trabalhar, h� um impacto econ�mico, crian�as se alimentam na escola, crian�as t�m vulnerabilidade social. Nesse contexto, todos n�s temos que manter a coer�ncia. Cabe a n�s, pessoas p�blicas, profissionais da sa�de, pessoas de ag�ncias, dar o exemplo de coer�ncia.

Ent�o mesmo que ele n�o estivesse classificado como caso suspeito, seria problem�tica essa atitude pelo mau exemplo?

�, as crian�as v�o ficar sem aula, os pais v�o ter que se virar e alguns em manifesta��o? Quer dizer: uns pagam o pre�o e outros mant�m todas as atividades?

Quanto �s pessoas que tiveram contato com ele, tem risco de transmiss�o caso ele esteja contaminado?

A gente ainda n�o sabe para o coronav�rus o potencial de transmissibilidade de uma pessoa sem sintomas. Agora, tudo que a gente n�o sabe, a gente deve prevenir e n�o esperar a experi�ncia demonstrar. Se essa transmiss�o for poss�vel como � poss�vel para influenza (gripe), eu n�o preciso nem tossir nem espirrar. Se eu estiver do lado de uma pessoa com influenza e falar, eu transmito para ela. Se isso for poss�vel tamb�m para coronav�rus, ele pode transmitir. Ent�o n�o � uma atitude de bom senso.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.