
O n�mero de opositores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais superou o de apoiadores nas duas �ltimas semanas, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Desde que Bolsonaro foi a um ato contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal em frente ao Pal�cio do Planalto, em meio � pandemia do coronav�rus, 1,4 milh�o de perfis do Twitter atacaram o presidente, enquanto 1,2 milh�o o defendeu. O levantamento foi feito pela consultoria Bites entre os dias 15 e 26 de mar�o, com base em hashtags (palavras-chave) relacionadas ao mandat�rio na plataforma.
No per�odo da an�lise, Bolsonaro minimizou os efeitos do coronav�rus, uma "gripezinha", em suas palavras, fez um pronunciamento em rede nacional de TV para criticar medidas de isolamento social, como o fechamento do com�rcio e de escolas, e intensificou o embate com governadores, a ponto de discutir com o paulista Jo�o Doria (PSDB) durante uma reuni�o por videoconfer�ncia.
Embora a quantidade de apoiadores do presidente tenha sido menor, eles fizeram mais publica��es: 5,1 posts por perfil, em m�dia, ante 2,1 mensagens de cada opositor. Isso mostra que, mesmo perdendo espa�o nas redes sociais, os simpatizantes de Bolsonaro est�o atuando para n�o deixar a narrativa da oposi��o ficar mais forte, segundo o professor da FGV Marco Ant�nio Teixeira. "� n�tido que cresce uma opini�o p�blica contr�ria ao presidente, sobretudo com o coronav�rus, quando ele assume posi��es amb�guas ao pr�prio Minist�rio da Sa�de", afirmou Teixeira.
Ao analisar o movimento nas redes sociais desde o dia 15, o diretor de Rela��es Governamentais da Bites, Andr� Eler, lembrou que no dia em que participou do ato, Bolsonaro come�ou a ser criticado por influenciadores digitais que j� o apoiaram, como o humorista Danilo Gentili e o youtuber Nando Moura. Tr�s dias depois, foram registrados panela�os contra o presidente em 22 capitais. Segundo o levantamento da Bites, no dia 18, as refer�ncias ao presidente no Twitter atingiram um pico de 2,5 milh�es, ante uma m�dia di�ria de 500 mil. Foram 498 mil mensagens contra o governo e 330 mil a favor.
No dia seguinte, por�m, o bolsonarismo voltou a equilibrar a disputa nas redes com a crise causada pelas declara��es do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) contra a China e a rea��o da embaixada chinesa, que exigiu um pedido de desculpas.
Governadores
Em evid�ncia desde que passaram a recomendar o isolamento social, medida criticada por Bolsonaro, os governadores se fortaleceram nas redes sociais, aponta o levantamento. Governador do Par�, Helder Barbalho (MDB) registrou o maior ganho porcentual entre 20 e 27 de mar�o - 23,9%. No per�odo, viu o n�mero de seguidores em suas redes saltar de 469.241 para 581.420. Na primeira quinzena do m�s, quando a pandemia do novo coronav�rus ainda n�o era discutida, apenas uma publica��o de Barbalho superou 5 mil curtidas. Entre 16 e 26 de mar�o, 26 posts ultrapassaram a marca.
"Como a popula��o est� assustada e Bolsonaro � essa figura err�tica, as pessoas encontraram refer�ncia nos governadores", disse o cientista pol�tico e professor do Insper Carlos Melo. Tamb�m aumentaram suas bases no per�odo os governadores de Santa Catarina, Comandante Mois�s (PSL), 19,76%; do Cear�, Camilo Santana (PT), 15,13%; e do Maranh�o, Fl�vio Dino (PCdoB), 11,56%.
Um dos principais opositores de Bolsonaro, Doria conquistou 56.062 novos seguidores e reverteu uma tend�ncia de perda que o acompanhava desde o in�cio do seu mandato como governador. Ele concentra 30% do volume de seguidores no Twitter, Instagram, YouTube e Facebook entre os chefes dos Executivos estaduais. J� Wilson Witzel (PSC), do Rio, embora ainda tenha menos seguidores que Doria, tem sido mais citado, de acordo com a Bites. Nos �ltimos 12 meses, 336 mil usu�rios do Twitter o mencionaram, enquanto 231 mil falaram sobre Doria.
'Pibinho'
O presidente Jair Bolsonaro come�ou a perder apoio virtual no �ltimo dia 4, quando foi anunciado o resultado do PIB de 2019, de 1,1%, segundo an�lises feitas pelas empresas Bites e Arquimedes, especializadas em medir o comportamento nas redes sociais. Naquele dia, de acordo com levantamento da Arquimedes, Bolsonaro contou apenas com seus apoiadores mais fi�is, perdendo a ades�o de setores liberais e conservadores.
Segundo os analistas, desde ent�o, o presidente tentou reagrupar seus apoiadores, que estavam divididos entre ataques ao governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), e ao PT. Disse, sem apresentar provas, que a elei��o de 2018 foi fraudada, explorou uma reportagem do m�dico Drauzio Varella com uma presidi�ria trans e atacou o Parlamento.
Na semana seguinte, com as quedas das bolsas e a alta do d�lar, Bolsonaro teve o pior desempenho no Twitter desde que tomou posse. No dia 15, quando grupos bolsonaristas foram � ruas contra o Congresso e o Supremo, o presidente voltou a ter popularidade.