Bolsonaro deve destacar fala de diretor da OMS em cadeia nacional de TV

O presidente Jair Bolsonaro far� um novo pronunciamento em cadeia nacional de r�dio e TV nesta ter�a-feira, 31, �s 20h30. A previs�o � de que a fala dure cerca de oito minutos e destaque trecho da entrevista do diretor-geral da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, sobre a situa��o de trabalhadores informais durante a pandemia de coronav�rus. A fala do dirigente, fora de contexto, foi citada pelo presidente nesta ter�a pela manh�, em entrevista em frente do Pal�cio da Alvorada e tem sido compartilhada por apoiadores nas redes sociais.

"Voc�s viram o presidente (sic) da OMS ontem? J� que imprensa n�o divulga, que tal eu ocupar a rede nacional de r�dio e TV hoje � noite para repetir o discurso?", afirmou Bolsonaro ao deixar a resid�ncia oficial. Ser� a quarto vez que Bolsonaro falar� � Na��o desde que os primeiros casos de coronav�rus no Pa�s. Os anteriores ocorreram nos dias 6, 12 e 24 de mar�o.

No discurso da semana passada, o presidente defendeu a "volta � normalidade" no Pa�s e criticou governadores que adotar medidas para reduzir a circula��o de pessoas, como o fechamento de escolas, shoppings e com�rcio. O isolamento social �, segundo especialistas, a forma mais eficaz de se evitar a propaga��o da covid-19. Segundo o Minist�rio da Sa�de, a doen�a havia matado 159 pessoas no Pa�s at� esta segunda, 30.

Segundo Bolsonaro, o diretor-geral da OMS falou "praticamente" que os informais "t�m que trabalhar" durante a crise causada pela pandemia do coronav�rus, na mesma linha do que ele pr�prio tem defendido. O argumento do presidente � de que a crise econ�mica causada pelo confinamento em massa ser� mais prejudicial do que as mortes causadas pela doen�a. Diferentemente do que o Bolsonaro sugere, no entanto, Tedros n�o faz qualquer rela��o entre trabalho e medidas de isolamento.

Ao citar o discurso do diretor da OMS, o presidente n�o deu o contexto em que a declara��o foi dada e omitiu trecho do discurso em que Tedros afirma que governos de todo o mundo precisam garantir assist�ncia a pessoas mais vulner�veis e informar sobre a dura��o das medidas de restri��o de movimenta��o das pessoas.

Tedros usou sua conta no Twitter para esclarecer o assunto na tarde desta ter�a-feira. "Pessoas sem renda regular ou qualquer reserva financeira merecem pol�ticas sociais que lhes garantam dignidade e permitam a elas seguir as medidas de sa�de p�blica contra covid-19 aconselhadas pelas autoridades m�dicas e a OMS."

Em suas entrevistas di�rias, Tedros costuma refor�ar a import�ncia do isolamento social. Na de segunda-feira, 30, ele escolheu, como foco, a sobrecarga dos sistemas de sa�de. A cita��o aos informais veio no fim de sua interven��o.

Pagamento a informais

O Congresso aprovou o pagamento de R$ 600 para os trabalhadores informais poderem ficar em casa nesse per�odo de pico da doen�a. O valor foi negociado com o governo justamente para permitir que tenham renda no per�odo de isolamento.

Trabalhadores formais, com carteira assinada, tamb�m ter�o compensa��o do governo, numa tentativa de evitar que empresas fa�am demiss�es em massa. As companhias poder�o reduzir jornada e sal�rios ou at� suspender contratos. Em contrapartida, o governo vai abrir os cofres e pagar uma parte do seguro-desemprego a que esses trabalhadores teriam direito se fossem dispensados. O porcentual pode chegar a 100% da parcela nos casos de suspens�o do contrato por at� dois meses. O valor cheio do seguro-desemprego hoje vai de R$ 1.045 a R$ 1.813,03.

No plano de quarentena do Minist�rio da Sa�de para abril, maio e junho est� previsto, ainda, "suporte financeiro" para quem tem menos de 60 anos, mas precisa ficar em casa por apresentar doen�a cr�nica, al�m da contrata��o de trabalhadores informais para atuarem como "promotores da sa�de", orientando pessoas na rua e ajudando na limpeza de superf�cies.