Mandetta admite erro e tenta sair do foco

O ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, admitiu a auxiliares ter cometido um erro estrat�gico ao elevar o tom do embate com o presidente Jair Bolsonaro sobre a conduta do governo federal no enfrentamento ao novo coronav�rus e deve submergir, nos pr�ximos dias, para sair do foco da crise. Aliados de Bolsonaro, no entanto, veem com descren�a a promessa do ministro de fazer uma esp�cie de "voto de sil�ncio" sobre suas diverg�ncias com o presidente.

Bolsonaro se reuniu nesta ter�a-feira, no Pal�cio da Alvorada, com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que � do mesmo partido de Mandetta. Nos �ltimos dias, ele tem conversado com dirigentes de siglas do Centr�o, que interpretaram o movimento como uma prepara��o de terreno para a sa�da do ministro da Sa�de.

"O presidente j� abriu esse di�logo e deve partir para a indica��o de um t�cnico no minist�rio", disse o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO). "Enquanto Mandetta n�o sair ou for demitido, esses problemas v�o continuar e Bolsonaro ficar� mais desmoralizado".

Desde o in�cio do m�s, Bolsonaro j� recebeu parlamentares e dirigentes do PP, PL e Republicanos e hoje deve conversar com o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Todos os partidos comp�em o Centr�o.

Mandetta perdeu apoio de militares do governo - que viram em sua entrevista de domingo ao Fant�stico, da TV Globo, um tom de provoca��o - e at� de alguns aliados em secretarias estaduais da Sa�de. Integrantes do minist�rio observaram que, embora esteja defendendo orienta��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), Mandetta adotou t�tica errada ao falar em "dubiedade" na equipe sobre medidas para combater a pandemia.

Mesmo depois de alertado por militares sobre a necessidade de n�o expor diferen�as com Bolsonaro em p�blico, o ministro dobrou a aposta e seguiu contrariando o presidente sobre temas como isolamento social e uso da cloroquina em pacientes diagnosticados com coronav�rus. A entrevista ao Fant�stico pegou Bolsonaro de surpresa e as declara��es de Mandetta foram encaradas como um ato premeditado de quem quer for�ar a demiss�o.

Auxiliares do presidente observam que ele s� n�o dispensou o ministro ainda porque faz um c�lculo pragm�tico.

Pesquisas mostram que Mandetta, hoje, � mais popular que Bolsonaro e sua demiss�o, neste momento, agravaria a crise. Atualmente, os cotados para substituir o titular da Sa�de s�o a m�dica Nise Yamaguchi e o deputado Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro.

Sa�da

Em conversas reservadas, Mandetta j� chegou a confidenciar que s� n�o toma a iniciativa de deixar o governo por receio de ficar com o �nus de quem abandonou "o barco" - ou "o paciente", como tem dito - no momento mais dram�tico.

Ap�s participar nesta ter�a de reuni�o ministerial com Bolsonaro, no Planalto, Mandetta foi questionado por jornalistas se eram verdadeiras as an�lises feitas no pr�prio governo sobre sua inten��o de for�ar a sa�da da equipe.

"N�o vejo nesse sentido. (O que houve) foi mais uma quest�o relacionada � comunica��o, a como vamos comunicar. Nada al�m disso", disse ele. "Sabemos de nossa responsabilidade e estamos trabalhando com toda a garra". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.