
O presidente Jair Bolsonaro come�ou a procurar nomes que possam substituir o ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, com quem tem divergido publicamente sobre a estrat�gia de combate ao novo coronav�rus. As consultas chegaram ao conhecimento de Mandetta, que, diante da situa��o constrangedora, avisou a equipe que ser� demitido.
Bolsonaro receber� nesta quinta-feira no Pal�cio do Planalto o oncologista Nelson Teich, um dos cotados para assumir o lugar de Mandetta. Consultor da campanha de Bolsonaro, em 2018, Teich tem apoio da classe m�dica e mant�m boa rela��o com empres�rios do setor da sa�de. O argumento pr�-Teich � o de que ele trar� dados para destravar debates "politizados" sobre a covid-19. O Estado n�o conseguiu contato com o oncologista.
Integrantes da �rea de sa�de afirmam que a ideia n�o � ceder completamente a argumentos sobre o uso ampliado da cloroquina no tratamento da doen�a nem � abertura total do com�rcio - duas quest�es que op�em Bolsonaro e Mandetta.
Ao conversar com apoiadores em frente ao Alvorada, ontem, Bolsonaro afirmou que resolver� agora a "quest�o da sa�de" para "tocar barco". Questionado se dispensar� Mandetta, n�o respondeu. "Pessoal, estou fazendo a minha parte", disse. Horas depois, o secret�rio de Vigil�ncia em Sa�de, Wanderson de Oliveira, entregou o cargo.
Nem Mandetta nem o secret�rio executivo da pasta, Jo�o Gabbardo, aceitaram, por�m, o pedido. "Entramos no minist�rio juntos, estamos no minist�rio juntos e sairemos daqui juntos", disse Mandetta. Oliveira � um dos principais formuladores da estrat�gia adotada para combater a pandemia, com isolamento social para evitar a propaga��o do v�rus. Bolsonaro sempre foi contra esse modelo, sob o argumento de que o "fechamento" do Brasil levar� ao desemprego em massa.
O ministro admitiu haver "descompasso" entre as diretrizes da pasta e a posi��o de Bolsonaro. "S�o vis�es diferentes do mesmo problema. Se tivesse uma vis�o �nica seria um problema muito f�cil de solucionar, mas n�o �." Para ele, n�o se pode recomendar uso generalizado da cloroquina com base em "achismos".
Corrida
A expectativa da demiss�o de Mandetta alimentou uma corrida entre aliados de Bolsonaro para a escolha de quem dever� comandar a Sa�de neste momento de calamidade p�blica. Bolsonaristas n�o querem um pol�tico na pasta.
Mandetta descobriu que seria demitido ap�s receber liga��es de colegas m�dicos sondados para o cargo. Foi ent�o que ele montou uma opera��o para anunciar sua sa�da a subordinados e evitar mais desgaste. "S� Deus para entender o que querem fazer", escreveu Oliveira na carta de despedida enviada aos colegas de minist�rio, ap�s conversa com o ministro.
O presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein, Cl�udio Lottemberg, tamb�m foi citado para o cargo. Apesar de filiado ao DEM, Lottemberg preside o Lide Sa�de, grupo ligado ao governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro.
A diretora de Ci�ncia e Inova��o da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Ludhmila Hajjar, foi mencionada como poss�vel substituta do ministro. "N�o recebi convite, n�o fui sondada. Sigo tocando minha vida normalmente", disse ela ao Estado.
Os nomes do deputado Osmar Terra (MDB-RS), da oncologista Nise Yamaguchi e do presidente da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), Antonio Barra Torres, perderam for�a no Planalto.
Embora a popularidade de Mandetta seja maior do que a de Bolsonaro, como indicam pesquisas, sua situa��o no governo � considerada insustent�vel desde que elevou o tom do confronto com o presidente. Perdeu, com isso, o apoio do n�cleo militar do governo. No Planalto, interlocutores de Bolsonaro dizem que o ministro, agora, quer posar de "v�tima" e n�o t�m d�vida de que Doria vai lev�-lo para a equipe, com o objetivo de provocar Bolsonaro.
Mapeamento
Com a sa�da de Mandetta dada como certa, o governo teme que uma debandada nos cargos de segundo escal�o leve � paralisia do minist�rio em meio � pandemia. A preocupa��o quanto a um poss�vel desmonte da pasta vem do 4.º andar do Planalto, onde ficam os ministros militares. Eles est�o mapeando que integrantes de escal�es inferiores n�o s�o ligados umbilicalmente a Mandetta e poderiam continuar no governo caso se confirme a troca na Sa�de.
Mandetta se reuniu ontem � tarde, em clima de despedida, com deputados que integram a comiss�o sobre o coronav�rus. Visivelmente abatido, disse que teria pouco tempo � frente da pasta. "Me desculpem por qualquer coisa a�", afirmou. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
