Militares tentam evitar sa�da de Moro ap�s novo choque com Bolsonaro

Os ministros do Pal�cio do Planalto tentam reverter na tarde desta quinta-feira, 23, uma poss�vel sa�da do ministro da Justi�a, Sergio Moro, ap�s o presidente Jair Bolsonaro comunicar a ele que trocar� o comando da Pol�cia Federal, atualmente ocupada por Maur�cio Valeixo. De acordo com interlocutores do presidente, Moro n�o chegou a pedir demiss�o, mas afirmou que n�o concordava com a troca e reavaliaria sua perman�ncia no governo.

Ao final de reuni�o na manh� desta quinta-feira, o ministro da Justi�a deixou o Pal�cio do Planalto sem uma defini��o do seu futuro. Os militares do primeiro escal�o tentam encontrar uma solu��o para o impasse. Bolsonaro quer indicar o nome do chefe da PF, mas Moro resiste a ficar sem Valeixo, com que trabalha desde os tempos da Opera��o Lava Jato, e, principalmente, n�o ter poder de decis�o sobre um dos principais cargos do seu minist�rio.

Nos bastidores, no entanto, a amea�a de demiss�o � encarada como uma press�o de Moro, o ministro mais popular do governo. Por outro lado, Bolsonaro, durante a crise com o ex-ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, disse que n�o h� ministro "indemiss�vel". Em outra ocasi�o, disse que usaria sua caneta contra pessoas do governo que "viraram estrelas". Para interlocutores do presidente, o recado mirava n�o apenas Mandetta, mas tamb�m Moro, que vinha sendo alvo de reclama��o de Bolsonaro por n�o se empenhar na defesa das posi��es do governo.

� a segunda vez que o presidente amea�a impor um novo nome na c�pula da corpora��o. Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo ainda na transi��o, em 2018. O delegado comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor) da PF e foi Superintendente da corpora��o no Paran�, respons�vel pela Lava Jato, at� ser convidado pelo ministro, ex-juiz da Opera��o, para assumir a diretoria-geral.
Embora a indica��o para o comando da PF seja uma atribui��o do presidente, tradicionalmente � o ministro da Justi�a quem escolhe.

Interlocutores de Valeixo dizem que a tentativa de substitu�-lo ocorre desde o in�cio do ano, mas que n�o teria rela��o com o que aconteceu no ano passado, quando Bolsonaro tentou pela primeira vez troc�-lo por outro nome. Na ocasi�o, o presidente teve que recuar diante da repercuss�o negativa que a interfer�ncia no �rg�o de investiga��o poderia gerar.

No ano passado, ap�s Bolsonaro antecipar a sa�da do superintendente da corpora��o no Rio de Janeiro, ministro e presidente travaram uma queda de bra�o pelo comando da PF.

Em agosto, o presidente antecipou o an�ncio da sa�da de Ricardo Saadi do cargo, justificando que seria uma mudan�a por "produtividade" e que haveria "problemas" na superintend�ncia. A declara��o surpreendeu a c�pula da PF que, horas depois, em nota, contradisse o presidente ao afirmar que a substitui��o j� estava planejada e n�o tinha "qualquer rela��o com desempenho".

Nos dias seguintes, Bolsonaro subiu o tom. Declarou que "quem manda � ele" e que, se quisesse, poderia trocar o diretor-geral da PF.