
O coronav�rus foi novamente a t�nica da live semanal do presidente da Rep�blica, Jair Bolsonaro (sem partido), desta quinta-feira. O presidente alimentou novamente a dicotomia ‘economia’ x ‘vidas’ e desdenhou das orienta��es da Organiza��o Mundial de Sa�de, usando o argumento de que o presidente da entidade n�o � m�dico.
“Estou respondendo processos dentro e fora do Brasil, sendo acusado de genoc�dio, por ter defendido uma tese diferente da OMS. Pessoal fala tanto em seguir a OMS. O diretor presidente da OMS � medico? N�o � medico! Sabia disso? � a mesma coisa de falar, aqui no Brasil, que o presidente da Caixa n�o fosse algu�m da economia. N�o tem cabimento. Se eu fosse presidente da Caixa, com todo respeito, n�o ia fazer nada l�. Se voc� viesse para o ex�rcito, n�o ia fazer nada l� tamb�m”, disse Bolsonaro, dirigindo-se a Pedro Guimar�es, presidente da Caixa Econ�mica Federal, que o acompanhava durante o pronunciamento, publicado no Facebook.
O et�ope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, realmente n�o � m�dico. � bi�logo, com mestrado em Imunologia e Doen�as Infecciosas (Universidade de Londres) e doutorado em Filosofia e Sa�de Comunit�ria (Universidade de Nottingham, Reino Unido). Foi ministro da Sa�de e das Rela��es Exteriores da Eti�pia, presidente do Conselho Executivo da Uni�o Africana, presidente do Fundo Global de Combate � Aids, Tuberculose e Mal�ria, al�m de acumular outras diversas experi�ncias ligadas � �rea da sa�de.
Cita��o recorrente
N�o � a primeira vez que o presidente da Rep�blica usa o nome de Tedros Adhanom durante a crise da COVID-19. Apesar de ter dito nesta quinta que “defende tese diferente da OMS”, Bolsonaro j� usou uma fala de Adhanom para tentar validar seu discurso.
No dia 31 de mar�o, Bolsonaro distorceu uma declara��o do diretor da OMS sobre a volta ao trabalho de trabalhadores informais. Naquela ocasi�o, Bolsonaro disse que o chefe da OMS estaria “associado” ao seu posicionamento sobre o fim da quarentena.
No dia 31 de mar�o, Bolsonaro distorceu uma declara��o do diretor da OMS sobre a volta ao trabalho de trabalhadores informais. Naquela ocasi�o, Bolsonaro disse que o chefe da OMS estaria “associado” ao seu posicionamento sobre o fim da quarentena.
Entretanto, Bolsonaro omitiu o trecho em que o diretor da entidade explica que � preciso que os governos dos pa�ses garantam assist�ncia �s pessoas que ficaram sem renda durante o isolamento recomendado pela pr�pria OMS.
“O que ele disse praticamente, em especial, os informais, t�m que trabalhar. (...) Ele estava um pouco constrangido parece, mas falou a verdade, a gente conhece ele com maior profundidade do passado, mas achei excepcional a palavras dele e meus parab�ns: OMS se associa ao presidente Bolsonaro”, afirmou Jair Bolsonaro.
Ap�s a pol�mica, Tedros Adhanom se manifestou pelo Twitter, refor�ando a afirma��o de que as pessoas devem seguir em isolamento e que aqueles que ficarem sem rendimentos sejam assistidos por pol�ticas sociais governamentais.
“Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem pol�ticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de sa�de p�blica para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de sa�de e pela OMS. Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os pa�ses a desenvolverem pol�ticas que forne�am prote��o econ�mica �s pessoas que n�o possam receber ou trabalhar devido � pandemia da covid-19. Solidariedade”, disse o presidente da OMS.