A secret�ria de Cultura do governo Jair Bolsonaro, Regina Duarte, se desculpou sobre seu sil�ncio diante das recentes perdas na cultura nacional, lamentou as consequ�ncias da COVID-19 na cena art�stica e minimizou a tortura durante o regime militar no Brasil, na tarde desta quinta-feira (7), em entrevista � CNN Brasil.
"A COVID-19 est� trazendo uma morbidez insuport�vel, n�o t� legal", disse Regina Duarte. Questionada por n�o publicar mensagens sobre recentes perdas na cultura nacional, ela pediu desculpas e disse que envia carta com papel timbrado �s fam�lias. “Pode ser que eu esteja errando. Vou me corrigir. N�o fiz por mal, pe�o desculpas”.
Ela afirmou que foi cobrada pela assessoria de comunica��o para publica��o de nota desde a primeira morte. “Eu optei por mandar uma mensagem como secret�ria �s fam�lias das pessoas. Eu pensei ‘ser� que a Secretaria vai virar um obitu�rio?’”, indagou, dizendo ainda que n�o conheceu pessoalmente todos que morreram, como o compositor Aldir Blanc. “O reconhecimento ou existe ou n�o existe. Aldir Blanc por exemplo eu nunca estive (com ele)”.
‘Sempre houve tortura’
A secret�ria de Cultura afirmou que a cultura est� acima de ideologias. “Pessoal de cultura n�o tem partido. Eu acho essa coisa de esquerda e direita est�o abaixo do patamar da cultura. Tem que olhar pra frente, ser construtivo, amar o pa�s”, disse.
Regina Duarte declarou que n�o concorda com a cobran�a sobre o que ocorreu nos anos 60 durante o regime militar, um per�odo de censura, persegui��o a advers�rios pol�ticos, pris�es arbitr�rias, tortura e mortes de opositores. Neste momento, o rep�rter Daniel Adjuto respondeu: “Foi um per�odo muito dif�cil, n�? Tem muita hist�ria, muita gente morreu na ditadura, essa � a quest�o”. Em tom de risada, a secret�ria acrescentou: “Na humanidade, n�o para de morrer. Se voc� fala 'vida', do lado tem morte. Sempre houve tortura. Stalin, Hitler, quantas mortes... n�o quero arrastar um cemit�rio de mortes nas minhas costas”, afirmou.
Sa�da de Moro
Regina Duarte tamb�m comentou sobre a demiss�o do ex-ministro S�rgio Moro. “Fiquei profundamente triste por ele, pelo presidente Bolsonaro, pelo povo brasileiro”, lamentou. A secret�ria contou que guarda foto dos dois juntos. “Muito triste, n�o tem outra palavra pra isso. Fiquei t�o traumatizada que n�o quero entrar nessa hist�ria”.
Poss�vel demiss�o
Ela tamb�m descartou rumores de uma poss�vel demiss�o durante reuni�o com o presidente Jair Bolsonaro, que ocorreu na quarta-feira (6). “Eu sinto resist�ncia da burocracia”, afirmou. “Demiss�o? N�o, nada disso. Isso � uma narrativa que corre l� fora, pelo mundo. As pessoas parece que t�m certa ansiedade de me ver fora. Demiss�o, exonera��o, s�o coisas que est�o rolando sempre. Agora � na carne. Em nenhum momento (foi falado em demiss�o). Estava um clima superbom, superanimado, feliz, leve, rindo. Ele (Bolsonaro) est� sempre rindo. Ele brinca muito. Foi um momento leve, descontra�do”.
A reuni�o contou ainda com a presen�a de S�rgio Camargo, apontado como principal cr�tico da secret�ria. “Eu j� nem acredito mais nisso, porque as hist�rias s�o t�o esparatadas, vivemos em um mundo t�o distorcido por alguns ve�culos de comunica��o, que j� nem sei se ele � um antagonista meu. Seria uma pessoa que me questiona, at� agressivamente. Ent�o, n�o sei, porque evito me contaminar com as m�dias sociais”, disse.
Ela revelou que, quando o presidente a convidou para o cargo, ele teria dito: “Tem certeza que voc� quer aceitar essa miss�o que estou te propondo?”. Regina Duarte disse que aceitaria 'para servir o governo'. “Ele disse que o jogo era pesado e que eu iria levar muita pedrada. Eu disse que tenho visto o quanto levavam pedrada. Tenho consci�ncia limpa de que n�o preciso ficar me envenenando com essas pedradas. Ent�o, n�o chego perto delas e elas n�o v�o me atingir. Estou tranquila”.
CNN se posiciona ap�s entrevista
A CNN esclarece que Regina Duarte interrompeu a entrevista exclusiva concedida ao �ncora Daniel Adjuto no final da tarde de hoje, no programa CNN 360º. A interrup��o aconteceu quando foi exibido um depoimento da atriz Mait� Proen�a, solicitado pela emissora no in�cio da tarde de hoje, para debater as quest�es do setor cultural no Brasil. A secret�ria entendeu que o v�deo de Mait� se tratava de uma grava��o antiga e decidiu encerrar sua participa��o. A CNN lamenta o epis�dio e reafirma seu compromisso de sempre ouvir todos os lados para informar melhor o pa�s.