Embora recorra com cada vez mais frequ�ncia a integrantes das For�as Armadas, o presidente Jair Bolsonaro, influenciado pelos filhos, demonstra inc�modo com o destaque obtido por ministros militares apontados como "tutores" e "bombeiros" de um governo que acumula crises. Para Bolsonaro, os auxiliares fardados ficam com os louros do que considera "aspectos positivos" de sua gest�o, enquanto que ele e auxiliares civis afinados com o discurso ideol�gico s�o atacados.
Bolsonaro, segundo apurou o Estad�o, chegou a cobrar ministros para que se manifestassem publicamente contra reportagens que citam cr�ticas de militares, de modo reservado, a ele e tamb�m como um contraponto aos filhos.
Atualmente, tr�s generais t�m assento no Pal�cio do Planalto. S�o os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno. O trio atuou tentando contornar as crises envolvendo os ex-ministros da Justi�a S�rgio Moro e da Sa�de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que deixou a pasta anteontem.
Na ter�a-feira, 12, o trio de ministros militares prestou depoimento no inqu�rito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a acusa��o de Moro de que Bolsonaro tentou interferir na Pol�cia Federal. Moro afirmou que os tr�s se dispuseram a conversar com o presidente para tentar encontrar um consenso sobre a substitui��o de Maur�cio Valeixo no comando da corpora��o.
De acordo com pessoas pr�ximas ao presidente, as crises foram usadas para ver rea��es e posicionamentos de seus auxiliares oriundos das For�as Armadas. Segundo relatos, existe um trabalho de cruzamento do que sai na imprensa e as movimenta��es internas em uma tentativa de rastrear as fontes.
No dia 25 de abril, o filho do presidente e vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos - RJ) reclamou publicamente no Twitter com uma indireta aos militares. Na publica��o, ele anexou uma reportagem do Estad�o com o t�tulo: "Sa�da de Moro e troca no comando da PF t�m digitais do vereador Carlos Bolsonaro". "Notaram que tudo que pega mal � primeira vista do p�blico a imprensa diz que eu estou envolvido, e tudo o que pega bem vai para a conta de uma determinada 'ala'? Algu�m acha mesmo que apoiar Bolsonaro e n�o receber cr�ticas di�rias da imprensa n�o �, no m�nimo, incoerente", escreveu o vereador.
De acordo com interlocutores do filho do presidente, ele est� convencido de que a divulga��o na imprensa da exist�ncia do "gabinete do �dio" - nome dado ao grupo de assessores que mant�m liga��o com Carlos e que atua nas redes sociais de Bolsonaro - teve a participa��o de auxiliares militares do presidente, que t�m a inten��o de diminuir sua influ�ncia na comunica��o do governo. "Ser� que acham que ningu�m notou que a imprensa faz para esse grupo exatamente o que ela diz que um 'gabinete do �dio' faz para o presidente, s� que neste caso com uma estrutura gigantesca e leg�tima, verdadeiramente capaz de assassinar reputa��es pois fala sob o mantra da institui��o?", atacou Carlos.
O recado do 02 foi refor�ado com questionamentos do presidente a ministros generais sobre por que eles n�o contestam not�cias com cr�ticas da ala militar a ele. Apesar do inc�modo, Bolsonaro segue recorrendo �s For�as Armadas para preencher cargos. Alega que a forma��o militar garante �tica e comprometimento com o trabalho, mas outro motivo � que, sem partido e sem quadros qualificados em seu entorno, tem dificuldades para encontrar nomes para posi��es-chave.
Contesta��es
No mesmo dia em que Carlos fez cr�ticas � ala militar, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, contestou no Twitter uma reportagem do Estad�o que revelava que oficiais-generais, em car�ter reservado, avaliavam que o presidente n�o recuperaria capital pol�tico ap�s a sa�da de Moro do governo. "Nenhum de n�s: Heleno, Fernando, Braga Netto e R�go Barros afirmamos isso", escreveu citando respectivamente os ministros do Gabinete de Seguran�a Institucional, da Defesa e da Cada Civil, e o porta-voz da Presid�ncia.
Chefe do GSI, general Heleno, no �ltimo dia 12, tamb�m contestou pela rede social uma not�cia da revista Veja negando que os generais tenha assistindo ao v�deo de Moro para "alinhar vers�o em depoimento" � PF. "N�o alinhei minha vers�o a ningu�m", rebateu.
Diariamente, o presidente, nas primeiras horas da manh�, costuma enviar links de reportagens e arquivos na �ntegra dos principais jornais do Pa�s aos seus auxiliares e cobrando explica��es. Uma de suas reclama��es mais frequentes � que muitas vezes tomar conhecimento pela imprensa do que acontece em seu governo.
No �ltimo dia 5, para se defender das acusa��es de Moro de que tentou interferir politicamente na PF, Bolsonaro exibiu o seu celular com um trecho da conversa com o ex-ministro. Na ocasi�o foi poss�vel notar que no dia 23 de abril, o presidente encaminhou links do Estad�o e da Folha de S.Paulo para Moro com a seguinte frase: "Amanhe�a bem desinformado". Naquele dia, a manchete do Estad�o era sobre o programa Pr�-Brasil, anunciado pelo ministro-chefe da Casa Civil sem o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes: "Ala militar imp�e obras; equipe de Guedes diz que n�o h� verbas." Moro respondeu: "Imprensa n�o � f�cil." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA