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Estado de Minas

''Pum do palha�o'', exonera��es e chilique ao vivo: a breve trajet�ria de Regina Duarte no governo

Atriz ocupou cargo de secret�ria de Cultura por pouco mais de dois meses


postado em 20/05/2020 16:15 / atualizado em 20/05/2020 16:38

Em anúncio no Palácio do Planalto, atriz mostrou bom entendimento com Bolsonaro, apesar da saída (foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)
Em an�ncio no Pal�cio do Planalto, atriz mostrou bom entendimento com Bolsonaro, apesar da sa�da (foto: Ant�nio Cruz/Ag�ncia Brasil)
Em um dos pap�is mais conhecidos de sua carreira art�stica, Regina Duarte viveu a Vi�va Porcina, na novela Roque Santeiro (1985). Supostamente casada com o protagonista, a personagem era chamada de “a que foi sem nunca ter sido”.

A alcunha veio � tona na m�dia e nas redes sociais nesta quarta-feira, 20, quando Regina deixou a Secretaria de Cultura do governo federal, onde de fato foi nomeada secret�ria, em 4 de mar�o, mas pouco fez em dois meses de gest�o.  

Depois de 45 dias de uma indefini��o chamada por ela e Bolsonaro de “noivado”, a atriz de 73 anos assumiu a Secretaria no lugar de Roberto Alvim, demitido em dezembro por publicar um v�deo institucional da pasta com conte�do nazista.

Uma das primeiras a��es de Regina no comando da Secretaria foi exonerar o ent�o presidente da Funarte, Dante Mantovani, nomeado por Alvim. A presen�a do ex-maestro no cargo era motivo de pol�mica e desgaste com a classe art�stica, j� que Mantovani era conhecido por um v�deo publicado anteriormente em seu canal no YouTube, dizendo que o “rock leva ao aborto e ao satanismo”

Outros presidentes de �rg�os da cultura foram demitidos de imediato por Regina, em uma tentativa de tornar o setor mais moderado em rela��o � ideologia pol�tica, em compara��o �s escolhas feitas pelo antecessor Roberto Alvim. As decis�es fizeram Regina perder prest�gio tanto com o presidente, quanto com seus apoiadores.

O pr�prio Bolsonaro admitiu certa decep��o com a escolhida, em uma entrevista no fim de abril, quando declarou: “Infelizmente, a Regina est� trabalhando pela internet ali e eu quero que ela esteja mais pr�xima. Uma excelente pessoa, um bom quadro, � tamb�m uma secret�ria que era minist�rio, muita gente de esquerda, pregando ideologia de g�nero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da popula��o n�o admite, e ela tem dificuldade nesse sentido”. 

 

O �pice do estranhamento com o governo veio em 5 de maio, quando Mantovani foi renomeado presidente da Funarte pela manh�, na publica��o do Di�rio Oficial da Uni�o, e novamente exonerado, no fim da tarde.

No mesmo dia, um �udio vazado pela revista Cruso� flagrou uma fala da ex-secret�ria com uma assessora, dizendo suspeitar que estava sendo dispensada pelo presidente.

Se com o governo o clima era ruim, entre a classe art�stica ela tamb�m n�o tinha apoio e foi criticada desde que assumiu a pasta e comparou a cultura “ao pum produzido com talco espirrando do traseiro do palha�o que faz a risadaria da crian�ada”, em seu discurso de posse. “Cultura � assim, feita de palha�ada, de m�sica, de musicais”, disse ela ainda no come�o de mar�o. Sem nem apresentar planos concretos para o setor, Regina foi muito cobrada, sobretudo quando a pandemia imp�s dificuldades ainda maiores ao desenvolvimento da atividade cultural no pa�s.

O per�odo no cargo coincidiu justamente com o avan�o do novo coronav�rus no Brasil e foi marcado pela morte de grandes personalidades da cultura nacional, em fun��o ou n�o da COVID-19. A lista inclui o compositor Aldir Blanc, a maestrina Naomi Munakata e o artista pl�stico Daniel Azulay, v�timas da doen�a, al�m dos escritores Rubem Fonseca e Luiz Alfredo Garcia-Roza, o m�sico Moraes Moreira e o ator Fl�vio Migliaccio, que faleceram por outras causas.

Em comum, eles tiveram o descaso por parte do �rg�o chefiado por Regina Duarte, que n�o chegou nem a emitir nota ou prestar qualquer homenagem, o que rendeu algumas das cr�ticas mais duras que a ex-secret�ria sofreu da classe art�stica. 

Uma delas foi feita pela atriz Mait� Proen�a, ao vivo, enquanto a ent�o secret�ria participava de uma entrevista � emissora CNN Brasil, no dia 7 de maio, que foi a derrocada final.

Convidada pela produ��o, Mait� disse em v�deo que “a Cultura est� perplexa com a falta de informa��o com o que tem sido feito ou proposto. � inexplic�vel o sil�ncio sobre uma pol�tica para o setor. N�s estamos sobrevivendo de vaquinhas”, e ainda que “S�o muitos poucos os que t�m reservas financeiras para milhares [de artistas] que est�o � m�ngua. Enquanto isso, morrem os nossos gigantes: Rubens, Aldir, Fl�vio… Nenhuma palavra de nosso presidente, de nossa secret�ria. Regina, eu apoiei desde o in�cio o seu direito a posi��o que divergia da maioria dos seus. Regina, estou aqui clamando: fale com a sua classe, n�s precisamos de voc�”.

Quando a edi��o retornou para a Regina Duarte, ela esbravejava com os jornalistas, acusando-os de “desenterrar mortos”, alegando que os questionamentos de Mait� eram antigos. Antes do que a pr�pria Regina chamou de “chilique”, ela havia dado declara��es constrangedoras na entrevista, minimizando as mortes e pr�ticas de tortura durante a ditadura militar brasileira (1964 a 1985).

“Na humanidade, n�o para de morrer. Se voc� fala 'vida', do lado tem morte. Sempre houve tortura. Stalin, Hitler, quantas mortes... n�o quero arrastar um cemit�rio de mortes nas minhas costas”, disse ela ao ser confrontada pelo entrevistador sobre a gravidade desses fatos, depois que a atriz cantarolou a marchinha Pra frente Brasil e disse “N�o era gostoso isso?”, na tentativa de destacar pontos positivos do regime ditatorial. 

Regina Duarte deixa o cargo sob aparente boa rela��o com o presidente Bolsonaro, que comentou sobre a mudan�a em suas redes sociais dizendo:”Regina Duarte relatou que sente falta de sua fam�lia, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumir�, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos pr�ximos dias, durante a transi��o, ser� mostrado o trabalho j� realizado nos �ltimos 60 dias”.

Na manh� dessa quarta-feira, os dois estiveram em frente ao Pal�cio do Planalto, entre abra�os, elogios, agradecimentos e promessas. "Vai me prometer que quando vier (ele, Bolsonaro) a S�o Paulo, me acompanhar�", disse Bolsonaro, que ainda atribuiu todo o desgaste entre a ex-secret�ria e o governo � imprensa.


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