O v�deo da reuni�o no Pal�cio do Planalto, divulgado por decis�o do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, � considerado uma pe�a-chave nas investiga��es que apuram as acusa��es, feitas pelo ex-juiz S�rgio Moro, de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Pol�cia Federal. Entre amea�as, ofensas e palavr�es, as imagens mostram o chefe do Executivo cobrando mudan�as no governo e fazendo press�o sobre Moro e os demais auxiliares.
Na reuni�o, ocorrida no m�s passado, Bolsonaro afirmou que j� havia tentado trocar "gente da seguran�a nossa no Rio de Janeiro", e que n�o teria conseguido. "E isso acabou. Eu n�o vou esperar foder a minha fam�lia toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu n�o posso trocar algu�m da seguran�a na ponta da linha que pertence � estrutura nossa. Vai trocar! Se n�o puder trocar, troca o chefe dele! N�o pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! N�o estamos aqui pra brincadeira", disse o presidente da Rep�blica.
Bolsonaro alega que se referia � sua seguran�a pessoal, que � feita pelo Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), e n�o pela PF. De acordo com a transcri��o feita pela PF, o ministro do GSI, Augusto Heleno, n�o fez nenhuma interven��o nesse momento. Reportagem do Jornal Nacional, veiculada na semana passada, mostrou que o presidente fez altera��es - e at� promoveu servidores - em sua seguran�a pessoal semanas antes da reuni�o sem dificuldade.
Moro, por sua vez, afirma que a reuni�o seria uma prova da tentativa de Bolsonaro de interferir no �rg�o. O ex-ministro tamb�m entregou aos investigadores troca de mensagens no celular.
Ao levantar o sigilo do v�deo, Celso de Mello n�o fez ju�zo de valor sobre esse trecho da reuni�o. O ministro, por outro lado, apontou "aparente pr�tica criminosa" na fala do ministro da Educa��o, Abraham Weintraub, que disse que "botava esses vagabundos todos na cadeia. Come�ando no STF".
De acordo com a transcri��o, Moro falou pouco no encontro, n�o questionou as declara��es do presidente e limitou-se a pedir que o plano de recupera��o social e econ�mica Pr�-Brasil tamb�m abordasse quest�es de seguran�a p�blica e de controle de corrup��o.
Durante a reuni�o com o primeiro escal�o do governo, Bolsonaro reclamou que n�o pode ser "surpreendido com not�cias". "P�, eu tenho a PF que n�o me d� informa��es", reclamou o presidente na ocasi�o.
No encontro, o presidente afirmou que n�o esperaria o "barco come�ar a afundar pra tirar �gua" e que, portanto, iria interferir em todos os minist�rios. "A pessoa tem de entender. Se n�o quer entender, paci�ncia, p�! E eu tenho o poder e vou interferir em todos os minist�rios, sem exce��o", disse Bolsonaro. "E n�o d� pra trabalhar assim. Fica dif�cil. Por isso, vou interferir! E ponto final, p�! N�o � amea�a, n�o � uma extrapola��o da minha parte. � uma verdade", completou o presidente, olhando para o lado onde estava Moro.
Pr�ximos passos
Com a divulga��o do v�deo, a investiga��o vai se concentrar agora em novos depoimentos que ser�o recolhidos na semana que vem. O empres�rio Paulo Marinho prestar� depoimento na ter�a-feira, �s 9 horas, no Rio de Janeiro. O empres�rio acusa o senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de ter recebido informa��es vazadas da Opera��o Furna da On�a. Ele j� dep�s � PF e ao Minist�rio P�blico Federal, mas no �mbito de outra investiga��o.
Bolsonaro dever� ser o �ltimo a prestar depoimento no processo e, por ser presidente da Rep�blica, pode enviar as respostas por escrito. Caber� ao procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, decidir se vai apresentar ou n�o uma den�ncia contra o chefe do Executivo. O STF precisa de aval da C�mara para analisar uma eventual den�ncia contra o presidente.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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