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Estado de Minas POL�TICA

Bolsonaro a Moro em 22 de abril: 'Valeixo sai esta semana. Est� decidido'


postado em 24/05/2020 15:14

Uma s�rie de mensagens trocadas entre Jair Bolsonaro e o ent�o ministro da Justi�a, S�rgio Moro, evidencia que o presidente falava da Pol�cia Federal, e n�o da sua seguran�a pessoal, quando exigiu substitui��es nessa �rea na reuni�o ministerial do dia 22 de abril. A cronologia de cinco di�logos aos quais o jornal O Estado de S�o Paulo teve acesso mostra que, tr�s horas antes da reuni�o, Bolsonaro havia comunicado a Moro que o ent�o diretor-geral da PF, Maur�cio Valeixo, seria demitido, sem dar ao seu ministro qualquer alternativa.

As cinco mensagens por WhatsApp obtidas pelo jorna� constam do inqu�rito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura se Bolsonaro interferiu na Pol�cia Federal para ter acesso a informa��es de investiga��es sigilosas contra seus filhos e amigos, como acusou Moro. A reuni�o ministerial � uma das provas anexadas ao inqu�rito, que tem como relator o ministro do STF Celso de Mello. Foi o magistrado quem autorizou a divulga��o do v�deo com o conte�do da reuni�o, na �ltima sexta-feira.

Bolsonaro disse que o encontro do dia 22 de abril n�o comprova que ele atuou para blindar seus parentes. Repetiu, ainda, que falou em trocar a sua "seguran�a" no Rio, e n�o o comando da Pol�cia Federal. As novas mensagens reveladas pelo portal estadao.com.br, contudo, mostram que ele chegou � reuni�o com a decis�o j� tomada de demitir o diretor-geral da PF.

"Moro, Valeixo sai esta semana", escreveu o presidente �s 6h26 do dia 22 de abril. "Est� decidido", continuou ele, em outra mensagem enviada na sequ�ncia. "Voc� pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex oficio" (sic).
A resposta de Moro foi enviada 11 minutos depois, �s 6h37. "Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente. Estou ah (sic) disposi��o para tanto", respondeu o ent�o ministro.

Na reuni�o ministerial, que come�ou �s 10 horas, Bolsonaro demonstrou irrita��o com a falta de acesso a relat�rios de intelig�ncia. "J� tentei trocar gente da seguran�a nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e n�o consegui! E isso acabou. Eu n�o vou esperar foder a minha fam�lia toda, de sacanagem, ou amigos meu (sic), porque eu n�o posso trocar algu�m da seguran�a na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se n�o puder trocar, troca o chefe dele! N�o pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! N�o estamos aqui pra brincadeira", disse o presidente, olhando para Moro.

As mensagens que agora v�m � tona, trocadas entre o presidente e o ent�o ministro, contrariam a vers�o de Bolsonaro de que Valeixo pediu para ser demitido. Al�m disso, ajudam a explicar o comportamento de Moro na reuni�o ministerial. O ex-juiz da Lava Jato ficou em sil�ncio quando foi constrangido por Bolsonaro, que cobrou mudan�as nas �reas de intelig�ncia. �quela altura, ele j� havia sido comunicado da decis�o unilateral de demitir Valeixo, sem que pudesse opinar a respeito.

Bolsonaro tem sustentado em entrevistas que foi Valeixo quem pediu para ser demitido. Segundo ele, isso comprova que n�o houve interfer�ncia da sua parte. "O senhor Valeixo de h� muito vinha falando que queria sair. Na v�spera da coletiva do senhor S�rgio Moro, dia 24 (de abril), o senhor Valeixo fez uma videoconfer�ncia com os 27 superintendentes do Brasil, onde disse que iria sair.

Eu liguei pro senhor Valeixo, o qual respeito, na quinta-feira, � noite. Primeiro ele ligou pra mim. Depois eu retornei a liga��o pra ele. �Valeixo, tudo bem?. Sai amanh�? Ex-officio ou a pedido?�. A pedido (foi a resposta de Valeixo, segundo Bolsonaro). E assim foi publicado no DOU. Lamento ter constado o nome do ministro da Justi�a ali. � porque � praxe", disse Bolsonaro, na noite de sexta-feira, ap�s a divulga��o do v�deo.

Em depoimento no inqu�rito, no �ltimo dia 11 de maio, Valeixo contou que jamais formalizou um pedido de demiss�o. De acordo com ele, um dia antes da publica��o no Di�rio Oficial da Uni�o, recebeu um telefonema do pr�prio presidente questionando se ele concordava que sua exonera��o sa�sse a pedido. Sem alternativa, assentiu. Valeixo relatou, ainda, que Bolsonaro justificou que queria algu�m no cargo com quem tivesse "afinidade".

Pr�ximo da fam�lia Bolsonaro, o delegado Alexandre Ramagem, atual chefe da Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin), foi nomeado para o comando da PF, mas n�o p�de tomar posse por uma decis�o do ministro do STF Alexandre de Moraes. Com isso, a dire��o-geral da corpora��o foi entregue ao delegado Rolando Alexandre de Souza, considerado bra�o direito de Ramagem.

A troca de mensagens foi retirada do celular do ex-ministro S�rgio Moro durante seu depoimento � Pol�cia Federal. Na ocasi�o, peritos da PF fizeram uma varredura completa no celular do ex-juiz para extrair mensagens que poderiam comprovar a acusa��o contra o presidente. Na sexta-feira, o ministro Celso de Mello encaminhou � Procuradoria-Geral da Rep�blica um pedido de partidos de oposi��o para que o celular de Bolsonaro fosse apreendido em busca de mais provas da suposta interfer�ncia dele na PF.

A rea��o do Planalto veio do ministro do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), general Augusto Heleno, que, em nota, disse que uma decis�o favor�vel a esse pedido poderia ter "consequ�ncias imprevis�veis para a estabilidade nacional".

Tr�s horas depois dos di�logos obtidos pelo jornal O Estado de S�o Paulo nos quais Bolsonaro d� a ordem para mudar a Pol�cia Federal ocorreria a reuni�o ministerial tornada p�blica na sexta-feira, na qual Bolsonaro afirma claramente que desejava troca na "seguran�a" do Rio. Chegou a dizer que era alvo de "putaria o tempo todo" para atingir n�o s� ele como sua fam�lia.

Amea�a

Bolsonaro disse ali que n�o podia ser "surpreendido com not�cias" e revelou ter um sistema particular de informa��es. "P�, eu tenho a PF que n�o me d� informa��es", reclamou. O presidente assegurou, ainda, que ia interferir em todos os minist�rios. "E n�o d� pra trabalhar assim. Fica dif�cil. Por isso, vou interferir! E ponto final, p�! N�o � amea�a, n�o � uma � uma extrapola��o da minha parte. � uma verdade", afirmou Bolsonaro, olhando para o lado onde estava Moro.

A vers�o de que o presidente se referia � sua seguran�a pessoal no Rio, e n�o � PF, � colocada em xeque por mudan�as ocorridas no escrit�rio do GSI no Rio, dois meses antes da reuni�o ministerial. A contradi��o foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo. A reportagem mostrou tamb�m que, 28 dias antes daquela reuni�o, o respons�vel pela seguran�a do presidente havia sido promovido.

O jornal O Estado de S�o Paulo procurou a Secretaria Especial de Comunica��o (Secom) para falar sobre as mensagens, mas o Planalto informou que n�o iria comentar. A defesa de Moro disse que "as declara��es do presidente da Rep�blica demonstram, de maneira inquestion�vel, sua vontade de interferir indevidamente" na Pol�cia Federal.

"Esses elementos probat�rios somam-se �s demais dilig�ncias investigat�rias, inclusive ao v�deo da reuni�o de 22 de abril, comprovando as afirma��es do ex-ministro S�rgio Moro", afirmou o advogado Rodrigo Rios. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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