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Estado de Minas POL�TICA

'Gabinete do �dio' do CE mira grupo de Ciro


postado em 31/05/2020 16:09

Na mira do Supremo Tribunal Federal (STF), o "gabinete do �dio" instalado no Pal�cio do Planalto se espalhou pelos Estados. As c�lulas mais avan�adas desse grupo ideol�gico - revelado pelo Estad�o em setembro do ano passado - mant�m a milit�ncia digital inflamada e atuam no Cear�, no Paran�, em Minas Gerais e em S�o Paulo. Numa esp�cie de franquia, cada n�cleo regional conta com assessores lotados em gabinetes da C�mara dos Deputados e em Assembleias Legislativas para movimentar p�ginas de dissemina��o de fake news e linchamentos virtuais de advers�rios do governo.

Um dos n�cleos mais estruturados, o "Endireita Fortaleza" tem amigos at� na assessoria especial do presidente Jair Bolsonaro, no terceiro andar do Planalto. A c�lula n�o foi alvo da opera��o da Pol�cia Federal na quarta-feira passada, mas entrou na mira das investiga��es pelo grau de engajamento nas redes sociais e por liga��es com figuras influentes do governo.

O fundador do "Endireita Fortaleza", o cearense Guilherme Julian, trabalha no gabinete do deputado federal H�lio Lopes (PSL-RJ), o H�lio Neg�o, e tem cargo comissionado com remunera��o mensal de R$ 6,1 mil. Fiel escudeiro de Bolsonaro, o parlamentar ainda emprega o cearense Henrique Rocha, colega de Julian na mesma c�lula. Na movimenta��o de p�ginas e grupos de ataques a l�deres regionais, Julian e Rocha atuam em parceria com assessores lotados em gabinetes da Assembleia. Cely Duarte e Manuela Melo trabalham para o deputado estadual Delegado Cavalcante (PSL).

No Planalto, a c�lula cearense conseguiu empregar Jos� Matheus Sales Gomes, que h� sete anos criou, em Fortaleza, a principal p�gina do grupo no Facebook, a "Direita Vive 3.0". Antes batizada de Bolsonaro Zuero, a p�gina atualmente tem 620 mil seguidores. Com sal�rio de R$ 13,6 mil, Jos� Matheus foi nomeado assessor especial da Presid�ncia, em janeiro de 2019, depois de chamar a aten��o do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) - filho do presidente e comandante do "gabinete do �dio" - pelo engajamento nas redes sociais. Tamb�m ligado � organiza��o de Fortaleza, Mateus Matos Diniz recebe R$ 10,3 mil mensais como comissionado.

O servidor p�blico Adriano Duarte, atual presidente da "Endireita Fortaleza", � casado com a assessora Cely Duarte. "Nosso fundador (Julian) hoje est� em Bras�lia. Todo trabalho, as informa��es, a conex�o das p�ginas est� tudo com ele. � como se fosse nosso moderador, est� entendendo? Como � o fundador, ele � vital�cio, para que mantenhamos a identidade do grupo", afirmou Duarte, que � engenheiro civil.

� reportagem, o deputado H�lio Lopes negou que seus funcion�rios tenham atividade que n�o seja relacionada com o mandato parlamentar, mas evitou dizer quais atribui��es deu a Julian e a Henrique. Questionado sobre como conheceu os assessores e por que resolveu contrat�-los, ele n�o respondeu. "Tenho uma galera l�. Se for lembrar como � que chamou, se por causa disso ou daquilo�", desconversou.

O modus operandi da c�lula cearense � seguido por outros n�cleos do "gabinete do �dio". Os operadores mant�m p�ginas e grupos para defender Bolsonaro, promover linchamentos virtuais de advers�rios locais e incentivar a viola��o do lockdown imposto pelo governador do Cear�, Camilo Santana (PT), como medida de combate ao avan�o do novo coronav�rus.

Nos an�ncios lan�ados nas redes para atrair interessados, o n�cleo apresenta confer�ncias de "estrat�gias de intelig�ncia e press�o popular para a retomada do poder pela sociedade civil organizada" e tamb�m de "milit�ncia profissional". Prega, ainda, a��es contra as fam�lias do ex-ministro Ciro Gomes e de seu irm�o, o senador Cid Gomes (PDT), advers�rios de Bolsonaro.

"H� a clara reprodu��o, no Cear�, do modus operandi do gabinete do �dio instalado na Capital Federal e comandado por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro. Baseia-se na constru��o e disparo de not�cias mentirosas e na tentativa de destruir reputa��es e demonizar a pol�tica", disse Ciro ao Estad�o.

Bolsonaristas. No �ltimo dia 20, o movimento saiu das p�ginas de Facebook e dos grupos de WhatsApp e foi �s ruas em carreata contra o decreto estadual que imp�s o confinamento total na capital cearense. O Estado � o terceiro em n�mero de mortes provocadas pelo novo coronav�rus, mas aliados de Bolsonaro classificam como "ditatorial" a medida adotada pelo governo petista.

Para furar o isolamento, militantes bolsonaristas alegaram que eram da "imprensa alternativa" e estavam nas ruas para fazer uma reportagem. A desculpa n�o convenceu a pol�cia e 25 pessoas foram parar na delegacia. Entre os envolvidos no tumulto estavam Cely Duarte e Manuela Melo, as duas funcion�rias parlamentares. Elas emprestam a imagem para v�deos, textos e montagens que s�o distribu�dos em uma s�rie de p�ginas e grupos administrados pelo movimento.

O papel de Cely e Manuela, segundo o deputado Delegado Cavalcante, que as emprega, � prestar a ele o servi�o de "assessoria sobre conservadorismo". Mesmo n�o tendo carga hor�ria espec�fica na Assembleia, a dupla trabalha por horas a fio. "A gente trabalha de segunda a segunda. Se fosse pagar hora extra para as meninas, n�o tinha como", afirmou o deputado.

Outro destacado integrante da rede cearense com acesso ao Planalto � Alex Melo, ex-assessor de Delegado Cavalcante. Entre junho e novembro de 2019, Melo esteve nove vezes em agendas no terceiro andar do Planalto, onde funciona o "gabinete do �dio". Em seus perfis, ele se exibe circulando em �reas restritas da sede do governo. "Mais BSB. Contribuindo com o governo e desarmando bombas", escreveu Alex como legenda de uma selfie tirada em frente ao Congresso, em outubro. Procurado, ele n�o se manifestou.

Os alvos dos ataques costumam acompanhar a agenda de frituras e ofensivas definida pelos rumos do governo federal. Em outubro, por exemplo, o v�deo compartilhado por Bolsonaro, comparando o Supremo Tribunal Federal a hienas, viralizou. J� em novembro, quando o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva deixou a pris�o, o grupo postou um v�deo antigo de Dias Toffoli - que hoje comanda o STF -, como se o ministro estivesse comemorando a soltura do "patr�o". Mais recentemente foi a vez de S�rgio Moro - o ex-titular da Justi�a que foi juiz da Lava Jato - se tornar personagem de montagens depreciativas.

Origem. O funcionamento da rede bolsonarista foi relatado pela primeira vez em reportagem do Estad�o. Em 25 de fevereiro de 2017, quase dois anos antes de Bolsonaro assumir a Presid�ncia, a reportagem revelou que o grupo pol�tico ligado a ele, ent�o deputado federal do PSC, esteve na linha de frente da comunica��o e da log�stica do motim que parou a Pol�cia Militar do Esp�rito Santo e levou p�nico � popula��o daquele Estado.

Para incentivar a paralisa��o, a organiza��o em torno de Bolsonaro divulgou em grupos de WhatsApp imagens antigas de tiroteios em morros de Vit�ria. Na lista de nomes que lideravam o apoio ao movimento estavam o do agora deputado federal Capit�o Assum��o (PSB) e o do ex-deputado Carlos Manato, aliados de Bolsonaro no Esp�rito Santo.

O Estad�o registrou pela primeira vez tamb�m o termo "gabinete do �dio" e o funcionamento do grupo. Em reportagem publicada em 19 de setembro do ano passado, o jornal relatou que o n�cleo liderado por Carlos Bolsonaro estava instalado dentro do Planalto, era respons�vel pelas redes sociais da Presid�ncia e adotava estilo beligerante nas m�dias digitais, causando desconforto interno no governo. A atua��o do "gabinete do �dio" est� sob investiga��o do inqu�rito das fake news tocado pelo STF, da CPI das Fake News no Congresso e na mira do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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