Enquanto apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pedem interven��o militar e fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional em manifesta��es de rua, que j� tiveram at� participa��o do mandat�rio, o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, disse nesta segunda-feira que Bolsonaro deve parar de ter atitudes "d�bias" em rela��o � defesa da democracia.
Segundo Toffoli, � preciso uma tr�gua entre os Poderes para que o Pa�s consiga enfrentar a pandemia do novo coronav�rus.
"Essa dubiedade (de Bolsonaro) impressiona e assusta a sociedade brasileira e a comunidade internacional. Precisamos de paz institucional, prud�ncia, uni�o no combate � covid-19 e isso se d� atrav�s da democracia", afirmou Toffoli, durante cerim�nia de lan�amento de um manifesto em defesa da democracia e do Judici�rio assinado por mais de 200 entidades. O manifesto se junta a outros documentos divulgados por associa��es de classe e organiza��es da sociedade civil em defesa da democracia na �ltima semana.
Em sua fala, Toffoli n�o deu exemplos do que considera dubiedade nas atitudes de Bolsonaro. O presidente discursou, em 19 de abril, em frente a um ato que, entre outras coisas, pedia a volta do Ato Institucional n� 5, o mais grave ataque aos direitos na ditadura militar. Embora n�o tenha feito nenhum coment�rio sobre os pedidos, o presidente afirmou, dias depois, que quem defendia o fechamento das institui��es estava na "manifesta��o errada".
"N�o � mais poss�vel, e aqui dialogo com presidentes de Poderes, em especial ao presidente Jair Bolsonaro, atitudes d�bias. Tenho uma rela��o harmoniosa (com ele) e com o vice-presidente Hamilton Mour�o. Chegaram ao poder pela democracia, merecem nosso respeito, mas algumas atitudes t�m trazido uma certa dubiedade", disse.
Segundo o presidente do Supremo, manifesta��es que pedem o fechamento do Supremo ou sa�da de ministros n�o t�m cabimento. "Demitir os ministros do STF e colocar o que no lugar? Fazer o qu�? Trazer o que como solu��o?", questionou Toffoli. "Isso n�o est� dentro de nossa carta pol�tica. Nesse momento de combate � pandemia, precisamos de uma tr�gua entre os Poderes", concluiu.
Ataques
Toffoli tamb�m defendeu a Corte de ataques que sofre, principalmente nas redes sociais. Pol�ticos, empres�rios e blogueiros aliados de Bolsonaro s�o investigados por xingamentos e amea�as feitas a ministros do Supremo e seus familiares. Alvo do inqu�rito, a ativista Sara Winter afirmou, h� duas semanas, que iria "perseguir" e "infernizar a vida" do ministro Alexandre de Moraes, respons�vel pela investiga��o. O pr�prio Bolsonaro, que viu a a��o como persegui��o a seu governo, reclamou da atua��o de Moraes publicamente em 28 de maio. "Acabou, porra! Me desculpem o desabafo. Acabou! N�o d� para admitir mais atitudes de certas pessoas individuais, tomando de forma quase que pessoal certas a��es."
"Seguiremos vigilantes em rela��o a qualquer forma de ataque ou amea�a", disse Toffoli. "N�o h� de ter espa�o para confrontos desnecess�rios e artificiais em um momento t�o dif�cil pelo qual passa a na��o brasileira. N�o podemos radicalizar diferen�as a ponto de tornar invi�vel o di�logo." Tamb�m presente ao evento, Moraes afirmou que � importante que o Judici�rio possa atuar de maneira independente.
O manifesto, lan�ado ontem pela Associa��o dos Magistrados Brasileiros (AMB), recebeu a assinatura de Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associa��o Brasileira de Imprensa (ABI), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e Universidade de S�o Paulo (USP). O texto pede autonomia e independ�ncia do Judici�rio e repudia "ataques e amea�as desferidas por grupos que pedem desde a pris�o dos ministros do Supremo at� a imposi��o de uma ditadura no Pa�s".
O manifesto destaca ainda a import�ncia de preservar princ�pios republicanos para combater as crises sanit�ria e econ�mica provocadas pela epidemia da covid-19 no Pa�s. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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