Ao recriar o Minist�rio das Comunica��es, o presidente Jair Bolsonaro tinha um objetivo: resolver o que ele considera ser um "gargalo" em seu governo, a comunica��o social. Mais do que atuar nas pol�ticas para o setor de radiodifus�o, atribui��o de um ministro dessa �rea, o presidente quer que o deputado federal F�bio Faria (PSD-RN) ajude a melhorar a imagem do governo e a impor uma narrativa favor�vel a ele no momento em que o discurso pr�-impeachment come�a a se impor.
O Minist�rio das Comunica��es sempre foi considerado estrat�gico pelos governos. Desde o per�odo militar, quando o setor de telecomunica��es cresceu muito, a pasta j� foi comandada por nomes poderosos da Rep�blica como coronel Euclides Quandt de Oliveira, no governo Ernesto Geisel, e Antonio Carlos Magalh�es e S�rgio Mota, nas gest�es de Jos� Sarney e Fernando Henrique Cardoso.
Muito al�m de responder pela m�dia institucional do governo, a �rea que foi minist�rio at� o final da gest�o de Michel Temer foi marcada por ser uma simbiose entre o Planalto, o Congresso e o setor privado de radiodifus�o. Entre as atribui��es que a empoderam est� a de distribuir concess�es, outorgas e regula��o do setor.
Tradicionalmente, o respons�vel pela comunica��o social � o chefe da secretaria de comunica��o (Secom), e n�o o ministro das Comunica��es. At� agora, Bolsonaro teve dois secret�rios, mas ambos atuavam sob a sombra do "gabinete do �dio" e dos generais que ocupam a maioria dos cargos no Pal�cio do Planalto e tentavam controlar essa �rea tamb�m, que tem como miss�o divulgar os feitos do governo.
A queda de bra�o fez com que a comunica��o do governo ficasse limitada � atua��o do "gabinete do �dio" nas redes sociais. O grupo comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, age de forma a atacar ferozmente qualquer advers�rio do governo, deixando em segundo plano a divulga��o sobre as a��es dos minist�rios.
A mudan�a, no entanto, n�o deve mexer com a estrutura do grupo que � ligado diretamente ao gabinete presidencial. Nem mesmo representa uma derrota para o time de Carlos, atualmente alvejado por um inqu�rito do Supremo Tribunal Federal e pela CPI das Fake News. O movimento foi mesmo um baque para a ala militar. A Secom era subordinada ao general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.
A troca ocorreu ap�s o chefe da Secom e secret�rio executivo da nova pasta, F�bio Wajgarten, ser "esvaziado" pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, que montou uma estrutura de comunica��o paralela, com militares na fun��o de produzir v�deos, divulgar releases e coordenar entrevistas principalmente sobre o enfrentamento do coronav�rus, mas tamb�m de outras a��es do governo.
Com o rearrajno, pelos menos dois generais dever�o perder seus postos: o porta-voz da Presid�ncia, general Ot�vio R�go Barros, e o presidente da Empresa Brasil de Comunica��o (EBC), tamb�m general Luiz Carlos Pereira Gomes.
Rela��o
Ainda de madrugada, Bolsonaro explicou a mudan�a: "Ele (Fabio Faria) n�o � profissional do setor, mas tem conhecimento at� pela vida que tem junto a fam�lia do Silvio Santos. A inten��o � botar o minist�rio pra funcionar nessa �rea que estamos devendo h� muito tempo uma melhor informa��o." Faria � casado com Patr�cia Abravanel, filha do empres�rio Silvio Santos, dono do SBT. Ele tamb�m j� foi dono de uma r�dio no Rio Grande do Norte, mas se afastou ainda em 2013.
O ex-ministro da Justi�a S�rgio Moro apelidou a nova pasta de "Minist�rio da Propaganda". "Recriado o Minist�rio da Propaganda. Quais ser�o os pr�ximos?", perguntou ele no Twitter.
Durante a campanha, Bolsonaro dizia que queria ter um governo com 15 minist�rios. Ao recriar o seu 23.� minist�rio, disse que "exagerou" ao fazer essa promessa. "Algumas coisas n�s exageramos at� na quest�o dos minist�rios", disse observando que 15 pastas � pouco para um pa�s continental.
A entrada de Faria no governo leva o Centr�o a assumir seu primeiro minist�rio. O PSD comandava a pasta das Comunica��es no governo Michel Temer com Gilberto Kassab. O grupo nega que a indica��o signifique a entrada no primeiro escal�o do governo. "N�s n�o temos nada, pessoal est� atacando, Centr�o.
Eu nem lembro qual o partido dele. � um deputado federal. N�o teve acordo com ningu�m. A aceita��o foi excepcional, uma pessoa que sabe se relacionar e acho que vai dar conta do recado", elogiou o presidente.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA