Pela primeira vez desde o in�cio das investiga��es sobre o gabinete de Fl�vio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio, o Minist�rio P�blico Estadual encontrou provas de que pessoas ligadas ao senador mantinham contato com o miliciano Adriano Magalh�es da Costa N�brega, chefe da mil�cia Escrit�rio do Crime, no per�odo em que este era procurado pela Justi�a. O chefe do grupo criminoso teria participado da elabora��o de um plano de fuga da fam�lia do ex-assessor Fabr�cio Queiroz e integrava, segundo o MP, "o n�cleo executivo da organiza��o criminosa" liderada pelo atual senador.
At� ent�o, as rela��es de Adriano com o gabinete de Fl�vio haviam acontecido no per�odo em que, de acordo com as investiga��es, ainda n�o era p�blica a associa��o do ex-capit�o com o crime organizado. Fl�vio, por exemplo, havia homenageado o ent�o policial na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Tamb�m o visitara na cadeia, quando ele respondia a um processo por homic�dio. Por fim, empregou a m�e de Adriano, Raimunda Veras Magalh�es, e a ex-mulher dele, Danielle Mendon�a da Costa, como funcion�rias fantasmas em seu gabinete na Alerj, segundo a investiga��o.
No caso de Raimunda, o Minist�rio P�blico apresentou � Justi�a provas de que ela nunca esteve na Alerj. Examinando os deslocamentos de seu telefone celular, foi poss�vel verificar que o aparelho jamais se aproximou do pr�dio em que ela devia trabalhar. Raimunda � s�cia de uma pizzaria com o filho. Da conta da pizzaria sa�ram R$ 69,2 mil para Fabr�cio Queiroz.
Tanto Raimunda quanto Danielle pertenceriam ao esquema de "rachadinha", na qual parte do dinheiro pago aos assessores do gabinete seria apropriado pelo ent�o deputado estadual Fl�vio Bolsonaro.
No pedido de pris�o de Queiroz apresentado � 27.� Vara Criminal, o Minist�rio P�blico do Rio afirma que o capit�o Adriano "se valia de parentes para integrar o n�cleo executivo da ORCRIM (organiza��o criminosa)". O documento estima que ele repassou mais de R$ 400 mil para contas administradas por Queiroz, acusado de ser o operador financeiro da organiza��o.
Opera��o
As pistas que ligavam o chefe da mil�cia ao esquema da rachadinha surgiram em outra investiga��o do Grupo de Atua��o Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Eram dados extra�dos do telefone celular apreendido com Danielle na casa do miliciano durante a Opera��o Intoc�veis.
No WhatsApp da ex-mulher do criminoso - que morreu em tiroteio com a pol�cia baiana em 9 de fevereiro deste ano - foram achadas conversas com Queiroz. Segundo os promotores, ela tinha ci�ncia de que era funcion�ria fantasma e temia a origem il�cita do dinheiro. Por fim, dizem os investigadores, Queiroz e Adriano "tentaram embara�ar a investiga��o", mandando Danielle faltar no depoimento no MP. Eles enviaram um advogado para conversar com ela, "deixando claro que a organiza��o criminosa, al�m de poder pressionar e intimidar as testemunhas dos fatos, estaria abordando as pessoas intimadas e articulando a combina��o de teses defensivas fantasiosas entre os autores e part�cipes dos crimes".
Tudo isso antes de Adriano ter sua pris�o decretada. O caso mais grave ocorreu depois e foi descoberto com a apreens�o do celular da mulher de Queiroz, M�rcia Oliveira Aguiar, ocorrida em 18 de dezembro de 2019.
Naquele dia, conforme o relat�rio do MP, ela pretendia embarcar para S�o Paulo, onde ia se esconder com Queiroz, que era mantido na casa do advogado Frederick Wassef, em Atibaia. Para n�o ser descoberto, Queiroz desligava o celular quando entrava na regi�o de Atibaia - M�rcia era orientada pelo "Anjo", o homem que monitorava Queiroz, a fazer o mesmo.
O plano, segundo o MP, come�ara a ser tra�ado um m�s antes, em reuni�o na cidade do interior paulista entre Queiroz, o advogado Luis Gustavo Botto Maia, que defende Fl�vio Bolsonaro, e o Anjo. Eles aguardavam o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal sobre o compartilhamento de dados do Coaf e temiam uma decreta��o de pris�o. Mensagens de Queiroz � mulher mostram que o ex-assessor mandou M�rcia procurar Raimunda, que estava escondida em uma casa na cidade de Astolfo Dutra, em Minas.
Era necess�rio conversar pessoalmente com a m�e do miliciano, que se escondia em Minas por orienta��o de Queiroz e de Botto Maia. O advogado do senador tamb�m participaria do encontro. Os tr�s iam esperar a chegada da mulher de Adriano, que levaria ao miliciano um recado de Botto Maia.
Quando estavam na cidade, M�rcia mandou foto dela com o advogado para Queiroz. Ele, ent�o, segundo a promotoria, advertiu a mulher "para apagar sua localiza��o, a fim de dificultar eventual rastreamento, o que mais uma vez ressalta a natureza clandestina do encontro e o prov�vel car�ter il�cito da proposta que estaria sendo encaminhada a Adriano". Depois, novo encontro entre os quatro ocorreu no Rio, no dia 17, quando a mulher do miliciano voltou da Bahia e transmitiu pessoalmente a reposta do foragido ao advogado do senador. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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POL�TICA
Miliciano Adriano N�brega integrava 'n�cleo' de grupo de Fl�vio Bolsonaro, diz MP
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