Weintraub 'foge' para EUA antes de ser exonerado

Depois de dizer que precisava sair do Brasil para n�o ser preso, Abraham Weintraub usou a condi��o de ministro da Educa��o para desembarcar em Miami, nos Estados Unidos, e assim driblar as restri��es de viagens para brasileiros em raz�o da pandemia de covid-19. Horas depois, o governo soltou edi��o extraordin�ria do Di�rio Oficial da Uni�o (D.O.U), exonerando-o do cargo.

A ida de Weintraub aos EUA ocorre dois dias ap�s ele anunciar em v�deo publicado nas redes sociais, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que sairia da pasta. O agora ex-ministro deve assumir o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial. O Estad�o revelara que apoiadores do ministro diziam nas redes sociais que ele tinha de fugir do Pa�s para n�o ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), que o investiga em dois inqu�ritos. "A prioridade total � que eu saia do Pa�s o quanto antes. Agora � evitar que me prendam, cadei�o, e me matem", contou Weintraub.

Weintraub chegou a se apresentar como ministro ao desembarcar em Miami, segundo apurou o Estad�o. O Minist�rio da Educa��o afirmou que ele chegou aos EUA por Miami e que a viagem foi feita por meio de avi�o comercial e em classe econ�mica. Apesar de ter anunciado sua demiss�o, Weintraub continuava como ministro at� a manh� do s�bado. Como titular do cargo, tinha direito a passaporte diplom�tico.

A assessoria do MEC n�o soube dizer se o ex-ministro continuaria em Miami. Informou apenas que, apesar das restri��es impostas pelos EUA aos brasileiros por causa da pandemia da covid-19, Weintraub n�o foi impedido de entrar e que "comprou a passagem com dinheiro dele". Isso ocorreu porque as restri��es americanas excluem funcion�rios do governo brasileiro, como era Weintraub ao desembarcar.

O ato de exonera��o foi publicado em edi��o extra do Di�rio Oficial, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro depois de seu irm�o Artur Weintraub, assessor especial da Presid�ncia, anunciar pelo Twitter: "Obrigado a todos pelas ora��es e apoio. Meu irm�o est� nos EUA." O decreto diz apenas que o ministro foi exonerado "a pedido".

Weintraub foi o d�cimo ministro a cair deste o in�cio do governo. Ele ficou 14 meses no cargo e acumulou desaven�as com reitores, estudantes, parlamentares e at� com ministros do STF. Foi filmado em reuni�o interministerial chamando os ministros de "vagabundos" e dizendo que colocaria "todos na cadeia".

Em raz�o das declara��es feitas no v�deo, o ministro Alexandre de Moraes o incluiu no inqu�rito das fake news que tramita no STF. O ministro da Advocacia-Geral da Uni�o, Andr� Mendon�a, entrou com habeas corpus para tir�-lo do inqu�rito, mas os ministros do STF decidiram por 9 a 1 que ele deveria permanecer na investiga��o.

Na quinta-feira, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) havia solicitado ao STF, por meio de of�cio, a apreens�o do passaporte do ex-ministro. A inten��o era que ele n�o pudesse sair do Pa�s enquanto durar o inqu�rito das fake news.

Weintraub tamb�m � investigado pela suposta pr�tica de crime de racismo. Ele publicou em seu Twitter um texto no qual fez uma publica��o ir�nica em rela��o � China, substituindo a letra "r" pela "l", em alus�o ao personagem Cebolinha da Turma da M�nica. O inqu�rito foi aberto por determina��o do ministro Celso de Mello. Weintraub dep�s e negou racismo.

Cargo

O Banco Mundial informou que recebeu uma comunica��o das autoridades brasileiras indicando Weintraub para diretor-executivo, representando o Brasil e demais pa�ses do seu grupo (constituency) no Conselho de Diretores-Executivos do Grupo Banco Mundial. O tempo do mandato, no entanto, n�o passaria de tr�s meses. "Se eleito pelo seu constituency, cumprir� o restante do atual mandato, que termina em 31 de outubro de 2020", disse a institui��o, ressaltando que, depois, "ser� necess�ria nova nomea��o". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.