
Minas Gerais enfrenta a escalada da curva de casos de contamina��o pelo novo coronav�rus e esse crescimento ainda deve se manter. Para o governador Romeu Zema (Novo), os dias at� o pico das mortes e dos registros de infec��o, previsto para o pr�ximo dia 15, ser�o essenciais. “Vencemos muitas batalhas, mas a guerra est� longe de terminar — e ainda vai levar alguns meses. O fato de termos ido bem at� aqui parece que criou uma sensa��o de ‘j� ganhamos o jogo’, mas n�o ganhamos. As pessoas precisam, mais do que nunca, abra�ar a causa, pois � agora que o n�mero de casos tem crescido”, destacou, nessa segunda-feira, em entrevista exclusiva � TV Alterosa Leste e ao Estado de Minas.
A estrat�gia do governo estadual mira os dias que antecedem o ponto alto da curva. “Teremos 20 ou 25 dias cruciais. Agora � a hora da verdade. Se a curva crescer mais que o esperado, poderemos enfrentar dificuldades. Estamos fazendo de tudo para chegar no dia 15 dentro de uma situa��o suport�vel”, explicou o governador.
Os moradores da �rea de cobertura da TV Alterosa Leste podem acompanhar a entrevista a partir das 11h30, na vers�o local do Alterosa Alerta.Veja os principais trechos da entrevista.
Vivemos o momento de maior preocupa��o em virtude da pandemia no estado?
Est�vamos, at� ent�o, com a curva pouco acentuada. Agora, a curva come�a a ficar (mais) acentuada. Os estudiosos j� previam isso e, de certa maneira, n�o � uma grande surpresa. A previs�o � que o pico seja atingido no pr�ximo dia 15. Teremos 20 ou 25 dias cruciais. Agora � a hora da verdade. Se a curva crescer mais que o esperado, poderemos enfrentar dificuldades. Estamos fazendo de tudo para chegar no dia 15 dentro de uma situa��o suport�vel.
Como o estado tem feito para evitar a subnotifica��o? Fazer mais testes est� nos planos?
O ideal seria testar, semanalmente, os 21 milh�es de mineiros. Infelizmente, tivemos uma s�rie de obst�culos. O governo federal priorizou os estados em situa��o mais cr�tica. Vimos, pela televis�o, cenas muito dram�ticas. Gra�as a Deus, Minas n�o estava nessa situa��o e, por isso, recebeu muito menos testes. A situa��o financeira do estado n�o � confort�vel. Priorizamos a compra de respiradores e o funcionamento de UTIs (unidades de terapia intensiva), o que, efetivamente, salva vidas. Os testes s�o importantes, mas apenas d�o um mapeamento. Al�m disso, muitos dos exames dispon�veis no mercado, al�m de estarem com sobrepre�o, n�o t�m 100% de efic�cia. Alguns t�m apenas 60%. Se forem feitos 1 mil testes, acabamos n�o sabendo se quem testou positivo est�, com a doen�a, pois 40% apontam falso positivo. Orientamos os secret�rios municipais sobre manter parte dos testes para a acentua��o da curva, de agora at� 15 de julho. Temos um bom estoque e, com certeza, a partir da pr�xima semana, o n�mero de exames vai ser bastante ampliado.
Governador Valadares � a cidade do Leste mineiro com mais �bitos. H� a possibilidade de criar um hospital de campanha na regi�o?
A prioridade � instalar mais UTIs (unidades de terapia intensiva) nos hospitais j� existentes, pois o paciente fica mais bem atendido e tem acesso a muito mais servi�os cl�nicos. Caso a rede hospitalar existente n�o seja suficiente, o que � pouco prov�vel, vamos passar aos hospitais de campanha. O estado e os munic�pios est�o correndo atr�s para melhorar o sistema de transporte, caso seja necess�rio deslocar pacientes entre cidades. O que o estado tem feito — e j� fez — est� no limite de nossa capacidade or�ament�ria e de esfor�os gerenciais. Precisamos que a popula��o fa�a a parte dela. As pessoas devem usar a m�scara, manter o distanciamento e as medidas de higieniza��o. Os grupos de risco t�m que ficar isolados. As empresas n�o podem exigir que algu�m do grupo de risco v� trabalhar. E, aqueles (do grupo de risco) que queiram trabalhar, devem lembrar que ficar doente vai custar muito mais caro. At� agora, vencemos muitas batalhas, mas a guerra est� longe de terminar — e ainda vai levar alguns meses. O fato de termos ido bem at� agora parece que criou uma sensa��o de 'j� ganhamos o jogo', mas n�o ganhamos. As pessoas precisam, mais do que nunca, abra�ar a causa, pois � agora que o n�mero de casos tem crescido.
Como o estado avalia o avan�o do coronav�rus no Vale do A�o?
O n�mero de casos em Minas cresceu de modo acentuado nos �ltimos sete dias, principalmente na semana passada. O Vale do A�o, j� h� mais tempo, vinha mostrando comportamento que expressava esse crescimento muito superior � m�dia (de todo o estado). Um dos fatos que t�m feito a pandemia ficar sob controle � a ades�o ao programa Minas Consciente, que � a reativa��o gradual e segura das atividades econ�micas. Em determinadas regi�es do estado, como a Sudeste, houve ades�o de boa parte dos munic�pios. E, de 10 de maio at� hoje, o n�mero de casos por l� aumentou aproximadamente 290%. J� na regi�o Leste, onde est� o Vale do A�o, houve, no mesmo per�odo, aumento superior a 1.300%. Isso significa que, em uma regi�o, o n�mero de casos multiplicou por tr�s e, na outra, por 13. Isso � muito devido a (parte dos) munic�pios n�o terem aderido (ao Minas Consciente). A ades�o � volunt�ria, mas faz com que prefeitos precisem tomar posicionamentos que, muitas vezes, n�o s�o os mais populares, como o fechamento de atividades comerciais. H� tr�s cidades fechadas: Uberl�ndia, Patos de Minas e Arax�, al�m dos munic�pios vizinhos. Os prefeitos viram que, se a curva continuar acentuada, n�o ter�o condi��o de atender quem precisar da rede hospitalar. Mas h� prefeitos que, at� o momento, n�o se atentaram para a situa��o. Como governador, posso orientar, como tenho feito. O secret�rio de Sa�de (Carlos Eduardo Amaral) tem se reunido com secret�rios municipais e prefeitos das principais cidades, sobretudo das regi�es onde h� crescimento acentuado (da curva).
Te�filo Otoni registra r�pido crescimento dos n�meros. S�o mais de 600 casos, fora os munic�pios do entorno. Como o estado pode ajudar as cidades-polo?
Desde antes da pandemia, tomamos medidas para fortalecer o sistema de sa�de. Minas tem sido o segundo estado com menos �bitos por 100 mil habitantes, atr�s apenas do Mato Grosso do Sul. Conseguimos mais de 800 novos leitos de UTIs, inclusive em Te�filo Otoni, e adquirimos mais de 1.040 respiradores — mais da metade j� chegou e est� sendo distribu�da. Fizemos um hospital de campanha em Belo Horizonte, com 760 leitos, que ainda n�o precisaram ser utilizados e, al�m disso, estamos recuperando mais de 400 ventiladores. Todas as regi�es tiveram aumento de casos, mas estamos balanceando a distribui��o de recursos, equipamentos e m�o de obra conforme a necessidade das localidades. N�o queremos deixar nenhuma regi�o desassistida. Te�filo Otoni, hoje, est� muito mais bem atendida com rela��o aos leitos de UTI em compara��o a 60 ou 90 dias atr�s.