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Estado de Minas POL�TICA

Gest�o da crise da covid-19 'balan�a' bolsonarismo fiel


postado em 29/06/2020 07:45

Em outubro de 2018, a dentista S�nia Regina Schindler, de 58 anos, foi � cabine de vota��o sem d�vidas. Incomodada com os governos petistas, apertou 17 e ajudou a eleger Jair Bolsonaro presidente. Um ano e meio depois, se arrepende da escolha. "Acordei com a crise da sa�de", afirmou a eleitora de Brusque, Santa Catarina.

A falta de empatia do presidente com os doentes e a tese de que a covid-19 seria uma "gripezinha" foram apontadas como motivo para a desconfian�a de apoiadores de Bolsonaro em pesquisa qualitativa conduzida por professores da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) durante a pandemia.

"Estou formada h� 35 anos, trabalho no SUS desde sempre, n�o posso compactuar com governo que abandona a sa�de", disse S�nia.

O levantamento da Unifesp identificou tr�s perfis de bolsonaristas: os "fi�is", que mant�m um apoio constante ao presidente; os "apoiadores cr�ticos" e os "arrependidos", que se decepcionaram com o presidente e desejam que ele saia do cargo.

Os arrependidos apontam tr�s raz�es para se sentirem assim: epis�dios de desd�m por parte do presidente em rela��o aos mortos; o estilo agressivo de governar, que criou instabilidade sobretudo com governadores; e a conduta de Bolsonaro em rela��o aos filhos Fl�vio, Eduardo e Carlos.

A professora aposentada de Curitiba Maria Christina Cardoso, de 61 anos, e sua filha, a representante farmac�utica Deborah Cardoso, de 30, tamb�m est�o no grupo dos arrependidos.

"Me envolvi muito com o movimento da Lava Jato e quando ele (Bolsonaro) surfou nessa onda, infelizmente, acreditei. Me arrependi quando ele come�ou a se indispor com (o ex-ministro da Justi�a S�rgio) Moro", disse Maria Christina. "Vi que o combate � corrup��o n�o era seu compromisso." O ex-juiz da Lava Jato deixou o governo em abril acusando o presidente de interfer�ncia na Pol�cia Federal.

Deborah afirmou que votou em Bolsonaro principalmente por altern�ncia de poder. A pandemia trouxe o arrependimento. "Com tudo que est� acontecendo, sinto vergonha de falar que votei nele e me sinto respons�vel pelo que est� acontecendo", disse. "Al�m de incoerente com sua campanha eleitoral, a minha opini�o � que � um governo fascista."

Apesar de desiludidos e frustrados, por�m, alguns desses "arrependidos" dizem que mesmo assim poderiam votar em Bolsonaro de novo em 2022, mostrou a pesquisa da Unifesp. Desta vez, n�o por esperan�a ou desejo de mudan�a, como afirmaram ter feito em 2018, mas por n�o enxergar nenhuma alternativa pol�tica ou eleitoral.

Outro levantamento, este da FGV com mais de 7 mil entrevistados, explorou a rela��o entre os impactos do coronav�rus e a prefer�ncia eleitoral das pessoas. Os resultados apontaram que a proximidade com algu�m que veio a falecer pela covid-19 reduz em torno de 20% as chances do eleitor de direita e centro direita votar em Bolsonaro.

Ret�rica

"O bolsonarismo fiel n�o tem uma fidelidade absoluta e total ao projeto bolsonarista. Mesmo os mais radicais avaliaram negativamente a gest�o de Bolsonaro na pandemia e a tese da 'gripezinha'", disse a pesquisadora Esther Solano, que conduziu o levantamento da Unifesp. "� uma rachadura e uma quebra de confian�a at� no bolsonarismo fiel. Os 30% de apoio da base do presidente n�o s�o absolutamente coesos e n�o t�m fidelidade total a longo prazo."

A pesquisa da Unifesp foi conduzida por meio de entrevistas em profundidade com 27 pessoas que disseram ter votado em Bolsonaro, comp�em as classes C e D e moram na regi�o metropolitana de S�o Paulo.

Para o cientista pol�tico Carlos Melo, os dados possibilitam deixar mais claras as divis�es dentro do bolsonarismo. "O bolsonarismo � mais cr�tico na postura do presidente na covid-19, a economia � relativizada, e os filhos aparecem como um grande problema para o presidente, um calcanhar de Aquiles, mesmo para o grupo que votou nele."

Uma "vit�ria" de Bolsonaro � a ret�rica da dicotomia sa�de versus economia. Os entrevistados t�m medo da covid-19, mas t�m igualmente medo do desemprego.

As pessoas gostariam de manter o isolamento, mas pensam que este � invi�vel para quem � pobre. "Se essa narrativa tiver mais reverbera��o, a base bolsonarista pode se manter est�vel e talvez consiga reverter a tend�ncia de queda", disse Esther.

O auxiliar de almoxarifado Jidij� Tyaki Marques, de 27 anos, mant�m o apoio ao presidente, mas "n�o como antes". Ele critica o epis�dio da "gripezinha" - foi assim que Bolsonaro se referiu � covid-19 em um pronunciamento em mar�o. "(O governo �) Bom, mas ainda tem bastante coisa pra melhorar", afirmou.

Quem tamb�m n�o se arrepende do voto em Bolsonaro � Sueli Salvestro, professora de 63 anos. "Ele est� se esfor�ando", disse a moradora de Sorocaba (SP). "Avalio que ele n�o tem culpa (sobre o coronav�rus), que ele avisou a respeito do carnaval. Ele alertou." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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