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Estado de Minas REPERCUSS�ES

Caso raro: a demis�o sem posse do ministro da Educa��o

Carlos Alberto Decotelli n�o resiste a press�es ap�s desmentidos sobre t�tulos que incluiu no curr�culo e entrega pedido de dispensa ao presidente Jair Bolsonaro


postado em 01/07/2020 04:00 / atualizado em 01/07/2020 07:35

Anderson Correa, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), estaria cotado para o MEC(foto: FORÇA AÉREA/DIVULGAÇÃO)
Anderson Correa, reitor do Instituto Tecnol�gico de Aeron�utica (ITA), estaria cotado para o MEC (foto: FOR�A A�REA/DIVULGA��O)

Bras�lia – O professor Carlos Alberto Decotelli nem chegou a tomar posse como ministro da Educa��o. Ele entregou ontem seu pedido de demiss�o ao presidente Jair Bolsonaro, que foi logo aceito. A demiss�o vem ap�s pol�micas sobre o curr�culo de Decotelli sobre t�tulos que ele n�o tem.

Ele teve a nomea��o publicada no Di�rio Oficial da Uni�o na �ltima quinta-feira, mas ent�o surgiram as negativas das universidades da Argentina sobre doutorado e da Alemanha sobre p�s-doutorado. Nos bastidores do Planalto, fala-se agora no nome do reitor do Instituto Tecnol�gico de Aeron�utica (ITA), Anderson Ribeiro, para o MEC.

A primeira controv�rsia sobre os t�tulos de Decotelli veio do reitor da Universidade de Ros�rio, na Argentina, Franco Bartolacci. Segundo ele, o professor n�o tem o t�tulo de doutor pela institui��o, conforme constava no curr�culo.

Em seguida, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq) informou que o agora ex-ministro n�o concluiu nenhum programa de p�s-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha, informa��o confirmada tamb�m pela institui��o.

Em nota, a Funda��o Getulio Vargas (FGV) tamb�m informou que Carlos Alberto Decotelli n�o foi pesquisador ou professor da institui��o. Decotelli tentou justificar as mentiras no curr�culo em entrevista coletiva. Afirmou que cursou e foi aprovado em todas as mat�rias necess�rias, tendo participado, inclusive da cerim�nia de formatura na Universidade de Ros�rio. Sobre o p�s-doutourado na Universidade de Wup-pertal, disse que “a pesquisa foi conclu�da” e que ele tem a comprova��o de que o trabalho foi registrado em um “cart�rio acad�mico”.

De in�cio, Bolsonaro saiu em defesa de Decotelli. Pelo Facebook, disse que s� recebeu “mensagens de trabalho e honradez” sobre o professor e que ele tem “capacidade para construir uma educa��o inclusiva”. O presidente tamb�m afirmou que o ex-ministro estava “ciente de seu equ�voco” sobre as “inadequa��es curriculares”. Mas, diante das press�es, a situa��o de Decotelli ficou insustent�vel.

SUBSTITUTO

O reitor do Instituto Tecnol�gico de Aeron�utica (ITA), Anderson Correia, estaria cotado e com aval de militares e da ala ideol�gica do governo, segundo o colunista Vicente Nunes, do Correio Braziliense. Ele tem um perfil t�cnico, � graduado em engenharia, tem passagem pela Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac), pela Coordena��o de Aperfei�oamento de Pessoal de N�vel Superior (Capes), da qual foi presidente, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq).

Outros dois nomes citados na lista de cotados para substituir Decotelli s�o Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), e Ant�nio Freitas, pr�-reitor da Funda��o Getulio Vargas (FGV), que aparecia como orientador do doutorado n�o realizado por Decotelli.

CURR�CULO

O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), afirmou, por meio das redes sociais ontem, que a Ag�ncia Brasileira de Intelig�ncia (Abin) checa a vida pregressa de ocupantes de cargos no governo, mas que cada ministro � respons�vel pelo seu curr�culo. Embora n�o tenha citado diretamente o ex-ministro da Educa��o Carlos Decotelli, a manifesta��o ocorreu horas depois de o professor entregar carta de demiss�o ao presidente Jair Bolsonaro. “Aos desinformados: o GSI/ABIN examinam, sobre quem vai ocupar cargos no governo, antecedentes criminais, contas irregulares e pendentes, hist�rico de processos e veda��es do controle interno. No caso de ministros, cada um � respons�vel pelo seu curr�culo”, afirmou, em sua conta no Twitter.

SUCESS�O DE TRAPALHADAS

Os tr�s ministros da Educa��o do governo Bolsonaro trouxeram mais dores de cabe�a do que benef�cios ao presidente e ao pa�s
 
Carlos Alberto Decotelli:
Carlos Alberto Decotelli: "N�o houve pl�gio, porque ele ocorre quando se faz control C, control V" (foto: MARCELO CAMARGO/AG�NCIA BRASIL)
 

CARLOS ALBERTO DECOTELLI

25 a 30 de junho

  • O professor Carlos Alberto Decotelli foi anunciado, na �ltima quinta-feira, como nome com perfil t�cnico e com curr�culo pomposo para o minist�rio, ap�s a trapalhada dos seus dois antecessores, Ricardo V�lez Rodr�guez e Abraham Weintraub, mas logo caiu em desgra�a e nem tomou posse. A Universidade de Ros�rio (Argentina) negou que ele tenha doutorado na institui��o. A Universidade de Wuppertal (Alemanha) desmentiu que ele tenha p�s-doutorado. A Funda��o Getulio Vargas disse que ele nunca foi professor na institui��o, apenas colaborador. E acusado de pl�gio na disserta��o de mestrado da FGV.
  • O presidente Jair Bolsonaro tentou mant�-lo no MEC, mas acabou cedendo �s press�es internas e externas para evitar maiores constrangimentos ao governo.
 
Abraham Weintraub:
Abraham Weintraub: "Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Come�ando no STF" (foto: GERALDO MAGELA/AG�NCIA SENADO)
 

ABRAHAM WEINTRAUB

8 de abril a 20 de junho

  • O economista Abraham Weintraub tamb�m chegou ao Minist�rio da Educa��o sob a tutela do escritor Olavo de Carvalho, mas n�o adotou pol�ticas educacionais, atuou conforme a ala ideol�gica do governo. Com suas declara��es pol�micas, abriu crise diplom�tica com a China ao responsabilizar o pa�s asi�tico pela pandemia do novo coronav�rus. Tamb�m chamou o presidente franc�s Emmannuel Macron de “calhorda” e  “sem car�ter” por causa das cr�ticas aos inc�ndios na Amaz�nia.
  • E tamb�m gerou crise institucional com o Supremo Tribunal Federal, ao chamar os ministros da corte de “vagabundos”. Por causa de suas declara��es, enfrenta dois inqu�ritos por suspeita de divulga��o de fake news e de racismo contra o povo chin�s.
  • Criou ainda pol�micas com as universidades p�blicas afirmando que as institui��es eram locais de “barb�rdias” e de “planta��o” de maconha e “tr�fico de drogas”. Ele se indisp�s com as institui��es de ensino ao fazer cortes dr�sticos de verbas.
  • Weintraub ganhou destaque negativo tamb�m pelos constantes erros de portugu�s (“imprecionante”) e agress�es verbais nas redes sociais.
 
Ricardo Vélez Rodríguez:
Ricardo V�lez Rodr�guez: "O brasileiro viajando � um canibal. Rouba coisa dos hot�is, rouba o assento salva-vidas do avi�o, acha que pode sair de casa e carregar tudo" (foto: F�BIO RODRIGUES POZZEBOM/AG�NCIA C�MARA)
 

RICARDO V�LEZ RODR�GUEZ

1º de janeiro a 8 de abril de 2019

  • O colombiano Ricardo V�lez Rodr�guez assumiu o Minist�rio da Educa��o por indica��o do escritor Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro. Mas logo causou constrangimento com seus atos e declara��es. Ele mandou o MEC enviar e-mail �s escolas com orienta��o para que filmassem os alunos durante a execu��o do Hino Nacional, medida que causou rep�dio geral.
  • Depois, afirmou que o brasileiro se comporta como “canibal” no exterior, “rouba coisas dos hot�is, rouba o assento salva-vidas do avi�o, sai de casa e acha que pode roubar tudo”. Por essa declara��o, foi alvo de interpela��o judicial por um advogado no Supremo Tribunal Federal. Ele pediu desculpa dizendo que usou “figura de linguagem hiperb�lica”. Foi demitido ap�s tr�s meses por “falta de expertise e gest�o” no MEC.


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