O engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa em governos tucanos apontado como 'operador do partido', voltou ao centro da Lava Jato nesta sexta-feira, 3, como um dos personagens que contribuiu para a den�ncia contra ex-governador de S�o Paulo e atual senador Jos� Serra (PSDB) e sua filha, Ver�nica Allende Serra, por lavagem de dinheiro transnacional.
Nomeado na gest�o anterior de Geraldo Alckmin (2001 - 2006), Souza se manteve no mesmo cargo durante o governo de Serra (2007 - 2010). Foi o encarregado da constru��o de obras vi�rias bilion�rias dos governos tucanos: o Rodoanel, que circunda a regi�o metropolitana paulistana, a amplia��o da avenida Jacu P�ssego e a duplica��o das marginais Pinheiros e Tiet�.
Segundo a Lava Jato, Souza era respons�vel pela articula��o e interlocu��o direta com outras empreiteiras, como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corr�a, CR Almeida, Galv�o Engenharia, Mendes Junior, OAS, Queiroz Galv�o e Serveng Civilsan, que teriam formado um cartel para fraudar licita��es, dividir lotes de obras e maximizar lucros com anu�ncia do poder p�blico. Em troca, as empresas pagavam propinas a membros do governo.
O engenheiro, que j� foi condenado na Lava Jato, pode arrastar Serra para o mesmo caminho. Isso porque, na den�ncia do Minist�rio P�blico Federal (MPF) contra o senador, tornada p�blica hoje, Souza foi citado 21 vezes pelos procuradores.
Antes disso, j� havia dado sinais da rela��o com o tucano. Em debate durante o segundo turno da campanha de 2014, foi citado por Dilma para atacar Serra por suposto esquema de 'caixa 2'. O advers�rio da petista n�o comentou a observa��o. Procurado pela imprensa no dia seguinte, o ent�o candidato negou conhecer o engenheiro. Foi quando Souza disse � jornalista Andr�a Michel: "N�o se larga um l�der ferido na estrada a troco de nada. N�o cometam esse erro."
Embora o ex-governador tenha tentado se desvencilhar de Souza, os investigadores afirmam que o engenheiro teria sido interlocutor do governo na negocia��o com as empreiteiras em troca de propina. De acordo com a procuradoria, Serra tinha conhecimento do interesse de empreiteiras nas contrata��es e 'depositava em agentes p�blicos, como Paulo Vieira de Souza, a miss�o de negociar como se daria e qual a contrapartida aos pagamentos il�citos seria fornecida'.
Os investigadores apontam que o pr�prio ex-diretor da Dersa se apresentava como 'interlocutor do governo'. "Al�m da propina arrecadada para si, Paulo Vieira era, tamb�m, um emiss�rio de agentes pol�ticos no Estado de S�o Paulo, chegando a ter dado evid�ncias de que agia em nome de Jos� Serra e subordinados seus, como Aloysio Nunes Ferreira", diz o MPF.
Ex-executivo da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos disse que, quando questionada a real interlocu��o de Vieira com o alto escal�o do governo, o engenheiro agendou uma reuni�o das empreiteiras no Pal�cio dos Bandeirantes com participa��o do ent�o secret�rio da Casa Civil, Aloysio Nunes. Na sequ�ncia, Nunes teria seguido exatamente a ordem de assuntos que Paulo Vieira antecipara �s empreiteiras, 'com o que todos se convenceram de que ele, de fato, era um emiss�rio, e assim passaram a realizar os pagamentos por ele solicitados'. O ent�o diretor da Dersa teria dito que os valores seriam 'contribui��es para campanhas eleitorais' do PSDB.
Condenado a 145 anos de pris�o imposta pela Lava Jato, Souza teve senten�a anulada, a partir das alega��es finais apresentadas pela defesa, pelo ministro do Superior Tribunal de Justi�a Reynaldo Soares da Fonseca. Ap�s entendimento do Supremo Tribunal Federal determinar que os r�us delatores devem apresentar suas alega��es finais antes dos r�us delatados, o ministro decidiu que o processo voltaria para a fase final antes do julgamento em primeira inst�ncia. Desta vez, a defesa apresenta sua vers�o dos fatos ap�s as manifesta��es dos delatores.
COM A PALAVRA, A DEFESA
"Causa estranheza e indigna��o a a��o deflagrada pela For�a Tarefa da Lava Jato de S�o Paulo na manh� desta sexta-feira (3) em endere�os ligados ao senador Jos� Serra. Em meio � pandemia da Covid-19, em uma a��o completamente desarrazoada, a opera��o realizou busca e apreens�o com base em fatos antigos e prescritos e ap�s den�ncia j� feita, o que comprova falta de urg�ncia e de lastro probat�rio da Acusa��o.
� lament�vel que medidas invasivas e agressivas como a de hoje sejam feitas sem o respeito � Lei e � decis�o j� tomada no caso pela Suprema Corte, em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da Rep�blica.
O Senador Jos� Serra refor�a a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida p�blica. Ele mant�m sua confian�a na Justi�a brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas."
COM A PALAVRA, O PSDB
Em sua conta no Twitter, o partido afirmou: "O PSDB acredita no sistema judicial do Pa�s e defende as apura��es na utiliza��o de recursos p�blicos, ao mesmo tempo em que confia na hist�ria do Senador Jos� Serra e nos devidos esclarecimentos dos fatos".
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POL�TICA
Serra escalou ex-diretor da Dersa para 'negociar' propinas, diz Procuradoria
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