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Estado de Minas

Olavistas e militares tentam impedir posse de Renato Feder no MEC

Olavistas e militares tentam fazer Bolsonaro desistir da inten��o de colocar o secret�rio de Educa��o do Paran� � frente do minist�rio do setor. Argumentos s�o a liga��o dele com cr�ticos do presidente e den�ncia de sonega��o


postado em 04/07/2020 08:00

Apesar de ser alvo de críticas, Renato Feder conta com o apoio de entidades particulares de ensino(foto: Governo do Paraná/Divulgação)
Apesar de ser alvo de cr�ticas, Renato Feder conta com o apoio de entidades particulares de ensino (foto: Governo do Paran�/Divulga��o)
O presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde para que Renato Feder assuma o Minist�rio da Educa��o. A nomea��o, contudo, n�o foi sacramentada no Di�rio Oficial da Uni�o (DOU) porque o nome do secret�rio de Educa��o do Paran� tornou-se alvo de cr�ticas dentro do pr�prio governo.

Bolsonaro est� sendo pressionado por grupos ao seu redor para mudar de opini�o. Feder n�o agradou a boa parte do Executivo, em especial, porque, h� quatro anos, doou R$ 120 mil para que Jo�o Doria (PSDB) concorresse � Prefeitura de S�o Paulo — hoje governador de S�o Paulo, o tucano � um dos principais rivais do presidente. Tamb�m pesou para a insatisfa��o dos integrantes do governo o fato de o professor j� ter sido alvo de den�ncias do Minist�rio P�blico: � acusado de sonega��o fiscal por n�o ter recolhido R$ 22 milh�es em ICMS (Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os) da empresa Multilaser, da qual � s�cio.

At� mesmo a ala evang�lica do Planalto mostrou-se contr�ria � poss�vel escolha de Bolsonaro, sobretudo por uma suposta proximidade de Feder com o empres�rio Jorge Paulo Lemann. O criador da Funda��o Lemann — associa��o que colabora com iniciativas para a educa��o p�blica e que tem firmado uma s�rie de parcerias com a Secretaria de Educa��o do Paran� — j� criticou o chefe do Executivo publicamente. Para essa parte do governo, por mais que o presidente tenha dado um aceno ao setor privado da educa��o, ao optar por Feder, ele perde a “guerra ideol�gica” do minist�rio ao escolher algu�m com um perfil diferente do seu.

Apesar de bombardeado por todos os lados, Bolsonaro, pelo menos por enquanto, n�o deu sinais de que vai voltar atr�s, mas optou por segurar a confirma��o de Feder como novo ministro da pasta. Ela pode acontecer apenas na segunda-feira. At� l�, o presidente deve ponderar as repercuss�es da eventual nomea��o.

Nas redes sociais, a milit�ncia bolsonarista tem condenado o nome de Feder. Os apoiadores reclamaram, principalmente, de uma postura mais liberal por parte do educador. No livro Carregando o elefante — como transformar o Brasil no pa�s mais rico do mundo, de 2007, em coautoria com Alexandre Ostrowiecki, Feder defende bandeiras como a legaliza��o das drogas e a forte redu��o das For�as Armadas, o que contrasta com os ideais do chefe do Executivo.

Na obra, Feder tamb�m se mostra a favor da extin��o do MEC. Para Ostrowiecki e ele, deveriam ser mantidos apenas oito minist�rios. “Muitos ministros acabam n�o conseguindo nem falar com o presidente e assumem papel decorativo”, argumentaram. As fun��es dos minist�rios da Sa�de e da Educa��o, por exemplo, deveriam ser desempenhadas por ag�ncias reguladoras.

O professor ainda apoia a privatiza��o do ensino p�blico, come�ando pelas universidades. Segundo o livro, ela se daria por meio da implanta��o do sistema de vouchers, em que fam�lias receberiam uma esp�cie de cupom ou cart�o com o qual matriculariam os filhos em escolas do sistema privado. A publica��o ainda destaca que a livre iniciativa e a competi��o pressionariam para a melhoria do ensino, enquanto o Estado se “livraria” de uma atividade, al�m de ganhar com a venda dos im�veis e terrenos que d�o lugar �s escolas.

Apesar de tudo, ao assumir a Secretaria de Educa��o do Paran�, no ano passado, Feder afirmou que mudou de ideia sobre as opini�es apresentadas na obra, incluindo a de privatiza��o do ensino, conforme declara��o dada � �poca � Gazeta do Povo. Ao jornal, ele relatou ter estudado o tema com maior profundidade e percebido que n�o houve vantagens na ado��o do modelo no Chile e nos Estados Unidos. “Eu acredito tranquilamente, firmemente, que ensino p�blico tem condi��es de entregar ensino de excel�ncia. N�o vou privatizar, n�o vou terceirizar e n�o vou fazer voucher.”

Apoio
Por sua vez, o perfil empreendedor de Feder e mais pr�ximo ao segmento privado agradou a entidades de ensino particulares. Em nota oficial, a Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) afirmou que “ele tem um perfil t�cnico, jovem e determinado” e “valoriza a alian�a da tecnologia em prol da educa��o e o di�logo com o setor privado, aspectos muito relevantes para o bom direcionamento do minist�rio”.

“Temos a expectativa de que o ministro esteja atento �s pol�ticas de democratiza��o do acesso e de inclus�o que precisam ser revistas, implementadas e aprimoradas, especialmente dos estudantes de baixa renda”, informou o comunicado da entidade.

Na mesma linha, a Federa��o Nacional das Escolas Particulares (Fenep) destacou que “Renato Feder � um nome com potencial por seu perfil jovem, empreendedor e liberal”. “Sua trajet�ria, tanto como secret�rio de Educa��o do Paran� quanto como docente para Jovens e Adultos, mostra que teremos boas chances de percorrer um caminho frut�fero na educa��o brasileira”, ressaltou.

J� o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de S�o Paulo Semesp (Semesp) destacou que a escolha de Feder “renova as expectativas de que sob sua gest�o o MEC consiga superar os dif�ceis desafios que v�m sendo enfrentados pela educa��o brasileira”, visto ele j� teria “manifestado sua inclina��o para pol�ticas p�blicas mais eficientes, consistentes e objetivas e estrat�gias pedag�gicas mais inovadoras”.

Sa�da diferente
Depois de sucessivos desgastes com os �ltimos representantes da pasta — Abraham Weintraub e Carlos Alberto Decotelli, indicados pelas alas olavista e militar do Pal�cio do Planalto —, Bolsonaro optou por uma sa�da diferente e espera, assim, amenizar o conflito de ideologias no MEC e “arrumar a casa” da Educa��o que, segundo ele mesmo disse, “est� horr�vel”.

Olavistas — ala do governo que segue o “guru” Olavo de Carvalho — t�m um hist�rico de sucesso em frituras iniciadas nas redes sociais que terminaram em demiss�o, como a ex-secret�ria de Cultura Regina Duarte e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Sa�de) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). J� os militares foram surpreendidos com o convite do presidente Jair Bolsonaro a Renato Feder e querem um nome ligado a eles, que acreditam ter mais for�a pol�tica. Na opini�o do grupo, o secret�rio de Educa��o do Paran� � um empres�rio que quer fazer carreira na pol�tica, mas n�o tem experi�ncia.


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