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Estado de Minas ENTREVISTA

Ex-ministro S�rgio Moro critica Aras e teme 'revisionismo' da Lava Jato

Nos �ltimos dias, procuradores federais e a c�pula da PGR entraram em choque ap�s Aras determinar dilig�ncia para o compartilhamento de dados da Lava-Jato


postado em 04/07/2020 07:15 / atualizado em 04/07/2020 17:02

Ex-ministro da Justi�a e Seguran�a P�blica, S�rgio Moro criticou manifesta��es do procurador-geral da Rep�blica, Augusto Aras, que questiona a necessidade de haver for�as-tarefa dedicadas a investiga��es espec�ficas.

Moro, ex-juiz federal em Curitiba, defendeu a "autonomia funcional" das for�as-tarefa e atacou o que classificou como tentativa de "revisionismo" da Opera��o Lava Jato.

"Elas (for�as-tarefa) s�o uma cria��o brasileira absolutamente necess�ria para se ter uma equipe de procuradores e policiais dedicados a investigar esses crimes mais complexos", afirmou o ex-ministro em entrevista � colunista Eliane Cantanh�de e ao rep�rter Fausto Macedo no portal estad�o.com.br.

"N�o entendo essa l�gica do revisionismo, como se a Lava Jato n�o representou algo extremamente positivo, que foi uma grande vit�ria contra a impunidade da grande corrup��o. Quem ataca a Lava Jato hoje eu sinceramente n�o entendo bem onde quer chegar."

Nos �ltimos dias, procuradores federais e a c�pula da PGR entraram em choque ap�s Aras determinar dilig�ncia para o compartilhamento de dados da Lava Jato no Paran�, em S�o Paulo e no Rio. O procurador-geral da Rep�blica prop�s a cria��o da Unidade Nacional Anticorrup��o (Unac) no Minist�rio P�blico Federal (MPF), o que centralizaria em Bras�lia o controle de opera��es e prev� que as bases de dados das for�as-tarefa sejam administradas por uma secretaria ligada � PGR.

Caber� a Aras, em agosto, decidir se prorroga ou desfaz a for�a-tarefa da capital paranaense. A atual briga entre o comando da PGR e os grupos de trabalho resultou num pedido de investiga��o na corregedoria do �rg�o, depois que procuradores da Lava Jato no Paran� se rebelaram contra um pedido por acesso a dados sigilosos da opera��o, feito pela subprocuradora-geral da Rep�blica Lind�ra Ara�jo.

Para Moro, falta apoio da c�pula da PGR ao trabalho dos procuradores. "Tenho respeito ao Augusto Aras, seria importante que ele refletisse um pouco mais, ele e tamb�m a c�pula da Procuradoria. Ele tem que se somar a esses esfor�os das for�as-tarefa da Lava Jato e de demais for�as que certamente ter�o que ser criadas", afirmou.

O ex-ministro disse acreditar que o presidente Jair Bolsonaro errou ao escolher Aras para o comando do MPF, j� que ele n�o integrava a lista tr�plice elaborada pelos integrantes do Minist�rio P�blico no ano passado.

Leia os principais trechos da entrevista:

LAVA JATO E ARAS

Questionado sobre as cr�ticas recentes � for�a-tarefa, o ex-juiz federal concordou que v� ataques �s ideias e propostas essenciais ao funcionamento da Lava Jato e do que chamou de agenda anticorrup��o. Para Moro, a opera��o foi um divisor de �guas nas investiga��es contra a grande corrup��o no Pa�s.

"Acho que a Opera��o Lava Jato n�o tem nada a esconder. Trabalhamos esses quatro anos, de 2014 a 2018, sob holofotes imensos da imprensa, da sociedade. Sofremos muitas cr�ticas, cr�ticas s�o normais, acho que muitas foram injustas. (…) O mundo pol�tico n�o gostava muito da Opera��o Lava Jato em geral. (…) Mas os procedimentos sempre foram normais. N�o entendo essa l�gica do revisionismo, como se a Lava Jato n�o representou algo extremamente positivo, que foi uma grande vit�ria contra a impunidade da grande corrup��o. Quem ataca a Lava Jato hoje eu sinceramente n�o entendo bem onde quer chegar."

O ex-ministro tamb�m criticou a revis�o da pris�o em 2.ª inst�ncia pelo Supremo Tribunal Federal e as altera��es administrativas na lei anticrime, sua principal proposta � frente do Minist�rio da Justi�a. Ambas, segundo ele, dificultam o combate � criminalidade no Pa�s e foram golpes para a opera��o.

"E agora estamos vendo um discurso questionando at� a pr�pria exist�ncia de for�as-tarefa no Minist�rio P�blico. Elas s�o uma cria��o brasileira absolutamente necess�ria para se ter uma equipe de procuradores e policiais dedicados a investigar esses crimes mais complexos, porque um investigador sozinho n�o tem condi��es de resolver. � surpreendente ver esses ataques", disse.

Moro afirmou ainda que h� falta de apoio ao trabalho da for�a-tarefa por parte da Procuradoria-Geral da Rep�blica e do chefe do Minist�rio P�blico Federal. "Essa falta de apoio (de Aras �s equipes) � realmente preocupante", avaliou.

ELEI��ES 2022

Moro voltou a negar que tenha pretens�es de lan�ar candidatura para a disputa pela Presid�ncia da Rep�blica em 2022, classificando as especula��es sobre um projeto eleitoral como uma "fantasia". Afirmou que vai se "inserir agora no mundo privado". "Eu estou fora desse jogo pol�tico", disse.

Ele afirmou, por�m, que, embora tenha deixado o servi�o p�blico, n�o saiu do debate p�blico. "Eu n�o vou me abster de falar que n�s devemos ser fi�is aos nossos princ�pios. E, entre os princ�pios essenciais para a nossa democracia est�o o combate � corrup��o e o Estado de Direito. Ambos s�o essencialmente importantes. Se eu sou um problema falando isso, paci�ncia", afirmou.

PETISTAS E BOLSONARISTAS

Com rela��o aos ataques de petistas - em raz�o da Lava Jato e da pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - e de bolsonaristas, que passaram a critic�-lo ap�s sua sa�da do governo, o ex-ministro afirmou que n�o se v� como inimigo de nenhum grupo, � direita ou � esquerda.

"Nunca senti satisfa��o pessoal em qualquer ato que imponha sofrimento a algu�m, mesmo que a pessoa merecesse", afirmou, sobre sua atua��o como juiz. Em seguida, emendou: "Da mesma maneira agora, com minha sa�da do governo. Eu s� podia fazer aquilo. Eu vi uma interfer�ncia na pol�cia, fiquei na d�vida quanto ao que ia acontecer depois com a Pol�cia Federal e n�o me senti confort�vel para ficar".

QUEIROZ

Perguntado sobre a pris�o do ex-assessor do senador Fl�vio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Fabr�cio Queiroz, Moro preferiu n�o fazer coment�rios espec�ficos sobre o caso. Moro tamb�m disse n�o ter tido, como membro do governo, nenhum papel nas investiga��es das "rachadinhas".

"Eu, como ministro, n�o tinha como interferir diretamente ou utilizar a PF de alguma forma para obstaculizar aquelas investiga��es. Isso seria absolutamente impr�prio, ent�o eu posso assegurar que isso n�o aconteceu durante a minha gest�o", afirmou.

BOLSONARO

Sobre as acusa��es que apresentou contra Bolsonaro, o ex-ministro voltou a dizer que "cumpriu o seu dever" e que agora o caso est� nas m�os da Justi�a. "Espero que o presidente diga a verdade quando for inquirido, como deveria ser natural. Eu sei que eu falei a verdade. Se ele vai falar ou n�o, � uma quest�o que n�s deixamos em aberto", disse sobre o depoimento de Bolsonaro, que j� foi solicitado pela Pol�cia Federal e deve ser agendado em breve.

Aberto em abril no Supremo Tribunal Federal, o inqu�rito que apura essas acusa��es foi prorrogado, na �ltima quarta-feira, por mais 30 dias, pelo decano da Corte, o ministro Celso de Mello.

CENTR�O

Sobre a aproxima��o de Bolsonaro com o Centr�o, Moro afirmou que, embora o presidente tenha que dialogar com o Parlamento, essa articula��o deveria acontecer com os parlamentares que t�m "hist�rico de correi��o". "D� para construir pontes e maiorias no Congresso com base naqueles melhores parlamentares", disse.


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