Em depoimento por videoconfer�ncia nesta quarta, 8, a ex-candidata � vice-presidente Manuela D'�vila (PCdoB) contou que sua primeira rea��o ao ser procurada pelo hacker acusado de vazar conversas da for�a-tarefa da Lava Jato foi pensar que estava sendo v�tima de uma arma��o pol�tica.
A ex-deputada federal falou � Justi�a no processo da Opera��o Spoofing, que mirou o grupo suspeito pela invas�o dos celulares de procuradores e outras autoridades, incluindo o ex-ministro S�rgio Moro e o presidente Jair Bolsonaro.
Perguntada sobre o motivo que levou o suposto hacker a procur�-la, Manuela disse que, por mensagem, ele argumentou que ela devia 'lutar como uma garota' para salvar o Brasil - em refer�ncia � frase estampada nas camisetas usadas pela ent�o candidata durante a campanha eleitoral de 2018. O invasor teria dito ainda que havia tentado procurar outras pessoas, mas Manuela era a primeira a respond�-lo.
� Justi�a, ela tamb�m afirmou que o hacker manifestou a inten��o de 'salvar o Pa�s da corrup��o' e fez quest�o de grifar que n�o queria dinheiro pelas informa��es.
A ex-deputada contou em detalhes como foi o contato, iniciado no dia das M�es do ano passado, depois que ela pr�pria teve a conta no Telegram invadida e recebeu uma notifica��o da plataforma informando que estavam tentando acess�-la a partir dos Estados Unidos.
Inicialmente, o hacker teria se passado pelo senador Cid Gomes (PDT-CE) para garantir que ela respondesse. Na sequ�ncia, disse, sem revelar identidade, que na verdade tinha sido o respons�vel pela invas�o do celular de Manuela, porque tinha 'um conjunto de informa��es relevantes' sobre crimes de autoridades do Estado brasileiro para revelar. Como prova, teria enviado fotografias de documentos.
Segundo a ex-candidata a vice presidente, diante da afirma��o de que haveriam provas de crimes, ela recomendou que ele procurasse um jornalista. "Eu liguei para o meu advogado para consultar se era um caminho adequado encaminhar para um jornalista. (�) Eu sou jornalista de forma��o, mas n�o me julguei tecnicamente a melhor pessoa, tanto para aferir legitimidade de documentos", contou.
O hacker teria demonstrado desconfian�a em rela��o � m�dia e, por isso, ela passou o contato direto do jornalista investigativo Glenn Greenwald, do portal The Intercept Brasil, que posteriormente publicou trechos de conversas supostamente enviadas pelo hacker na s�rie de reportagens que ficou conhecida como 'Vaza Jato'. O jornalista chegou a ser denunciado pela Procuradoria, mas o juiz Ricardo Leite, da Justi�a Federal do Distrito Federal, rejeitou a tese de que ele tenha auxiliado no crime. "Ele nunca me procurou para pedir o telefone do Glenn, eu sugeri que ele procurasse o Glenn, quando ele n�o aceitou conversar com 'jornalistas', no termo gen�rico", disse.
Manuela tamb�m negou conhecer pessoalmente o hacker e disse que ele deu n�o detalhes de como obteve os documentos. "Deu a entender que agia sozinho, que vivia nos Estados Unidos, que fazia mestrado em ci�ncia pol�ticas, se n�o me falha a mem�ria, em Harvard, e que tinha acesso ao Telegram, porque ele era amigo do antigo dono do Telegram".
A ex-deputada foi ouvida como testemunha na a��o penal que corre na 10� Vara Federal de Bras�lia e colocou seis pessoas no banco dos r�us, incluindo o suposto hacker que procurou Manuela, Walter Delgatti Netto, o 'Vermelho'. Segundo a Procuradoria, o grupo executava crimes cibern�ticos em tr�s frentes: fraudes banc�rias, invas�o de dispositivos inform�ticos, como celulares, e lavagem de dinheiro. Quase mil pessoas, incluindo jornalistas e autoridades dos Tr�s Poderes, tiveram suas conversas acessadas pelo grupo.
POL�TICA