A pandemia do novo coronav�rus deu uma sobrevida pol�tica ao senador Carlos F�varo (PSD-MT), terceiro colocado nas elei��es de Mato Grosso para o Senado em 2018. O empres�rio e produtor rural foi catapultado ao cargo por uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e n�o tem data para deixar o mandato-tamp�o. Uma elei��o marcada para abril com o objetivo de definir o ocupante da vaga foi cancelada por conta da pandemia do novo coronav�rus, o que adiou o desfecho do caso. Neste per�odo, o pr�prio F�varo acabou contaminado pela covid-19.
F�varo chegou ao Senado em abril depois que a senadora Ju�za Selma Arruda (Podemos-MT), conhecida como "Moro de saias", foi cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por caixa 2 e abuso de poder econ�mico na �ltima campanha. A decis�o de Toffoli garantiu ao parlamentar assumir o cargo provisoriamente at� a realiza��o da nova elei��o no Estado, ainda sem data para ocorrer devido � pandemia. O argumento do presidente do STF foi n�o deixar Mato Grosso s� com dois senadores e sem representa��o integral na Casa, onde cada Unidade da Federa��o � representada por tr�s parlamentares.
Na pr�tica, o adiamento do pleito deixou o pol�tico do PSD por mais tempo que o previsto na vaga. Em entrevista ao Estad�o/Broadcast, o empres�rio recha�ou cr�ticas ao mandato-tamp�o e declarou que haveria uma crise de legitimidade ainda maior se seu Estado estivesse com apenas dois senadores. F�varo pretende concorrer � vaga na nova elei��o para ficar definitivamente no mandato.
Para justificar sua atua��o no cargo, o parlamentar cita que foi autor de uma emenda garantindo a Mato Grosso uma fatia maior no socorro financeiro pago pela Uni�o a Estados e munic�pios em fun��o da pandemia. Al�m disso, diz ter conseguido com o governo a libera��o de R$ 50 milh�es em repasses diretos, mesmo sem direito a emendas parlamentares neste ano.
"Se eu n�o estou aqui, os mato-grossenses teriam perdido esses recursos, o Mato Grosso estaria sub-representado e a� sim seria ileg�timo. O que seria uma aberra��o � o Estado ter dois senadores s�", afirmou. O parlamentar conta com sua atua��o provis�ria para se cacifar na disputa. "Fica tranquilo. Ficarei at� 2027. Com f� em Deus."
A �rea t�cnica do TSE defende a realiza��o da nova elei��o de senador no mesmo dia do primeiro turno das elei��es municipais de novembro, programado para 15 de novembro. Segundo o Estad�o/Broadcast apurou, o presidente do TSE, ministro Lu�s Roberto Barroso, vai decidir sobre o assunto at� esta sexta-feira, dia 17.
A assessoria do tribunal confirmou � reportagem que Barroso avalia essa data para o pleito suplementar, conforme sugerido pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Gilberto Giraldelli. Na avalia��o de Giraldelli, combinar os calend�rios economizaria gastos e evitaria um risco maior de contamina��o dos eleitores pela covid-19.
F�varo chegou ao Senado depois que o PSD - partido do senador - e o governador Mauro Mendes (DEM) entraram com a��es no Supremo pedindo que o terceiro colocado assumisse interinamente a vaga de Selma. "N�o ganharam a elei��o, n�o tiveram voto para ganhar elei��o e agora querem inventar a figura do senador bi�nico. Esperamos que essa novela acabe em novembro", afirmou o vice-l�der do governo na C�mara, deputado Jos� Medeiros (Podemos-MT).
Um dos 12 nomes que j� se lan�aram na disputa pela vaga do empres�rio, o deputado critica a atua��o do governo do Estado no caso. "N�s temos a m�quina do governo do Estado trabalhando para o F�varo. O governo do Estado de Mato Grosso pegou a Procuradoria do Estado e entrou com peti��o a favor de Carlos F�varo no STF, o que � um absurdo. Eu n�o pedi impeachment do governador porque sei que n�o vai dar em nada. Daria impeachment at� na Venezuela", disse.
Procurado pela reportagem, o governo de Mato Grosso n�o se manifestou at� a publica��o desta mat�ria.
Gratifica��o
Desde que tomou posse, no dia 16 de abril, o senador tem direito ao sal�rio de R$ 33.763,00, al�m de outras regalias. O empres�rio recebeu um m�s de aux�lio-moradia (R$ 3.326,88), at� ocupar o im�vel funcional em Bras�lia. Da cota parlamentar, o Senado desembolsou para F�varo um total de R$ 64.029,38 at� quarta-feira, 15, de acordo com o Portal da Transpar�ncia. A maior parte da verba (R$ 42.204,30) foi usada por F�varo para pagar empresas e divulgar sua atividade parlamentar, o que, na pr�tica, pode lhe favorecer em uma disputa para a vaga.
At� uma antecipa��o � gratifica��o natalina o Senado deu a Carlos F�varo, no valor de R$ 5.627,16, mesmo que n�o seja poss�vel afirmar se ele ainda estar� no cargo no Natal, em 25 de dezembro. "Eu vejo voc� muito preocupado com a legitimidade. Ileg�timo seria o Estado faltando um representante. Me sinto muito leg�timo representando a popula��o mato-grossense", declarou o parlamentar.
Diagnosticado com covid-19 no m�s passado, o senador foi internado no Hospital Albert Einstein, em S�o Paulo, mas j� se recuperou da doen�a depois um per�odo de 21 dias internado. Primeiro, tratou um n�dulo no pulm�o por nove dias. "Fui aben�oado com um milagre, sarou, cicatrizou sem tomar rem�dio, mas depois eu descobri que estava com coronav�rus e foram mais 12 dias internado. Foi muito forte. Mas eu participei de todas as sess�es, deliberei, votei em todas, orientei a equipe e acho que conseguimos cumprir nosso papel."
postado em 16/07/2020 12:07