
Bras�lia – Enquanto v� a aprova��o do governo atingir �ndices recordes desde que assumiu o Pal�cio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro j� pensa na melhor estrat�gia para seguir no poder em 2022, quando certamente enfrentar� candidatos mais fortes daqueles que concorreram contra ele dois anos atr�s. Nessa articula��o, um dos pontos-chave ser� a escolha do vice. Uma das possibilidades � de que o atual, o general Hamilton Mour�o, deixe o posto para dar lugar � ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Existem rumores de que a sa�da de Mour�o poderia acontecer para ele concorrer ao governo do Rio Grande do Sul, seu estado natal. Dessa forma, o general seria um importante canalizador de votos para Bolsonaro no estado, sobretudo porque rivalizaria com o candidato da esquerda na disputa pelo Executivo ga�cho. Uma eventual polariza��o, possivelmente contra o PT, tende a ser positiva para o presidente: apesar do arrependimento de alguns dos eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018, h� quem n�o vote no partido do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva de forma alguma
“Hoje, preferimos n�o levantar essa hip�tese para n�o provocar qualquer tipo de desentendimento no governo federal. Mas no momento aprazado, eu vou fazer essa solicita��o ao general Mour�o. Gostaria de contar com ele concorrendo ao governo do estado, ou mesmo sendo candidato ao Senado pelo estado. Al�m de ele contribuir com for�a pol�tica para o Rio Grande do Sul, n�o tenho d�vidas de que teria uma for�a eleitoral muito grande. O general Mour�o � muito respeitado entre os ga�chos”, diz Marco Elias Pinheiro, presidente, no Rio Grande do Sul, do PRTB, partido de Mour�o.
A preocupa��o em n�o rivalizar com outros partidos que n�o os de esquerda justifica a op��o por Tereza. Al�m de ser o s�mbolo do setor econ�mico que segurou firme o pa�s em meio � pandemia da COVID-19, por ser filiada ao DEM, a ministra poderia “unir” a legenda em torno do plano de reelei��o de Bolsonaro e evitar uma candidatura do partido que pudesse competir com o eleitorado do presidente.
Atualmente, os democratas est�o divididos entre os que s�o da base do governo e os que fazem oposi��o. Ao colocar Tereza em um posto t�o importante para o pa�s, como o de vice-presidente, a equipe de Bolsonaro entende que agradaria ao DEM, ganhando um importante aliado. Para o entorno do presidente, � mais importante ter o partido ao seu lado do que em uma espor�dica alian�a com o PSDB, por exemplo, legenda de um dos principais rivais de Bolsonaro no momento, o governador de S�o Paulo, Jo�o Doria.
O term�metro de 2022, no entanto, � que vai definir os passos de Bolsonaro. O eleitorado fiel do presidente �, majoritariamente, conservador. Ciente disso, o presidente pode recorrer � sua base ideol�gica para escolher algu�m que seja um contraponto ao seu comportamento mais suave, sobretudo para manter mobilizados os seus apoiadores mais radicais. Nesse cen�rio, ganha for�a o nome da ministra da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos, Damares Alves, que � contra o aborto e a ideologia de g�nero.
An�lise Cientista pol�tico e especialista em rela��es governamentais pelo Ibmec, Andr� Rosa acredita que Bolsonaro queira trocar Mour�o porque o vice tem galgado uma posi��o pol�tica forte no governo. “Mour�o n�o vem de cargo e o posto de vice � uma oportunidade de emplacar outros tipos de candidatura, � uma janela de oportunidades. O papel do vice � mais discreto, mas Mour�o tem ambi��es pol�ticas”, opina. O cientista pol�tico Cristiano Noronha, vice-presidente e s�cio da Arko Advice, diz que apesar de o cen�rio eleitoral ainda n�o estar posto, a escolha de Bolsonaro pelo vice ser� uma tentativa de refor�ar a rela��o com algum segmento pol�tico em evid�ncia. No caso da ministra Tereza, influencia n�o apenas o DEM, mas tamb�m a quest�o da agropecu�ria — por sinalizar um gesto importante ao setor —, al�m de o nome dela ser uma forma de atrair o eleitorado feminino.
Presidente faz afago aos militares
O presidente Jair Bolsonaro viajou at� o Rio de Janeiro na manh� de ontem para participar da cerim�nia de forma��o de 749 novos paraquedistas das For�as Armadas. Ao discursar no evento, o chefe do Executivo disse que conta com a lealdade dos militares ao pa�s para superar os “obst�culos” que o pa�s atravessa, sem esclarecer exatamente a que dificuldades se referia. Ele tamb�m destacou que o seu governo n�o tem corrup��o e que isso n�o � uma virtude, mas sim, uma obriga��o.
“Com a for�a de voc�s n�s cumpriremos esta miss�o. Tenho certeza de que, contando com voc�s, com sua lealdade absoluta ao nosso Brasil, cumpriremos qualquer miss�o. Tenho certeza de que os obst�culos que ora se apresentam para n�s ser�o vencidos e que, brevemente, nos congratularemos por este momento", disse Bolsonaro. Antes de se dedicar � pol�tica, o presidente integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista do Ex�rcito.
Dos formandos de ontem, 747 eram do Ex�rcito e dois da Aeron�utica. Parabenizando os novos paraquedistas, Bolsonaro classificou a conclus�o do curso de forma��o como um "momento �mpar". "Hoje, voc�s se unem � elite do nosso Ex�rcito brasileiro. A partir de hoje, somos todos iguais", frisou.
"Hoje (ontem), o paraquedista n�o apenas salta da rampa (de avi�es militares). Ele sobe a rampa do Planalto Central, para mostrar a todo o Brasil que temos honra na condu��o das quest�es p�blicas e que queremos, sim, um Brasil muito melhor do que aquele que recebi em janeiro do ano passado", acrescentou o presidente.
Parentes do soldado Pedro Lucas Chaves, que morreu em 20 de junho deste ano ao saltar de um avi�o durante exerc�cio de treinamento do curso de forma��o, foram convidados a participar da cerim�nia, durante a qual Chaves foi lembrado. "Em sua mem�ria, rendemos homenagens", comentou Bolsonaro.
A cerim�nia ocorreu no 26º Batalh�o de Infantaria de Paraquedistas, na Vila Militar, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O ministro da Defesa, Fernando Azevedo, o ministro-chefe do Gabinete de Seguran�a Institucional (GSI), Augusto Heleno, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, oficiais militares e parlamentares acompanharam Bolsonaro ao evento.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), que busca o apoio de Bolsonaro para se reeleger, tamb�m compareceu � cerim�nia, assim como o vereador carioca e filho do presidente, Carlos Bolsonaro, que se filiou ao partido de Crivella neste ano.