Com a decis�o do presidente Jair Bolsonaro de n�o se envolver, ao menos oficialmente, no primeiro turno das elei��es municipais de novembro, os pr�-candidatos a prefeito de S�o Paulo, inclusive os que s�o associados � esquerda, disputam o esp�lio bolsonarista na cidade. Uma das estrat�gias � se declarar como oposi��o ao governador Jo�o Doria (PSDB), visto como poss�vel advers�rio de Bolsonaro nas elei��es de 2022.
No segundo turno da elei��o presidencial de 2018, Bolsonaro ganhou em 52 das 58 zonas eleitorais e teve pouco mais de 60% dos votos v�lidos na Capital. As campanhas t�m pesquisas internas mostrando que, desde a posse, em 2019, este eleitorado se dividiu entre arrependidos, lavajatistas e aqueles que continuam fi�is ao presidente. Sejam quais forem os porcentuais, os pr�-candidatos calculam que � imposs�vel vencer a elei��o sem parte desses votos.
Apresentar-se como anti-Doria foi o que levou, por exemplo, o ex-governador Marcio Fran�a (PSB) a um evento com o presidente Bolsonaro em S�o Vicente, cerca de dez dias atr�s. Ele participou da visita de Bolsonaro a uma ponte estadual que estava interditada havia meses e s� foi parcialmente reaberta gra�as a investimentos federais depois de o governo estadual se recusar v�rias vezes a liberar recursos para a obra.
O encontro foi interpretado como um sinal pol�tico. O ex-governador usa como refer�ncia para sua estrat�gia de campanha o mapa dos votos que obteve na capital no 2� turno da disputa para governador. O pessebista venceu com folga nas franjas da cidade e avan�ou sobre o eleitorado "azul do centro", que historicamente vota contra o PT. Para tentar atrair o eleitor bolsonarista, Fran�a vai repetir a proposta de alistamento civil.
No PT, a estrat�gia �, primeiro, tentar conseguir os votos dos eleitores que escolheram Fernando Haddad em 2018. Mas os petistas n�o escondem o desejo de reaver parte do eleitorado que votava no partido mas migrou para Bolsonaro e hoje estaria arrependido. Uma das estrat�gias � colar o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), em Doria. Na campanha o partido vai tratar os dois como sendo um s�.
"Vamos mostrar que o Doria meio que tutela o Bruno. Por isso a campanha ter� duas dire��es. Uma � o anti-Bolsonaro, outra � a cidade", disse o coordenador de comunica��o da campanha petista, Jos� Am�rico Dias. Segundo o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), que tamb�m integra a coordena��o da campanha, o PT vai aproveitar v�nculos criados durante o combate � pandemia do novo coronav�rus para tentar entrar no eleitorado bolsonarista da capital.
"Queremos ganhar j� no primeiro turno uma parte do eleitorado arrependido do bolsonarismo. Os que se chocam com a postura de Bolsonaro em rela��o � pandemia, os pequenos e m�dios comerciantes que n�o conseguem acessar cr�dito", disse.
Novo
Visando o eleitorado bolsonarista, o pr�-candidato do Novo, Filipe Sabar�, tamb�m faz duras cr�ticas a Doria, mas "pela direita". "Existe uma grande rejei��o a Doria e o Fran�a est� apostando nela, mas isso n�o vai colar. O M�rcio Cuba n�o cola na direita", disse.
Ex-aliado de Doria, de quem foi secret�rio, Sabar� rompeu com o governador e tem dito que o tucano "traiu a direita".
J� a ex-bolsonarista Joice Hasselmann (PSL) vai tentar se colocar como a candidata da Lava Jato, aproveitando seus v�nculos com Sergio Moro e Deltan Dallagnol e o fato de ter nascido no Paran�, ber�o da opera��o.
A avalia��o na pr�-campanha de Bruno Covas � que, de fato, existe uma m� vontade do eleitor paulistano com Doria por ele ter deixado o cargo, e isso n�o mudou muito de 2018 para c�. Por outro lado, aliados do prefeito dizem que n�o h� uma rejei��o "absoluta" e dizem que o eleitor valoriza a boa rela��o entre prefeito e governador.
PSOL
No extremo oposto do espectro ideol�gico, at� o pr�-candidato do PSOL, Guilherme Boulos, espera herdar parte dos votos bolsonaristas na periferia. "Minha candidatura dialoga muito com esse eleitorado. � um erro pensar que todo eleitor do Bolsonaro � ideologicamente ligado a ele. A maior parte � gente que votou nele por desespero, por desesperan�a. Al�m disso, tem muito evang�lico no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto)", disse Boulos.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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