
A declara��o de Lula foi recebida positivamente, mas com cautela por l�deres de outras siglas da esquerda. J� no pr�prio PT a possibilidade de o partido n�o ter candidato a presidente pela primeira vez desde a redemocratiza��o � vista como improv�vel. Lula admitiu que o PT pode abrir m�o da cabe�a de chapa em 2022 em entrevista ao canal do YouTube TV Democracia, do jornalista Fabio Pannunzio.
"Acho plenamente poss�vel ter uma elei��o em que o PT n�o tenha candidato a presidente. O PT pode ter candidato a vice, a outra coisa. Isso � plenamente poss�vel. Acontece que tem que ter um candidato com a habilidade de tratar os partidos com o respeito que os partidos merecem. N�o adianta as pessoas querem brigar com o PT porque o PT aceita briga, mas � o maior partido de esquerda da Am�rica Latina", afirmou Lula.
O ex-presidente disse "lamentar profundamente" que o PT n�o fa�a parte de um grande processo de alian�a contra o bolsonarismo, mas lembrou que o partido chegou em primeiro ou segundo lugar em todas as elei��es desde 1989 e que, para abrir m�o da cabe�a de chapa, depende de um "grande acordo".
"As pessoas n�o podem querer que o PT abra m�o dessa grandeza que o povo brasileiro lhe deu a troco de nada. Ou apresenta um candidato maior do que o PT ou n�o tem chance. Para poder ir para o segundo turno tem que passar pelo primeiro. Se n�o passar pelo primeiro, acabou. O Barcelona achava que era bom, mas perdeu de 8 a 2 para o Bayern de Munique (na semifinal da Liga dos Campe�es da Europa). Voc� n�o pode prescindir de um partido que tenha no come�o de uma campanha 30% a troco de que? Voc� n�o pode dar para outro partido sem um grande acordo", disse Lula.
Para petistas, Lula ratificou hegemonia do partido na esquerda
Segundo dirigentes petistas e assessores de Lula, n�o foi a primeira vez que o ex-presidente tra�ou este cen�rio. No partido, a leitura foi de que Lula mais ratificou a posi��o de hegemonia do PT na esquerda do que acenou com a possibilidade de uma composi��o com as demais for�as de oposi��o.
Petistas lembram que quarta-feira, 19, em entrevista � r�dio Folha de Pernambuco, Lula admitiu a possibilidade de ele mesmo ser candidato em 2022, caso consiga reaver na Justi�a o direito de disputar elei��es (ele foi condenado em segunda inst�ncia em dois processos por corrup��o e lavagem de dinheiro). Al�m disso, ele foi o principal incentivador da estrat�gia de o PT lan�ar o maior n�mero de candidatos poss�vel na elei��o municipal deste ano.
L�deres da oposi��o que trabalham h� anos pela constru��o de uma frente ampla contra o bolsonarismo, viram a declara��o de Lula com otimismo e cautela. "A defesa de uma frente progressista � altamente positiva. Estou muito confiante de que vamos unir for�as e vencer a pr�xima elei��o presidencial. Quanto ao papel de cada partido, temos tempo para debater", disse o governador do Maranh�o, Fl�vio Dino (PCdoB).
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, tamb�m disse que ainda falta muito tempo at� 2022. Segundo ele, primeiro a oposi��o precisa ter bons resultados nas elei��es municipais.
"A elei��o de 2022 ainda est� distante e a oposi��o precisa ter um bom resultado eleitoral esse ano para s� depois pensar em elei��o presidencial. Mas � positivo que haja esse desprendimento por parte do ex-presidente Lula, porque reconhece que o ciclo de hegemonia de um �nico partido na esquerda acabou. Seja como for, unidade eleitoral s� se discute a partir de projeto de pa�s e persistem diferen�as importantes entre os partidos de esquerda e centro-esquerda", disse ele.
Na entrevista de mais de duas horas Lula n�o mostrou arrependimento quanto � campanha agressiva contra Marina Silva (Rede) na reelei��o de Dilma Rousseff, 2014, e criticou Ciro Gomes (PDT). "Ciro deveria ter ficado no Brasil e declarado apoio ao (Fernando) Haddad (no segundo turno de 2018), mas ele preferiu, num gesto de rebeldia, ir para Paris", disse Lula.