
O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi mais uma vez ultrapassado, nesta quinta-feira (27/8), pela determina��o de Jair Bolsonaro de pavimentar o caminho da reelei��o, inclusive com medidas que amea�am o teto de gastos.
O presidente concordou em destinar R$ 6,5 bilh�es para gastos com obras p�blicas, em mais um rev�s para o titular da equipe econ�mica, que prop�s R$ 5 bilh�es.
O presidente concordou em destinar R$ 6,5 bilh�es para gastos com obras p�blicas, em mais um rev�s para o titular da equipe econ�mica, que prop�s R$ 5 bilh�es.
Dos R$ 6,5 bilh�es, R$ 3,3 bilh�es ser�o para indica��es de parlamentares, que poder�o destinar os recursos para redutos eleitorais. J� os minist�rios do Desenvolvimento Regional e da Infraestrutura — cujos titulares, Rog�rio Marinho e Tarc�sio de Freitas, est�o em alta com o presidente por conta do projeto eleitoral que vem se desenhando —devem receber R$ 1,6 bilh�o cada.
Bolsonaro come�ou a se afastar de Guedes com o impasse sobre a fonte de financiamento do Renda Brasil, quando o presidente disse que n�o poderia “tirar dos mais pobres para dar aos paup�rrimos”, e suspendeu o lan�amento do programa. Havia a expectativa de que os dois aparecessem juntos na live de ontem � noite, como forma de mostrar que a diverg�ncia fora superada. Mas quem estava ao lado do presidente era Damares Alves, ministra da Mulher, Fam�lia e Direitos Humanos.
O mal-estar prossegue com o cancelamento da reuni�o, at� ent�o prevista para hoje, no Pal�cio do Planalto, na qual Guedes apresentaria a Bolsonaro as novas fontes de recurso do Renda Brasil, sem suprimir benef�cios sociais, como o abono salarial, o seguro defeso ou o Farm�cia Popular. O encontro estava previsto desde que o presidente estabeleceu prazo para a equipe econ�mica resolver o impasse do programa. A ocasi�o tamb�m era apontada como fundamental para a defini��o dos valores da prorroga��o do aux�lio emergencial de R$ 600 –– cujos rumores d�o conta de que ficar� em R$ 300.
As d�vidas sobre o humor de Bolsonaro em rela��o a Guedes e a perman�ncia do ministro do governo seguem fortes, mas tem como contraponto o mercado financeiro –– que reage a qualquer amea�a ao ministro, pois v� nele o fiador do governo com a responsabilidade fiscal e o teto de gastos. As opini�es sobre a perman�ncia se dividem, pois � claro o enfraquecimento.
“Guedes s� sai demitido. Ele � totalmente Bolsonaro na ideologia”, apostou a economista e advogada Elena Landau. “Ele est� mostrando que faz tudo o que for poss�vel para ficar e pode at� p�r uma claraboia no teto”, refor�ou o professor de economia da Universidade de Bras�lia (UnB) Jos� Luis Oreiro.
Quem manda
O sentimento � de que Guedes precisa se ajustar � agenda populista do presidente e entender que, apesar da import�ncia do teto de gastos, quem manda � Bolsonaro.
“O discurso do presidente est� cada vez mais populista. A quest�o � que, quem decide, � o presidente, e o problema � que as propostas de Guedes n�o est�o mais encontrando espa�o no governo”, frisou o cientista pol�tico David Fleischer, professor em�rito da UnB, para quem Guedes deve sair “at� o fim do ano”.
Lideran�as do Congresso que t�m bom tr�nsito no Pal�cio do Planalto reconhecem que o ministro precisa “se ajustar” ao ritmo pol�tico. Mas consideram que a inadapta��o ao figuro n�o � motivo para demiss�o. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e o vice-presidente, Hamilton Mour�o, tamb�m afastam a hip�tese da retirada de Guedes.
Onyx, que tamb�m est� � frente do Renda Brasil, disse que n�o acredita na sa�da de Guedes “de jeito nenhum”, mas destacou que todo o “time Bolsonaro” precisa ter o compromisso de lealdade com o presidente. “N�o tem conflito nenhum. Tem uma escolha que vai ser sempre feita pelo presidente”, disse.