A disputa pela prefeitura de Belo Horizonte poder� caminhar para um confronto que coloca em lados opostos l�deres que emergiram do discurso contra a "velha pol�tica" nas duas �ltimas elei��es. O atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), tentar� a reelei��o e dever� ter como um dos principais advers�rios o engenheiro Rodrigo Paiva (Novo), estreante numa disputa e nome do governador Romeu Zema (Novo) - que surpreendeu ao vencer a elei��o de 2018.
O confronto seria uma pr�via do que pode ocorrer em 2022, quando Zema dever� buscar a reelei��o tendo Kalil como seu advers�rio. As candidaturas de Kalil e de Paiva, no entanto, ainda n�o foram oficializadas. Dos 14 postulantes � prefeitura de BH, apenas tr�s j� foram anunciados como candidatos: �urea Carolina (PSOL), Rodrigo Paiva (Novo) e Marcelo Souza e Silva (Patriotas).
Ex-presidente do Atl�tico Mineiro, Kalil foi eleito em sua primeira candidatura pelo nanico PHS com o discurso de rejei��o � "velha pol�tica". Em 2018, no entanto, seu partido n�o atingiu a cl�usula de barreira e entrou em processo de fus�o com o Podemos. Em junho de 2019, o prefeito ent�o migrou para o PSD - uma das siglas que comp�em o Centr�o no Congresso Nacional -, ap�s negocia��es com participa��o direta do presidente da legenda, o ex-ministro Gilberto Kassab.
Assim como Zema em 2018 (e Kalil em 2016), Rodrigo Paiva dever� se apresentar como um "outsider" na pol�tica em sua primeira campanha eleitoral. Engenheiro civil, de 56 anos, Paiva era presidente da Companhia de Tecnologia da Informa��o e Processamento de Dados de Minas Gerais (Prodemge) na gest�o Zema e deixou o posto no in�cio de junho para se candidatar.
O secret�rio-geral do governo, Mateus Sim�es, garante a presen�a do governador na campanha de Paiva, inclusive com participa��o em programas eleitorais de r�dio e TV e para a internet do candidato. Uma pr�via ocorreu no dia 18, quando Zema participou de uma live do candidato. Sim�es afirma, no entanto, que o foco do partido � a elei��o deste ano. "(A disputa de) 2022 n�o � o centro de nossa preocupa��o", disse.
O governador enfrenta, no entanto, um cen�rio nada favor�vel para quem pensa em ser cabo eleitoral. O Estado passa por grave crise fiscal, agravada por gastos exigidos pela pandemia do novo coronav�rus, e segue pagando de forma escalonada o sal�rio da maior parte do funcionalismo - que come�ou atrasar ainda na gest�o anterior, de Fernando Pimentel (PT). Para 2021, a previs�o � de que o d�ficit fiscal atinja R$ 17,2 bilh�es.
Outro ponto � a tramita��o da reforma previdenci�ria do Estado na Assembleia Legislativa, que causa descontentamento no funcionalismo �s v�speras da elei��o. O diretor pol�tico do Sindicato dos Servidores P�blicos de Minas Gerais (Sindip�blicos), Geraldo Henrique da Concei��o, afirmou que as mudan�as aumentam a contribui��o de servidores. "Achamos que o comportamento do governador deveria ser em outro sentido, no de evitar a sonega��o e privil�gios a empresas."
Minas tem cerca de 600 mil servidores. Do total, cerca de 500 mil s�o do Executivo, dos quais 30% est�o na capital, conforme as contas do diretor do Sindip�blicos. Entre os servidores com pagamentos escalonados de sal�rios est�o cerca de 320 mil profissionais da educa��o, segundo Concei��o.
Paiva avalia que os problemas enfrentados pelo Estado n�o prejudicam sua candidatura � prefeitura. "J� apresentamos � Assembleia Legislativa a solu��o, que � a reforma da previd�ncia. Temos pessoas no Estado que se aposentam aos 48 anos", disse. Para ele, Zema j� tem a marca de que faz gest�o s�ria. Ele concorreu ao Senado nas elei��es de 2018 e teve 1,3 milh�o de votos, dos quais 190 mil na capital.
Desafios
O pr�ximo prefeito ou prefeita de Belo Horizonte, cidade com 2,5 milh�es de habitantes, ter� pela frente grandes desafios principalmente nas �reas de habita��o, transporte e drenagem urbana, aponta a coordenadora do grupo de estudos vinculado ao instituto Observat�rio das Metr�poles, Jupira Mendon�a.
Professora do curso de p�s-gradua��o em arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG, ) Jupira diz que a capital mineira tem mais pessoas vivendo em ocupa��es do que em moradias sociais oferecidas pelo poder p�blico.
Outro desafio � preparar a cidade, constru�da sobre duas bacias, para que as chuvas n�o causem mais estragos. No in�cio deste ano, temporais na cidade levaram o problema, antes restrito �s periferias, para a regi�o Central, com o estouro da canaliza��o de cursos d'�gua tamponados. "A impermeabiliza��o cresceu e agora os rios est�o retomando seus espa�os", alerta.