Marechal era considerado s�mbolo do mundo civilizado

O marechal C�ndido Rondon � reconhecido pelo �xito em complexas expedi��es pelo interior do Brasil. As empreitadas para esticar linhas telegr�ficas de Mato Grosso ao Acre, em 1906 e, mais tarde, inspecionar as fronteiras do Pa�s eram faces de um projeto de defesa territorial. Rondon descobriu, documentou e recebeu a ajuda de povos ind�genas numa intera��o alicer�ada n�o apenas no pragmatismo do Estado. Ele tinha ascend�ncia bororo e, na forma��o militar, foi inspirado pelos ideais positivistas do fil�sofo Augusto Conte.

Nas andan�as pelo oeste brasileiro, o oficial do Ex�rcito chegou a ser flechado por �ndios acuados. A regra era n�o responder com viol�ncia.

Em 1910, Rondon chefiou o Servi�o de Prote��o ao �ndio, precursor da Funda��o Nacional do �ndio (Funai), institu�do pelo presidente Hermes da Fonseca, tamb�m marechal. Rondon consolidou uma parceria da qual existem registros do s�culo XVII, quando brancos, negros e �ndios lutaram juntos pela defesa da terra, na Batalha dos Guararapes.

Numa �poca em que �ndios eram vistos como incivilizados e carentes de "melhorias", a integra��o de Rondon acarretou, em boa medida, acultura��o e choques severos em aldeias. "A perspectiva que se tinha na �poca era a prote��o do ponto de vista de integra��o do �ndio � civiliza��o", afirma Fernando da Silva Rodrigues, doutor em hist�ria militar. "Seria uma forma de descaracterizar a cultura ind�gena. Mas a ideia era integrar o �ndio pra n�o perder o territ�rio."

Rodrigues lan�ou recentemente um estudo alentado sobre as expedi��es de Rondon. O livro Amaz�nia na Primeira Rep�blica analisa um rico acervo fotogr�fico guardado no Arquivo Hist�rico do Ex�rcito, no Rio de Janeiro. S�o 351 imagens feitas pelo filho do oficial, o engenheiro Benjamin Rondon, durante os trabalhos da Comiss�o de Inspe��o de Fronteiras (1927-1930).

A miss�o, liderada pelo ent�o general, gerou conhecimentos geogr�ficos, cartogr�ficos e etnogr�ficos sobre o sert�o. As fotos revelam fortunas naturais e a diversidade �tnica de um Brasil at� ent�o desconhecido. "A quest�o da prote��o ao ind�gena acaba mascarando o desempenho maior do Rondon, que � a defesa do territ�rio. Ele foi uma pe�a importante num projeto maior de Estado relacionado � fronteira, � soberania", assinala o pesquisador.

O trabalho de Rondon funcionava como exemplo irrefut�vel de que o Pa�s caminhava em dire��o ao mundo civilizado
"O Brasil cient�fico da Primeira Rep�blica via em Rondon s�mbolo de todos os seus ideais", diz Silva Rodrigues. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.