(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas Corrup��o

PGR: 'caixinha' na Sa�de arrecadou R$ 50 milh�es para Witzel e Pastor Everaldo

O esquema, segundo a Procuradoria, repete o que havia sido feito nas gest�es anteriores de S�rgio Cabral (MDB) e Luiz Fernando Pez�o (MDB), presos da Lava-Jato


15/09/2020 08:20 - atualizado 15/09/2020 09:22

Wilson Witzel(foto: Wikimedia Commons)
Wilson Witzel (foto: Wikimedia Commons)

O empres�rio Edson Torres, apontado como operador de Pastor Everaldo, afirmou � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) que a "caixinha de propinas" institu�da dentro da Secret�ria de Sa�de do governo Wilson Witzel (PSC) arrecadou R$ 50 milh�es entre janeiro de 2019 a junho de 2020.

As revela��es basearam a nova den�ncia apresentada pela subprocuradora Lind�ra Ara�jo nesta segunda-feira, 14, contra Witzel e o presidente do PSC, Pastor Everaldo - desta vez, por associa��o criminosa. Ambos fariam parte do "n�cleo pol�tico" do grupo, respons�vel por lotear e direcionar verbas p�blicas em troca de propinas.

O esquema, segundo a Procuradoria, repete o que havia sido feito nas gest�es anteriores de S�rgio Cabral (MDB) e Luiz Fernando Pez�o (MDB), presos da Lava-Jato. Witzel seria "o novo rosto" do grupo e teria contado com apoio de Pastor Everaldo, um "veterano da corrup��o", segundo a PGR, antes mesmo da elei��o.

Em 2017, antes de Witzel deixar a magistratura, dois operadores do pastor repassaram R$ 980 mil para garantir que ele "se mantivesse" por cerca de dois anos caso largasse o cargo de juiz federal e perdesse a elei��o. O apoio precoce, segundo a PGR, se traduziu em poder do Pastor Everaldo dentro da secretaria de Sa�de ap�s a vit�ria de Witzel nas urnas.

"Esse controle teve in�cio com a indica��o de Edmar Santos ao cargo de secret�rio de Sa�de do governo de Wilson Witzel, que somente foi poss�vel ante a proximidade de Edson Torres e Pastor Everaldo e ao pleno dom�nio que ambos exercem sobre o partido do governador, o PSC, considerando-se como os "donos do partido"", apontou a PGR.

"Iniciado o mandato de Wilson Witzel, e, por conseguinte, a gest�o de Edmar Santos, o grupo liderado pelo Pastor Everaldo e pelo empres�rio Edson Torres iniciou o seu projeto de 'privatiza��o' da secretaria de Sa�de", continuou a Procuradoria.

A "caixinha de propinas" institu�da por Everaldo, segundo confiss�o de Edson Torres, foi abastecida por repasses feitos por cinco organiza��es sociais: Solid�rio, Nova Esperan�a, Mahatma Gandhi, Gnosis e Idab. A Nova Esperan�a, inclusive, era administrada por Marcos Pereira, irm�o de Pastor Everaldo.

Cada organiza��o pagava ao grupo um porcentual que variava de 3% a 6% do valor dos contratos firmados com o governo Witzel. A propina iria para uma "caixinha", que era redistribu�da ao governador (20%), Pastor Everaldo (20%), aos operadores Edson Torres (15%) e Victor Hugo (15%), e ao ent�o secret�rio de Sa�de, Edmar Santos (30%), hoje delator.

"Segundo confessado por Edson Torres, no per�odo de 01/01/2019 a junho de 2020, essa caixinha da propina na Secretaria de Sa�de arrecadou vantagens indevidas no valor de aproximadamente R$ 50.000.000,00 (cinquenta milh�es de reais", apontou a PGR.

A operacionaliza��o e controle da arrecada��o era feita em reuni�es entre Edmar Santos, Edson Torres e Victor Hugo, operadores de Pastor Everaldo, em ao menos tr�s endere�os: Avenida Rio Branco nº 109 (at� mar�o de 2019), na Rua Rodrigo Silva, nº 18, 10º andar (de mar�o a dezembro de 2019), e na Pra�a Mahatma Gandhi, 20º andar (a partir de janeiro de 2020).

"As constantes mudan�as de endere�os demonstram a preocupa��o da organiza��o criminosa em n�o chamar a aten��o para as reuni�es, assim como a determina��o de que os telefones celulares ficassem acautelados em um recipiente bloqueador de sinais e a comunica��o realizada atrav�s de aplicativos de mensagens autodestrutivas Wickr", afirmou a Procuradoria.

Segundo a PGR, a manuten��o da "caixinha de propinas" por parte das organiza��es sociais era feita para garantir contratos de gest�es hospitalares e de unidades de pronto atendimento ou manter acordos j� firmados com o governo. Os valores eram pagos em esp�cie a Victor Hugo, que ficava respons�vel pela operacionaliza��o dos repasses aos agentes p�blicos abastecidos pela caixinha.

"O que se viu, a partir de ent�o, foi uma repeti��o do que j� havia sido revelado pela Opera��o Lava Jato no Rio de Janeiro nos governos anteriores: empres�rios comandando as contrata��es da Secretaria de Sa�de, arrecadando enormes quantias de dinheiro de fornecedores e negociando a sa�de p�blica como se mercadoria fosse", afirmou a PGR.

A Procuradoria ressaltou, mais uma vez, que o "esquema Witzel" planejava arrecadar R$ 400 milh�es cobrando propina de 5% sobre contratos de organiza��es de sa�de ao longo dos quatro anos de mandato do governador, visto que o montante anual com contrata��es era de, aproximadamente, R$ 2 bilh�es.

"Nesse diapas�o, a organiza��o criminosa, somente com esse esquema criminoso de contrata��o de organiza��es sociais na �rea de Sa�de, tinha por pretens�o angariar quase R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milh�es de reais) de valores il�citos, ao final de quatro anos, na medida em que objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos", registrou.

Witzel e Pastor Everaldo s�o apontados como integrantes do "n�cleo pol�tico" da organiza��o voltada para desvios de recursos p�blicos do Estado. O presidente do PSC teve a pris�o preventiva decretada no �ltimo dia 5 e o governador foi afastado do cargo.

Em nota, Witzel classificou as acusa��es como "mentiras" e negou participa��o em irregularidades. "Todo o meu patrim�nio se resume � minha casa, no Graja�, n�o tendo qualquer sinal exterior de riqueza que minimamente possa corroborar essa mentira", afirmou.

A defesa do Pastor Everaldo disse que "n�o comentar� trechos de processo que corre em segredo de Justi�a".

Confira a seguir as notas dos citados:

"Mais uma vez, trata-se de um vazamento de processo sigiloso para me atingir politicamente", diz Wilson Witzel. "Reafirmo minha idoneidade e desafio quem quer que seja a comprovar um centavo que n�o esteja declarado no meu Imposto de Renda, fruto do meu trabalho e compat�vel com a minha realidade financeira. Todo o meu patrim�nio se resume � minha casa, no Graja�, n�o tendo qualquer sinal exterior de riqueza que minimamente possa corroborar essa mentira. O �nico dinheiro il�cito encontrado, at� agora, estava com o ex-secret�rio Edmar Santos", escreveu o governador afastado.

"A defesa do Pastor Everaldo esclarece que ainda n�o teve acesso � �ntegra da investiga��o e da dela��o que embasaram sua pris�o, ocorrida h� 20 dias. A defesa informa que a nova de den�ncia n�o est� juntada aos autos processo e que n�o comentar� trechos de processo que corre em segredo de Justi�a. O Pastor Everaldo, que sempre esteve � disposi��o das autoridades, reitera sua confian�a na Justi�a e na sua liberta��o."


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)