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Estado de Minas POL�TICA

Livro faz 'ponte' entre bolsonarismo, fascismo e integralismo


17/09/2020 07:22

Em meio � percep��o de que o presidente Jair Bolsonaro e parte de seus apoiadores representam uma vers�o tupiniquim do fascismo no s�culo 21, que prospera entre seus advers�rios, um novo livro se prop�e a iluminar o debate sobre o tema.

Escrito pelo jornalista Pedro Doria, colunista do Estad�o, com o t�tulo Fascismo � Brasileira e lan�amento marcado para esta quinta-feira, 17, em palestra virtual do autor, o livro procura avaliar as diferen�as e semelhan�as entre o bolsonarismo, o integralismo e o fascismo, a partir da hist�ria da A��o Integralista Brasileira (AIB) e do movimento criado em 1915 na It�lia por Benito Mussolini, ditador que comandou o pa�s com m�o de ferro por 23 anos, de 1922 a 1945.

Fundada em 1932 pelo pol�tico, escritor e jornalista Pl�nio Salgado (1895-1975) e extinta em 1937, com a decreta��o do Estado Novo por Get�lio Vargas, a AIB foi uma vers�o nacional do movimento fascista italiano. Em seu auge, segundo Doria, chegou a ter um milh�o de filiados e foi o maior movimento fascista do mundo fora da Europa e o maior grupo de direta do Pa�s, at� a elei��o de Bolsonaro e o surgimento do bolsonarismo.

Embora tenha a pretens�o de fazer a ponte do bolsonarismo com o integralismo e o fascismo, a obra tem como ponto alto a pesquisa que Doria realizou sobre a vida e a trajet�ria pessoal, intelectual e pol�tica de Salgado, at� hoje venerado por seus seguidores. Destacam-se tamb�m os relatos sobre a intera��o de Salgado, chefe absoluto do integralismo, com personalidades do Pa�s e do exterior e com correligion�rios que o acompanharam na constru��o e nas atividades da AIB - em especial, o historiador Gustavo Barroso, comandante das mil�cias do movimento e l�der da ala antissemita, e o jurista Miguel Reale, respons�vel pelo Departamento de Doutrina, no qual detalhou a estrutura do que seria um Estado integralista, centrado na elei��o de representantes de categorias profissionais, em linha com o corporativismo fascista.

'Galinhas verdes'

Numa narrativa envolvente, rica em detalhes, Doria conta como foi o encontro de Salgado com Mussolini, no Palazzo Venezia, em Roma, em 1930, que selou sua admira��o pelo fascismo, dois anos antes da funda��o da AIB. "O encontro com Mussolini foi apenas o momento hist�rico em que tomei a decis�o", escreveu o l�der integralista a um amigo, semanas depois, de acordo com o autor.

Doria relata tamb�m como foi a primeira marcha da AIB, realizada em S�o Paulo, em 23 de abril de 1933, quando Salgado e os demais dirigentes do movimento vestiram pela primeira vez as c�lebres camisas verdes, e o conflito ocorrido na Pra�a da S�, tamb�m na capital paulista, em 1934, quando milhares de militantes que iriam participar de uma manifesta��o integralista foram recebidos � bala por apoiadores da Frente �nica Antifascista, instalados em pr�dios da regi�o - incidente que ficou conhecido como a "Revoada das Galinhas Verdes".

O livro traz tamb�m dois epis�dios pouco conhecidos da vida de Salgado. Um era a sua liga��o com o banqueiro Alfredo Egydio de Souza Aranha, fundador do Banco Federal de Cr�dito, embri�o do atual Ita� Unibanco, que foi uma esp�cie de mecenas para ele e pagou as despesas de sua viagem � Europa, quando se encontrou com Mussolini. O outro, a leitura de seus poemas na Semana de Arte Moderna de 1922, quando refor�ou sua rela��o com os poetas Menotti Del Picchia e Cassiano Ricardo, com quem criaria o Movimento Verde-Amarelo, que permaneceram seus grandes amigos at� a sua morte.

Estado m�nimo

A liga��o do integralismo e do fascismo com o bolsonarismo � tratada apenas no in�cio do livro e no cap�tulo final, sem que o autor chegue a uma conclus�o definitiva. Em resposta � pergunta "Bolsonaro � fascista?", Doria responde: "Depende de como se define a palavra fascista. � a �nica resposta poss�vel".

Nas primeiras passagens da obra, por�m, Doria afirma que "os afetos do bolsonarismo s�o fascistas". Tamb�m diz que Bolsonaro e sua tropa de choque formam um movimento de "extrema direita", porque "n�o h� for�as � sua direita no Congresso". Por outro lado, afirma que "Bolsonaro foi eleito" e que "esta n�o � uma diferen�a irrelevante". Diz ainda que "buscar o Estado m�nimo e promover o fascismo s�o incompat�veis" e que "o liberalismo defendido por (Paulo) Guedes (ministro da Economia) � uma ideologia de destrui��o do Estado que tem por objetivo impedir que ele se torne fascista". Talvez, em meio � polariza��o predominante neste campo hoje no Pa�s, ficar "em cima do muro" seja um avan�o.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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