Al�m das horas perdidas no transporte p�blico, o paulistano que mora na periferia e trabalha no centro est� mais exposto � polui��o e, consequentemente, ao risco de desenvolver doen�as respirat�rias, dist�rbios pulmonares ou mesmo card�acos. Isso sem falar no aspecto emocional.
Especialista em polui��o atmosf�rica, o professor de Patologia Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da USP, � categ�rico: os riscos proporcionados pelo consumo recorrente de CO2 s�o maiores para os mais pobres. "Quando voc� mede a polui��o em S�o Paulo, voc� percebe que ela est� predominantemente concentrada nas regi�es de maior tr�fego, ou seja, no centro expandido. Mas quem leva a polui��o para os pulm�es s�o os mais pobres, que ficam mais tempo no tr�nsito", afirma ao Estad�o.
Vandersilva Sime�o Ribeiro Pedro, de 54 anos, faz parte desse grupo imenso de pessoas que t�m a sa�de afetada em fun��o da desigualdade social em S�o Paulo. Moradora da Vila Mission�ria, na zona sul, ela gasta tr�s horas no sistema de transporte para trabalhar na Bela Vista, bairro do centro.
Para piorar, �reas verdes s�o exce��o na regi�o onde a encarregada de limpeza vive. Cen�rio oposto ao do pesquisador Pedro Senger, de 25 anos, morador de Higien�polis. A 10 minutos de caminhada de seu apartamento, ele tem � disposi��o tr�s parques - Trianon, Buenos Aires e Prefeito M�rio Covas -, al�m de pra�as e canteiros.
A rotina de Senger parece feita sob medida para ilustrar o conceito de "cidade de 15 minutos", idealizado pelo franco-colombiano Carlos Moreno, professor da Universidade Sorbonne, em Paris. O conceito prev� que servi�os p�blicos b�sicos, como postos de sa�de, estejam a, no m�ximo, 1 km das pessoas.
Vandersilva e Senger foram acompanhados pela reportagem do Estad�o para ilustrar as "v�rias cidades" que comp�em S�o Paulo. Com realidades totalmente distintas, ambos ajudar�o a decidir nas elei��es de novembro quem ocupar� o cargo de prefeito ou prefeita da capital.
Utopia ou n�o, a Prefeitura participa de comit� internacional que se prop�e a aproximar servi�os p�blicos das periferias como forma de melhorar a qualidade de vida da popula��o. � o C40, Grupo da Lideran�a Clim�tica das Grandes Cidades comandado pelo ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg,
Por enquanto, morar em S�o Paulo, segundo estudo produzido pela USP, � como fumar de tr�s a quatro cigarros por dia. "As pessoas acabam dependendo de pol�ticas p�blicas. E a nossa cidade tem adiado projetos de redu��o de emiss�es de gases (trocando o diesel dos �nibus por energia n�o poluente) em nome da chamada 'economia'. Mas, fazendo a conta, com o que se gasta para tratar, no SUS, doen�as decorrentes da polui��o, seria mais barato melhorar a matriz de combust�vel dos �nibus", afirma o professor Saldiva.
Verde
O contraste tamb�m se revela quando o tema � arboriza��o. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), 74,8% das vias t�m ao menos uma �rvore. Mas � s� caminhar pelos bairros para sentir no ar as diferen�as.
Enquanto a Avenida Ang�lica, onde Senger mora, � bem abastecida de �rvores em seus 2 km de extens�o, o quarteir�o da rua de Vandersilva conserva alguns poucos vasos de plantas. A Subprefeitura de Cidade Ademar, que engloba a Vila Mission�ria, tem a pior taxa de verde por habitante: 0,7 m�.
Viver em bairros com �reas verdes significa uma melhora na sa�de f�sica e emocional, diz o bot�nico Ricardo Cardim. "A preocupa��o do poder p�blico tem sido atender podas e cortes de �rvores. Mas arboriza��o n�o � enfeite, � uma m�quina de sa�de." Segundo Cardim, a solu��o pode ser usar a pr�pria rua. "V�rios pa�ses t�m utilizado vagas de carros para plantar �rvores. � uma solu��o barata, mas h� falta de interesse pol�tico." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA