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Estado de Minas POL�TICA

Governo Bolsonaro escolhe pesquisador civil como novo diretor do Inpe


02/10/2020 13:39

Alvo de cr�ticas e questionamentos do governo Bolsonaro h� mais de um ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem um novo diretor. O engenheiro eletricista Clezio Marcos De Nardin, que era coordenador-geral de Ci�ncias Espaciais e Atmosf�ricas do pr�prio instituto, foi escolhido pelo ministro de Ci�ncia e Tecnologia, Marcos Pontes, para assumir o cargo m�ximo do �rg�o pelos pr�ximos quatro anos.

Pesquisador da �rea da ci�ncia espacial, Nardin, de 48 anos, � um dos criadores do programa de monitoramento do clima espacial no Inpe. A decis�o foi publicada nesta sexta-feira, 2, no Di�rio Oficial da Uni�o.

Em breve entrevista ao Estad�o, Nardin n�o quis entrar nas pol�micas e afirmou que pretende adotar, � frente do Inpe, um car�ter pragm�tico em rela��o aos ataques do governo federal.

"O Inpe j� esteve em situa��es dif�ceis no passado. N�o estou dizendo que as cr�ticas s�o bem-vindas ou indesejadas. Toda cr�tica � bem-vinda, e todas ser�o tratadas com an�lise t�cnica. Minha fun��o � prover uma resposta t�cnica, n�o uma resposta pol�tica. Se voc� est� atr�s de uma resposta pol�tica, eu sugiro que voc� procure o ministro. Ele � quem tem responsabilidade por isso. A minha fun��o � assessor�-lo. Encaro com naturalidade. Cr�ticas s�o comuns no meio cient�fico e as nossas respostas ser�o sempre sempre t�cnicas para atender ao Pa�s e ao governo", afirmou.

Quando questionado sobre o risco de corte de or�amento no pr�ximo ano e sobre quais estrat�gias pretende adotar para blindar o instituto, Nardin insistiu no papel t�cnico do Inpe: "Sou um �rg�o t�cnico, n�o posso fugir disso. � a minha natureza. Sempre vou argumentar do ponto de vista t�cnico. Quem tem de decidir para onde vai o or�amento � a C�mara dos Deputados, o governo".

E complementou: "Cabe ao Inpe, com o que receber, fazer o seu melhor. E tentar, na medida do poss�vel, diante da crise que o Pa�s vive, mostrar sua import�ncia e onde o Inpe pode atuar para melhorar a economia do Pa�s. N�o cabe ao Inpe criticar se o or�amento � ruim, ou � baixo, ou � grande, ou � pouco. Quem tem de fazer isso � o povo atrav�s dos seus representantes no Congresso. O Inpe trabalha pelo Pa�s, s� isso."

A dire��o do instituto era ocupada interinamente desde agosto do ano passado pelo militar Darcton Policarpo Dami�o, depois que o ent�o diretor, o f�sico Ricardo Galv�o, foi exonerado pelo governo. Coronel da reserva da Aeron�utica, Dami�o era candidato � vaga definitiva e vinha, desde o fim do ano passado, conduzindo um pol�mico processo de reestrutura��o no Inpe, o que indicava que ele poderia contar com algum favoritismo, o que era rejeitado pela maior parte do instituto e da comunidade cient�fica. Desde sua cria��o, o Inpe sempre teve diretores civis.

Ao todo, nove pessoas se candidataram ao cargo, entre eles o ex-diretor do Inpe Gilberto C�mara e dois ex-diretores de institutos de pesquisa federais: Nilson Gabas J�nior (que foi do Museu Paraense Em�lio Goeldi) e Victor Pellegrini Mammana (Centro de Pesquisas Renato Archer).

Um comit� de busca independente e cient�fico submeteu uma lista tr�plice ao ministro Pontes, mas n�o foram divulgados os nomes que a compunham. "O MCTI d� as boas-vindas ao dr. Clezio Marcos de Nardin, que possui todos os requisitos e compet�ncias exigidas para assumir tal miss�o. Dr. Clezio tomar� posse nesta sexta-feira, 2, para uma nova gest�o de quatro anos", informou o Inpe em seu site.

A nota informa que Dami�o "assume um novo desafio" e ser� assessor especial de Pontes. O militar recebeu ainda uma condecora��o nesta quinta e foi promovido pelo Minist�rio da Defesa ao grau de comendador.

Ataques ao Inpe

Respons�vel, entre outras atividades, pelo monitoramento por sat�lite do desmatamento da Amaz�nia, o Inpe est� h� mais de um ano no centro de cr�ticas pesadas do governo federal. Em meados de 2019, quando o desmatamento da Amaz�nia come�ou a subir, o presidente Jair Bolsonaro disse diversas vezes que os dados revelados em alertas do sistema Deter, do instituto, eram mentirosos. Bolsonaro chegou a insinuar que Galv�o estivesse a "servi�o de alguma ONG."

Galv�o, na ocasi�o, respondeu de forma pesada e acusou o presidente de agir de forma "pusil�nime e covarde". Ele defendeu a qualidade e a transpar�ncia dos dados, que foram tamb�m chancelados por institui��es de pesquisa do Brasil e do exterior, como a Nasa. Mas o estresse foi tamanho que Galv�o acabou exonerado.

De l� para c�, toda vez que o Inpe revelava que a situa��o de desmatamento e queimadas na Amaz�nia, e mais recentemente, no Pantanal, estava cr�tica, o governo voltava a atacar as informa��es. Neste ano, o vice-presidente, general Hamilton Mour�o, que coordena o Conselho da Amaz�nia, questionou v�rias vezes os sistemas de monitoramento, indicando que eles n�o seriam o suficiente para ajudar a conter o problema. Ao mesmo tempo, veio � tona a informa��o que o Minist�rio da Defesa pretende contratar um novo sat�lite, ao custo de R$ 145 milh�es.

Ao longo do processo de escolha do novo diretor, o Inpe sofreu um novo golpe, com a redu��o de parte do seu or�amento que � proveniente da Ag�ncia Espacial Brasileira.

O Sindicato Nacional dos Servidores Federais na �rea de Ci�ncia e Tecnologia (SindCT) divulgou nota ressaltando que desde a exonera��o de Galv�o o Inpe foi atacado de diversas formas. "Duvidaram dos dados que mostraram o incremento acentuado na destrui��o dos biomas brasileiros, tentaram desqualificar os sistemas de monitoramento do desmatamento e das queimadas e menosprezaram a excel�ncia da produ��o cient�fica que fundamenta os resultados que tanto incomodam a um projeto de destrui��o ambiental. E calado ficou o interventor", escreveu o sindicato.

Em rela��o a Nardin, a entidade afirmou: "� um cientista qualificado, formado e treinado no pr�prio Inpe, onde se doutorou em Geof�sica Espacial e atualmente � Coordenador-Geral de Ci�ncias Espaciais e Atmosf�ricas. E assim se credenciou, aos olhos do Comit� de Busca, para dirigir uma institui��o t�o complexa como o Inpe, que nos seus 59 anos de exist�ncia tem prestado bons servi�os � sociedade e contribu�do para o avan�o da ci�ncia".

"Desejamos ao novo diretor uma prof�cua e exitosa gest�o, baseada no compromisso maior com a ci�ncia e o conhecimento, no di�logo com a comunidade interna, defendendo o Inpe quando este for atacado e n�o se curvando aos s�ndicos de ocasi�o e �queles que desconhecem a hist�ria desta institui��o e o seu comprometimento com o Brasil", afirmou o SindCT na nota.


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