A despeito das regras de distanciamento social para evitar a transmiss�o do novo coronav�rus, candidatos de pequenas cidades do interior de Minas Gerais ainda apostam no tradicional corpo a corpo, como visitas aos eleitores, para conquistar votos. Eles at� admitem que v�o usar as redes sociais e os programas de r�dio para, assim, evitar aglomera��es, mas n�o escondem que o velho modelo de fazer campanha � o preferido. O Estado de Minas conversou com candidatos de algumas cidades para saber como eles v�o resolver essa dif�cil 'equa��o', tendo de conquistar a dist�ncia o voto de um eleitor t�o pr�ximo.
Cientistas pol�ticos ouvidos pelo EM destacam a import�ncia das redes sociais na disputa nas cidades do interior do pa�s, mas acreditam que os candidatos n�o v�o abrir m�o do tradicional corpo a corpo com o eleitor. O cientista pol�tico e professor da UFMG Felipe Nunes diz que atos presenciais continuar�o mantidos, mas em menor frequ�ncia e com os devidos cuidados. “Vai ser muito dif�cil substituir a tradicional caminhada, a distribui��o de materiais e as reuni�es em casa. Esse tipo de campanha, em ambientes controlados, na minha avalia��o, vai continuar e ser� intensificado”, afirma.
Nunes destaca que, provavelmente, n�o ser�o mais realizados os com�cios e eventos de grandes aglomera��es. Na vis�o do especiallista, as carreatas, em que os participantes ficam distribu�dos entre os ve�culos, s�o eventos fact�veis de ocorrer.
Para Murilo Medeiros, cientista pol�tico pela Universidade de Bras�lia (UnB), independentemente do corpo a corpo com o eleitorado, as redes sociais devem ser palco de intensas batalhas entre os postulantes �s prefeituras e �s c�maras municipais. “Provavelmente, teremos um cen�rio de guerra digital nas cidades do interior, com uma campanha individualizada e personificada nas caracter�sticas de cada candidato, visto que o debate nacional n�o influencia tanto as disputas no interior”, observa.
Al�m das lives para conquistar votos, os candidatos de munic�pios do Centro-Oeste de Minas apostam no contato direto com eleitor. Em Itapecerica e S�o Sebasti�o do Oeste, os tradicionais com�cios, carreatas, presen�a de cabos eleitorais nas ruas com faixas, distribui��o de santinhos e qualquer evento que gere aglomera��o est�o proibidos pela Justi�a Eleitoral. “Fizemos a live da abertura da campanha, que teve participa��o muito boa. Mas � dif�cil com pandemia fazer campanha. As pessoas querem a nossa presen�a nas casas e n�o temos o alcance da televis�o”, diz o prefeito de Itapecerica, Wirley Reis (Podemos), o T�ko, candidato � reelei��o.
Zona Rural
A estrat�gia de manter visitas a eleitores com regras sanit�rias � adotada pela vereadora e candidata a prefeita de S�o Sebasti�o do Oeste Sirleia Moreira (PT). “No interior, existe muito corpo a corpo, estamos fazendo com m�scaras para n�o entrar nas resid�ncias. Ser�o visitas r�pidas. N�o tem como n�o faz�-las, mas com todos os cuidados”, destacou.
Sem redes sociais, o candidato a vereador Jo�o Prata (PTC), de S�o Sebasti�o do Oeste, tamb�m vai investir nas visitas. Para evitar aglomera��o, a ideia � contatar l�deres, principalmente, na zona rural. Em Carmo do Cajuru, os candidatos devem apostar no contato com medidas restritivas. “Para visitar fica complicado, ent�o devemos, primeiro, fazer o contato por WhatsApp, telefone, agendar e a�, ent�o, visitar”, diz o candidato a vereador Marcelo Eletricista (Cidadania).
*Amanda Quintiliano, especial para o EM
Visita com m�scara
Diante da proibi��o de eventos que provoquem aglomera��o, a solu��o � visita de casa em casa, na zona rural e na cidade, para tentar conquistar votos. Essa � a estrat�gia dos tr�s candidatos a prefeito em Glaucil�ndia, munic�pio de 3.595 habitantes, no Norte de Minas: Marcelo Brant (PDT), Herivelto Alves Luiz (PSD) e Arnaldo Mendes Teixeira (PT). “Com a pandemia, temos uma situa��o nova do distanciamento social, por�m, na cidade pequena, o que vale mais � o corpo a corpo. A rede social n�o chega a todo mundo”, afirma o produtor rural Marcelo Brant, ex-prefeito por tr�s mandatos e em busca de mais um. “Visito as pessoas, mas com m�scara e mantendo distanciamento”, diz.
A reportagem acompanhou Marcelo Brant em visita � casa do agricultor Valdeir Gon�alves, de 45 anos, na localidade de Lagoa do Boi, na zona rural. Na chegada � casa, em vez do antigo aperto de m�os, com ambos usando m�scaras, candidato e eleitor se cumprimentaram apenas com um leve toque de punhos fechados. Valdeir disse que tem evitado sair de casa, com o receio de contamina��o. “No in�cio, o povo estava assombrado por causa dessa doen�a. Agora, a gente est� mais acostumado com a situa��o”, afirma o produtor rural.
O vice-prefeito de Glaucil�ndia e servidor p�blico Herivelto Alves Luiz, candidato a prefeito com o apoio do chefe do Executivo, Geraldo Martins de Freitas (MDB), afirma que usa as redes sociais para divulgar suas propostas. “Mas, numa cidade como Glaucil�ndia, o candidato tem que visitar as pessoas”, afirma. Ele disse que visita, em m�dia, cinco casas por dia, na �rea urbana e na zona rural. “Uso m�scara e �lcool em gel. Sempre ando sozinho para evitar aglomera��es”, afirma Herivelto.
Ele diz que � recebido tranquilamente pela maioria dos eleitores. “Mas, por causa da pandemia, existem pessoas ainda apreensivas que n�o aceitam as visitas”, ressalta. A reportagem acompanhou a visita de Herivelto � casa do aposentado Antonio Pinheiro. “No passado, a campanha pol�tica era mais movimentada. Neste ano, est� menor”, compara o aposentado, acrescentando que, por ser do grupo de risco, desde o come�o da pandemia evita sair de casa.
Outro concorrente � Prefeitura de Glaucil�ndia, o empres�rio Arnaldo Mendes Teixeira (PT), afirma que usa as redes sociais para divulgar sua campanha. Mas n�o abre m�o do corpo a corpo. “Em lugar pequeno, tem aquela condi��o de todo mundo conhecer todo mundo. As pessoas sempre querem ver o candidato de perto”, diz. Ele disse que faz as visitas domiciliares com os devidos cuidados para evitar a propaga��o do coronav�rus. “Sempre uso m�scara e, antes de cada visita, uso o �lcool em gel”, explica. A reportagem acompanhou Arnaldo em visita ao pedreiro Maicon Jonas Ferreira. Maicon n�o quis emitir opini�o sobre a campanha, apenas confirmou que no dia da elei��o vai sair de casa para votar.
Em Carm�polis de Minas, no Centro-Oeste do estado, os candidatos sempre fizeram campanha de porta a porta e os com�cios, quase di�rios, eram estrat�gicos para entusiasmar a milit�ncia, servindo tamb�m de term�metro para os eleitores indecisos. Por causa da pandemia, os candidatos a prefeito e vereador dizem que v�o priorizar lives, v�deos, postagens e mensagens nas redes sociais. Mas n�o v�o esquecer o contato direto com os 14.053 eleitores. O coordenador de campanha de uma das coliga��es majorit�rias, Ledson Morais, conta que os candidatos a prefeito e vice que assessora optaram por caminhadas, mas mantendo distanciamento dos eleitores.
Santinhos em ‘quarentena’ de 48 horas
A campanha eleitoral em Martinho Campos, cidade de cerca de 15 mil habitantes do Centro-Oeste de Minas, vai mesclar redes sociais e o contato direto com os eleitores, mesmo com as restri��es de sa�de devido � pandemia de COVID-19. O prefeito Jos� Hailton de Freitas (MDB), candidato � reelei��o, diz que, al�m da campanha virtual, distribuir� santinhos, adesivos e tamb�m far� corpo a corpo com os eleitores. “Vamos sempre respeitar as normas da Secretaria Municipal de Sa�de, evitar grandes aglomera��es; n�o teremos o tradicional comit� nem utilizaremos carros de som; faremos visitas de porta em porta com duas pessoas apenas e visitas a pequenos grupos de maior refer�ncia na cidade”, detalha.
A estrat�gia tamb�m ser� adotada pelos outros dois concorrentes, Dulcelino Jos� Corgozinho (PSD) e Wilson Correa Alves Afonso de Carvalho (Avante). Ambos est�o cientes das mudan�as publicadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em raz�o das restri��es causadas pela pandemia do novo coronav�rus. Com�cios e carreatas est�o autorizados das 8h �s 23h59. “Ainda n�o definimos se faremos e como faremos os com�cios, pois precisamos de um esclarecimento mai- or sobre o que estabelece a legisla��o eleitoral do munic�pio. Dessa forma, acreditamos que as redes sociais ser�o muito importantes neste per�odo”, afirmou Corgozinho.
J� Wilson Correa (Avante) afirmou ao EM que sua equipe tamb�m far� a distribui��o de adesivos e materiais gr�ficos nas ruas, al�m da campanha nas redes sociais. “Todas as vezes que recebermos algum material da gr�fica, o deixaremos em espa�o adequado por 48 horas antes de manuse�-lo. Ap�s esse per�odo, as pessoas que o forem manusear adotar�o protocolos de seguran�a, como o uso de m�scaras e a higieniza��o constante das m�os”, reitera.
Caminhadas
Em Carm�polis de Minas, no Centro-Oeste do estado, os candidatos sempre fizeram campanha de porta a porta e os com�cios, quase di�rios, eram estrat�gicos para entusiasmar a milit�ncia, servindo tamb�m de term�metro para os eleitores indecisos. Por causa da pandemia, os candidatos a prefeito e vereador dizem que v�o priorizar lives, v�deos, postagens e mensagens nas redes sociais. Mas n�o v�o esquecer o contato direto com os 14.053 eleitores. O coordenador de campanha de uma das coliga��es majorit�rias, Ledson Morais, conta que os candidatos a prefeito e vice que assessora optaram por caminhadas, mas mantendo distanciamento dos eleitores.
“Os pr�prios correligion�rios e militantes nos cobram atos presenciais para demonstrar apoio abertamente. Mesmo com o coronav�rus, sentimos que os eleitores, principalmente os da zona rural, querem oportunidade para encontrar e conversar com os candidatos”, afirma Morais. Os com�cios ainda n�o est�o na agenda das campanhas. Mas as carreatas devem ocorrer.
Candidatos a vereador apostam em visitas a familiares e amigos pr�ximos para reunir apoio e garantir os votos a uma das 11 vagas na C�mara Municipal. Eles alegam que os santinhos s�o necess�rios porque parte da popula��o n�o tem acesso �s redes sociais e a cobran�a do material em papel vem dos pr�prios eleitores. A propaganda gratuita na esta��o de r�dio local come�a nesta sexta-feira e tamb�m � considerada fundamental pelos candidatos para alcan�ar os eleitores que est�o em isolamento social.
*Estagi�rios sob supervis�o do subeditor Paulo Nogueira