Daniela Reinehr assume governo em SC prometendo realinhamento com Bolsonaro

A governadora interina de Santa Catarina, Daniela Reinehr (sem partido), anunciou nesta ter�a-feira, 27, que deve realinhar a gest�o do Estado ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Na sua primeira manifesta��o no cargo, afirmou que far� revis�o dos decretos sobre a pandemia e que vai focar na retomada econ�mica. "Minha fala sempre foi de preven��o, de cuidado, mas sem prejudicar o setor econ�mico", disse. "Nunca fui a favor da generaliza��o do fecha tudo. Eu acredito que precisamos cuidar dos doentes de acordo com o quadro cl�nico de cada um."

A primeira mudan�a no governo foi a nomea��o do general da reserva Ricardo Miranda Aversa para comandar a Casa Civil. Aversa foi comandante da 14� Brigada de Infantaria Motorizada do Ex�rcito, em Florian�polis, onde ficou at� janeiro deste ano.

Daniela assumiu o governo nesta ter�a ap�s o Tribunal Especial de Julgamento afastar o governador Carlos Mois�s (PSL) por at� 180 dias enquanto ele responde por crime de responsabilidade no caso do reajuste salarial dos procuradores do Estado. Daniela tamb�m estava arrolada no mesmo processo, mas acabou absolvida.

Considerada embaixadora do Alian�a Pelo Brasil em Santa Catarina - partido que seria criado para abrigar a dissid�ncia bolsonarista do PSL -, Daniela disse que vai buscar recursos em Bras�lia e resgatar "a credibilidade" do Estado, prometendo que "mudan�as essenciais ir�o ocorrer".

Questionada sobre o alinhamento com o governo federal, ela disse que como governadora ter� mais acesso. "Essa aproxima��o com governo federal � extremamente importante, como vice-governadora eu sempre fui muito bem recebida em Bras�lia, as minhas pautas sempre foram atendidas", afirmou. "Diante da minha lealdade tamb�m ao projeto que nos elegeu, agora, com certeza, na condi��o de governadora, vou ter ainda mais acesso e eu j� pedi para fazer o levantamento de todas as possibilidades que a gente tem de conseguir buscar recursos no governo federal para beneficiar Santa Catarina."

Ao comentar o julgamento do relat�rio preliminar do impeachment que a absolveu, e que tamb�m evitou seu afastamento tempor�rio, Daniela disse que "foi feita Justi�a" e que o processo pretendia julg�-la por "atos de terceiros".

"A gente passou por uma instabilidade pol�tica muito grande que tirou, de certa forma, a estabilidade institucional e econ�mica", afirmou.

Daniela foi absolvida pelo voto do deputado Sargento Lima (PSL), que manteve posi��o pelo afastamento de Mois�s, mas n�o teve o mesmo entendimento no voto para Daniela.

Revisionismo

A vice-governadora tamb�m foi questionada a se posicionar se concorda com as teorias pregadas por seu pai, conhecido professor de hist�ria revisionista e que nega a exist�ncia do holocausto judeu. "Acabei de ser julgada por atos de terceiros e fui absolvida. Eu n�o posso responder ou ser julgada e condenada por aquilo que esse ou aquele pense", afirmou Daniela Reinehr.

No in�cio da cerim�nia, ela agradeceu � fam�lia, que voltou a ser citada na resposta sobre as teorias revisionistas. "Existe uma convic��o que move a mim e acredito que a todos os senhores que se chama fam�lia. Me cabe como filha manter a rela��o familiar em harmonia, independente das diferen�as de pensamento, indiferente das defesas; eu sou uma pessoa como todos voc�s, que tem problemas, que tem diferen�as no meio familiar. Eu realmente espero que os atos sejam apartados como foram pela comiss�o mista (de impeachment). Eu n�o quero ser arrastada por atos de terceiros, por convic��es de terceiros".

A governadora encerrou falando que suas convic��es est�o publicadas em suas redes sociais, sem responder de forma objetiva seu posicionamento sobre o tema.

Advogada, ex-policial militar e produtora rural

Daniela Reinehr � advogada, tem 43 anos e m�e de dois filhos. � ex-policial militar e produtora rural. Na campanha de 2018 foi eleita com Carlos Mois�s em torno da campanha do presidente Jair Bolsonaro.

Ao longo da gest�o manteve sua fidelidade ao presidente e deixou o PSL logo ap�s Bolsonaro sair da legenda, em 2019, para se tornar uma das incentivadoras do novo partido Alian�a Pelo Brasil em Santa Catarina.

Com isso, tamb�m se distanciou do governador Carlos Mois�s, que comprou brigas caras a seu governo com a ala ligada ao presidente, como a tentativa de taxar agrot�xicos e de adotar pol�ticas mais restritivas na pandemia.

Desde o in�cio do ano, Daniela esteve praticamente isolada das decis�es da gest�o do Estado, sem voz. Em diversos momentos usou as redes sociais para criticar a gest�o Mois�s, principalmente sobre as decis�es relacionadas a pandemia. Durante o processo de impeachment, os dois ensaiaram uma reaproxima��o, mas o movimento n�o foi bem visto pela base apoiadora do governo federal na Assembleia Legislativa.