O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, informou a interlocutores que j� identificou o ex-assessor que supostamente teria usado o seu perfil no Twitter para ofender o presidente da C�mara, Rodrigo Maia. Salles quer tratar o caso como "assunto encerrado". O nome do respons�vel, no entanto, n�o foi divulgado. A vers�o de Salles, de que sua conta na rede social foi "utilizada indevidamente", � vista com desconfian�a dentro do governo e causa constrangimento no entorno do ministro.
Nesta quinta, 29, pela manh�, segundo relatos ao Estad�o, Salles disse que havia pedido que Ag�ncia Brasileira de Investiga��o (Abin) para apurar a suposta invas�o. Procurada pela reportagem, a Abin n�o se manifestou. � tarde, o ministro deu uma nova explica��o a interlocutores, afirmando que um ex-assessor admitiu ter se equivocado e publicado a ofensa a Maia no perfil de Salles, em vez de usar a conta pessoal dele.
O chefe do Meio Ambiente justificou que diversas pessoas tinham seu login e senha de seu perfil pessoal, por causa da campanha eleitoral de 2018, quando concorreu a deputado federal pelo partido Novo, em S�o Paulo. Agora, sem identificar o suposto respons�vel, o ministro passou a tratar o epis�dio como "assunto encerrado" e abriu m�o de pedir uma investiga��o.
Na noite de quarta, uma publica��o do perfil de Salles em resposta a Maia chamava o deputado de "Nh�nho". O apelido � utilizado de forma pejorativa pelos bolsonaristas contra o presidente da C�mara, em refer�ncia ao personagem da s�rie mexicana "Chaves". Nh�nho, interpretado pelo ator �dgar Vivar, � um menino gordo e apontado como uma "pessoa tonta".
Em pouco tempo, a ofensa a Salles se tornou um dos assuntos mais comentados do Twitter. Diante da repercuss�o pol�tica, o ministro postou, por volta das 6h30 desta quinta-feira, outro coment�rio na rede social: "Fui avisado h� pouco que algu�m se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar coment�rio junto a conta do Presidente da C�mara dos Deputados, com quem, apesar de diferen�as de opini�o sempre mantive rela��o cordial".
Em seguida, a conta na rede social saiu do ar. O ministro, ent�o, alegou que suspendeu o perfil por um "procedimento de seguran�a", segundo relatos � reportagem. Qualquer usu�rio do Twitter pode solicitar um relat�rio com hist�rico de acessos, o que indica, inclusive, os lugares onde a pessoa estava enquanto usava o aplicativo, al�m do IP do dispositivo, ou seja, seu registro.
O chefe do Meio Ambiente est� em viagem oficial ao arquip�lago de Fernando de Noronha (PE), acompanhado do ministro do Turismo, Marcelo �lvaro Antonio. Tamb�m participam da comitiva o presidente da Embratur, Gilson Machado, e o secret�rio especial da Pesca, Jorge Seif Junior. Salles prometeu que s� deve voltar ao Twitter na pr�xima semana, quando retornar � Bras�lia.
Descr�dito. A vers�o de Salles de que teve a conta invadida n�o foi comprada por integrantes do governo. Colegas de Executivo, em conversas reservadas com o Estad�o, afirmam acreditar que a ofensa a Maia partiu do ministro ou de algu�m de sua equipe.
Apesar disso, ministros que t�m boa rela��o com Salles argumentam que o presidente da C�mara exagerou no tom, ao criticar o chefe do Meio Ambiente. No dia 24, Maia escreveu: "Ricardo Salles, n�o satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o pr�prio governo".
J� cr�ticos de Salles aproveitaram o epis�dio no Twitter para refor�ar internamente a defesa de que o ministro do Meio Ambiente deve deixar o governo. Refor�aram ainda que ele tem se aproximado do ala ideol�gica e ocupado o lugar do ex-ministro da Educa��o, Abraham Weintraub.
A suposta rea��o a Maia, entretanto, n�o incomodou o presidente Jair Bolsonaro, que pediu � equipe, em reuni�o ministerial, que n�o "lavasse roupa suja" em p�blico para evitar desgaste ao governo. Segundo interlocutores do Planalto, o recado do presidente foi para parar brigas entre ministros.
Maia � presidente da C�mara, tem um hist�rico de atritos com Bolsonaro e � alvo frequente da ala ideol�gica e milit�ncia bolsonarista. O presidente da C�mara n�o comentou o epis�dio, mas disse a interlocutores n�o acreditar na hist�ria de que a conta foi usada por outra pessoa.
A ofensa de Salles a Maia ocorreu na sequ�ncia de atritos na Esplanada, que se tornaram p�blicos na quinta-feira, 22. Tamb�m no Twitter, Salles chamou o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de "Maria Fofoca".
O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava "esticando a corda" com militares do governo. O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, al�m disso, atribuiu ao colega uma a��o para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econ�mica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate �s queimadas.
No �ltimo domingo, 25, em mensagem tamb�m publicada nas redes sociais, Salles pediu "desculpas pelo excesso" ao chamar Ramos de "Maria Fofoca". O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que "uma boa conversa apazigua as diferen�as".
Apesar da tr�gua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as diverg�ncias entre a ala ideol�gica, que apoia Salles, e o n�cleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general tamb�m ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do l�der do governo na C�mara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).
POL�TICA